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sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Com olhar de misericórdia…em 2016


Para este ano de 2016 gostaríamos de apresentar algumas sugestões a serem vistas – olhadas, observadas, consideradas e compreendidas – com um olhar de misericórdia.
Ora, como aquilo que desejamos para o futuro tem, necessariamente, raízes no passado, não deixaremos de perspetivar o ano de 2016 com as experiências – possíveis, desejáveis e reais – do tempo mais recente.

= Servir a verdade
Ao longo deste ano teremos, em Portugal e no estrangeiro, momentos desportivos e políticos de grande importância – jogos olímpicos, eleições (para já) presidenciais, campeonato europeu de futebol – e só na verdade de todos e em tudo poderemos viver alguma paz social… Quem quiser transgredir poderá pagar a fatura do azar.
Será quando tivermos um olhar de misericórdia sobre estes e outros acontecimentos que poderemos construir uma sociedade onde se vá desamarrando o medo, a mentira, a desconfiança e a conflitualidade.

= Promover a participação
Contrapondo ao desinteresse de muitos dos nossos concidadãos pelas coisas do âmbito público (e até privado), urge educar para que possa haver uma participação esclarecida e comprometida nas ações de todos. Não podemos continuar a meter na mesma situação quem participa, por exemplo votando nas eleições e quem, abstendo-se, se arvora em contestatário das soluções, mas faltoso nas horas de decisão!...
Será quando nos dermos ao trabalho de fazer parte da resolução dos problemas que poderemos ter razão e poderemos ainda olhar com misericórdia as questões humanas e sociais…ao perto e ao longe dos nossos interesses.

= Incentivar a (nossa) desinstalação
Mais do que nunca vemos pessoas colocarem-se no centro do (seu) mundo, fazendo gravitar os outros em redor das suas mesquinhezes…razoáveis e talvez legítimas. Como (quase) tudo nos vem ter à mão, vamos criando uma condição de instalação e de obesidade mental e emocional. Com efeito, falta-nos, cada vez mais, a capacidade de nos colocar no lugar-do-outro, vivendo quase numa atitude egoísta e auto-idolátrica.
Será quando nos colocarmos desinstalados e irmanados com as dificuldades dos outros que poderemos ter um olhar de misericórdia para com eles, deixando o nosso pedestal de boas pessoas…mais ou menos religiosas ou, sei lá, pretensamente, cristãs, mas razoavelmente egocêntricas…de facto.

= Combater (ativamente) a indiferença
Fechados no nosso mundo – muitas vezes feito de defesas e reduzido a pequenos clichés repetitivos – vamo-nos enclausurando e tornando indiferentes aos outros. Como nos dizia o Papa Francisco no tema do dia mundial da paz deste ano: vence a indiferença e conquista a paz!
Temos, urgentemente, de abrir os olhos para sermos capazes de ver os outros com misericórdia, traduzindo-a em sinais simples, sinceros e significativos de que não vemos nos outros adversários ou inimigos, mas antes companheiros de caminhada, feita de aprendizagem com os nossos erros e os dos outros, subindo e amadurecendo através dos problemas e não ficando tropeçados neles e nas dificuldades…

= Acolher e partilhar perdão
Num tempo e num mundo onde a vingança ganha o prémio ao perdão, precisamos de fazer reverter as nossas feridas – dos outros em nós e de nós nos outros – em oportunidades de acolher e de partilhar o perdão dado e recebido…Isto será uma outra forma de dizer e de praticar a misericórdia, nascida da experiência de Deus em nós e da nossa vivência de uns para com os outros: olhando-os, aceitando-os, sorrindo-lhes, abraçando-os e fazendo de cada etapa um degrau de crescimento no nosso dia-a-dia em 2016! 
  
 António Sílvio Couto

(antonioscoutosilva@gmail.com)

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