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sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Vinte mudanças em 16 anos…


Desde 2000 que a forma de avaliar os alunos do ensino básico – até ao 9.º ano de escolaridade – mudou mais de vinte vezes.

Perante esta constatação, o Conselho Nacional de Educação considera que se devem manter os exames finais de 6.º e 9.º anos de escolaridade. Segundo o responsável deste conselho: ‘um sistema de avaliação precisa de estabilidade para que seja previsível e de credibilidade para que haja confiança’.

Dizem que o atual responsável da pasta da educação conseguiu, em cerca de quarenta dias, desfazer o que tinha feito (mal ou bem) o anterior titular em quatro anos… e ainda nem começou a governar, a sério!

De facto, a área da educação precisa de maior estabilidade e de rumo, pois não será com tantas mudanças – algumas delas para atender a favores de lóbis educativos e/ou ideológicos e outras num experiencialismo desfasado nas metas – que, quem paga as custas e as consequências, são os ‘pobres’ alunos, que se vão tornando numa espécie de cobaias de pretensões mais ou menos subterrâneas…ou não.

= Perante certas atitudes da ‘nova maioria de esquerda’ vão-me surgindo questões que ouso colocar… mais como preocupação do que como hipotética acusação:

- Ao ver essa compulsiva e amofinada relutância para com a avaliação – exame, aferição… ou tendo lá o que seja de preconceituoso – parece denotar-se alguma experiência mal gerida ou algum complexo de inferioridade menos bem resolvido, por parte de quem tão acirradamente combate o ter de prestar contas da sua inteligência/aprendizagem e capacidade de ser submetido a juízo… perante outros. Será que todos têm de ser tratados pelo nivelamento rasteiro e de incapacidade de gestão daquilo que sabe? Não será facilitando em questões tão mínimas que daremos ferramentas capazes para vencerem na vida…

- Há situações que falam mais pelo que denunciam do que por aquilo que são relatadas e/ou verbalizadas. Sem desconfiar da validade dos cursos e das suas creditações, sente-se que certos mentores da anti-avaliação tentam esconder o que semearam em filhos e educandos. Será preciso menorizar os vindouros para glorificar os antecessores? Até onde irá essa volatilidade de formação, se quem legisla, se faz protecionista e adulador desse regime de qualificação sem competência?

- Para quem iniciou o seu processo formativo escolar aos seis anos (1965) e o viveu intensivamente até aos vinte e quatro (1983) – com posteriores momentos de aquisição de competências em pelo menos mais quatro anos…à mistura com a necessidade de estar em contínua formação geral e específica – tendo sido submetido a dezenas de exames e de provas (orais e escritas), bem como a apreciações e julgamentos bem exigentes, soa a brincadeira – para não usar outro termo menos bem-educado – que se tente nivelar pela mediocridade tantos dos nossos adolescentes e jovens. Será que vamos ter de aguentar as provocações destes néscios a pretenderem conduzir os destinos deste país, ficando calados? Teremos de continuar a fingir que certos graus de ensino não passam de farsa e de graduação de incompetência? Por que razão teremos de ser conduzidos pelos que menos valem, afugentando, assim, o mérito e a competência?

= Deixo a terminar uma já conhecida estória:

Um pai, querendo ajudar o filho a descobrir e distinguir os sons, saiu, de manhã cedo, para o campo… querendo que o filho descobrisse os variados sons e o seu significado.

Depois de ouvirem o chilrear dos pássaros e a diferença de uns e de outros, o ruído das águas em cascata, eis que surge um som mais forte, lá ao longe no sopé do monte. O pai alertou o filho e perguntou: Que barulho é aquele? Ao que o filhos respondeu: parece o barulho duma carroça…Sim, disse o pai, é duma carroça… e está vazia… Porque dizes que está vazia, disse o filho. É que as carroças vazias, retorquiu o pai, fazem mais barulho do que aquelas que estão cheias!

= Todo o ruído (passado e atual) no campo da educação não será a de carroça vazia ou de vazios na carroça?          

 

António Sílvio Couto

(antonioscoutosilva@gmail.com)

1 comentário:

  1. Contei oralmente a estória ao meu filho,não percebeu mesmo . Depois tive que lhe chamar a atenção acerca do peso . Reflectiu e respondeu bem de que bate mais no chão e é oco em tudo.

    Moral da história: a escola pública não sei incentiva as crianças a pensarem. É tudo a correr para cumprir metas curriculares com fraca capacidade de leitura portuguesa impedindo as crianças de se desenvolverem a seu tempo.
    Achava mal o facto de fazerem os exames do 4o ano porque encurtam muito o calendário do terceiro período.
    Eu tive ensino regular de manha e ensino especial sempre a trabalhar na leitura e da fala...

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