Para
este ano de 2016 gostaríamos de apresentar algumas sugestões a serem vistas –
olhadas, observadas, consideradas e compreendidas – com um olhar de
misericórdia.
Ora, como
aquilo que desejamos para o futuro tem, necessariamente, raízes no passado, não
deixaremos de perspetivar o ano de 2016 com as experiências – possíveis,
desejáveis e reais – do tempo mais recente.
= Servir a verdade
Ao longo
deste ano teremos, em Portugal e no estrangeiro, momentos desportivos e políticos
de grande importância – jogos olímpicos, eleições (para já) presidenciais,
campeonato europeu de futebol – e só na verdade de todos e em tudo poderemos
viver alguma paz social… Quem quiser transgredir poderá pagar a fatura do azar.
Será
quando tivermos um olhar de misericórdia sobre estes e outros acontecimentos
que poderemos construir uma sociedade onde se vá desamarrando o medo, a
mentira, a desconfiança e a conflitualidade.
= Promover a participação
Contrapondo
ao desinteresse de muitos dos nossos concidadãos pelas coisas do âmbito público
(e até privado), urge educar para que possa haver uma participação esclarecida
e comprometida nas ações de todos. Não podemos continuar a meter na mesma
situação quem participa, por exemplo votando nas eleições e quem, abstendo-se,
se arvora em contestatário das soluções, mas faltoso nas horas de decisão!...
Será
quando nos dermos ao trabalho de fazer parte da resolução dos problemas que
poderemos ter razão e poderemos ainda olhar com misericórdia as questões humanas
e sociais…ao perto e ao longe dos nossos interesses.
= Incentivar a (nossa) desinstalação
Mais do
que nunca vemos pessoas colocarem-se no centro do (seu) mundo, fazendo gravitar
os outros em redor das suas mesquinhezes…razoáveis e talvez legítimas. Como
(quase) tudo nos vem ter à mão, vamos criando uma condição de instalação e de
obesidade mental e emocional. Com efeito, falta-nos, cada vez mais, a
capacidade de nos colocar no lugar-do-outro, vivendo quase numa atitude egoísta
e auto-idolátrica.
Será quando
nos colocarmos desinstalados e irmanados com as dificuldades dos outros que
poderemos ter um olhar de misericórdia para com eles, deixando o nosso pedestal
de boas pessoas…mais ou menos religiosas ou, sei lá, pretensamente, cristãs,
mas razoavelmente egocêntricas…de facto.
= Combater (ativamente) a
indiferença
Fechados
no nosso mundo – muitas vezes feito de defesas e reduzido a pequenos clichés
repetitivos – vamo-nos enclausurando e tornando indiferentes aos outros. Como
nos dizia o Papa Francisco no tema do dia mundial da paz deste ano: vence a
indiferença e conquista a paz!
Temos,
urgentemente, de abrir os olhos para sermos capazes de ver os outros com
misericórdia, traduzindo-a em sinais simples, sinceros e significativos de que
não vemos nos outros adversários ou inimigos, mas antes companheiros de
caminhada, feita de aprendizagem com os nossos erros e os dos outros, subindo e
amadurecendo através dos problemas e não ficando tropeçados neles e nas
dificuldades…
= Acolher e partilhar perdão
Num tempo
e num mundo onde a vingança ganha o prémio ao perdão, precisamos de fazer
reverter as nossas feridas – dos outros em nós e de nós nos outros – em
oportunidades de acolher e de partilhar o perdão dado e recebido…Isto será uma
outra forma de dizer e de praticar a misericórdia, nascida da experiência de
Deus em nós e da nossa vivência de uns para com os outros: olhando-os,
aceitando-os, sorrindo-lhes, abraçando-os e fazendo de cada etapa um degrau de
crescimento no nosso dia-a-dia em 2016!
António Sílvio Couto
(antonioscoutosilva@gmail.com)
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