Desde
2000 que a forma de avaliar os alunos do ensino básico – até ao 9.º ano de
escolaridade – mudou mais de vinte vezes.
Perante
esta constatação, o Conselho Nacional de Educação considera que se devem manter
os exames finais de 6.º e 9.º anos de escolaridade. Segundo o responsável deste
conselho: ‘um sistema de avaliação precisa de estabilidade para que seja
previsível e de credibilidade para que haja confiança’.
Dizem
que o atual responsável da pasta da educação conseguiu, em cerca de quarenta
dias, desfazer o que tinha feito (mal ou bem) o anterior titular em quatro
anos… e ainda nem começou a governar, a sério!
De
facto, a área da educação precisa de maior estabilidade e de rumo, pois não
será com tantas mudanças – algumas delas para atender a favores de lóbis
educativos e/ou ideológicos e outras num experiencialismo desfasado nas metas –
que, quem paga as custas e as consequências, são os ‘pobres’ alunos, que se vão
tornando numa espécie de cobaias de pretensões mais ou menos subterrâneas…ou
não.
= Perante
certas atitudes da ‘nova maioria de esquerda’ vão-me surgindo questões que ouso
colocar… mais como preocupação do que como hipotética acusação:
- Ao ver
essa compulsiva e amofinada relutância para com a avaliação – exame, aferição…
ou tendo lá o que seja de preconceituoso – parece denotar-se alguma experiência
mal gerida ou algum complexo de inferioridade menos bem resolvido, por parte de
quem tão acirradamente combate o ter de prestar contas da sua inteligência/aprendizagem
e capacidade de ser submetido a juízo… perante outros. Será que todos têm de
ser tratados pelo nivelamento rasteiro e de incapacidade de gestão daquilo que
sabe? Não será facilitando em questões tão mínimas que daremos ferramentas
capazes para vencerem na vida…
- Há
situações que falam mais pelo que denunciam do que por aquilo que são relatadas
e/ou verbalizadas. Sem desconfiar da validade dos cursos e das suas
creditações, sente-se que certos mentores da anti-avaliação tentam esconder o
que semearam em filhos e educandos. Será preciso menorizar os vindouros para
glorificar os antecessores? Até onde irá essa volatilidade de formação, se quem
legisla, se faz protecionista e adulador desse regime de qualificação sem
competência?
- Para
quem iniciou o seu processo formativo escolar aos seis anos (1965) e o viveu
intensivamente até aos vinte e quatro (1983) – com posteriores momentos de
aquisição de competências em pelo menos mais quatro anos…à mistura com a
necessidade de estar em contínua formação geral e específica – tendo sido
submetido a dezenas de exames e de provas (orais e escritas), bem como a apreciações
e julgamentos bem exigentes, soa a brincadeira – para não usar outro termo
menos bem-educado – que se tente nivelar pela mediocridade tantos dos nossos
adolescentes e jovens. Será que vamos ter de aguentar as provocações destes
néscios a pretenderem conduzir os destinos deste país, ficando calados? Teremos
de continuar a fingir que certos graus de ensino não passam de farsa e de
graduação de incompetência? Por que razão teremos de ser conduzidos pelos que
menos valem, afugentando, assim, o mérito e a competência?
= Deixo
a terminar uma já conhecida estória:
Um pai,
querendo ajudar o filho a descobrir e distinguir os sons, saiu, de manhã cedo,
para o campo… querendo que o filho descobrisse os variados sons e o seu
significado.
Depois
de ouvirem o chilrear dos pássaros e a diferença de uns e de outros, o ruído
das águas em cascata, eis que surge um som mais forte, lá ao longe no sopé do
monte. O pai alertou o filho e perguntou: Que barulho é aquele? Ao que o filhos
respondeu: parece o barulho duma carroça…Sim, disse o pai, é duma carroça… e
está vazia… Porque dizes que está vazia, disse o filho. É que as carroças
vazias, retorquiu o pai, fazem mais barulho do que aquelas que estão cheias!
= Todo o
ruído (passado e atual) no campo da educação não será a de carroça vazia ou de
vazios na carroça?
António Sílvio Couto
(antonioscoutosilva@gmail.com)
Contei oralmente a estória ao meu filho,não percebeu mesmo . Depois tive que lhe chamar a atenção acerca do peso . Reflectiu e respondeu bem de que bate mais no chão e é oco em tudo.
ResponderEliminarMoral da história: a escola pública não sei incentiva as crianças a pensarem. É tudo a correr para cumprir metas curriculares com fraca capacidade de leitura portuguesa impedindo as crianças de se desenvolverem a seu tempo.
Achava mal o facto de fazerem os exames do 4o ano porque encurtam muito o calendário do terceiro período.
Eu tive ensino regular de manha e ensino especial sempre a trabalhar na leitura e da fala...