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sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

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Raramente acontece que o assunto de um ano seja o mesmo no início e no final…do ano seguinte. A sombra funesta da pandemia – do covid-19 – abriu e está a fechar a ambiência socio-cultural-económica dos nossos dias.
Se em dezembro de 2020 vivíamos sob a apreensão do que viria a verificar-se, em dezembro de 2021 continuamos na ansiedade do que virá ainda. Se naquela data contávamos às centenas os infetados, agora – decorrido um ano – vemos que são aos milhares… Ao tempo estávamos em campanha eleitoral para a presidência da República, agora vemos titubeantes candidatos ao Parlamento a quererem dizer-nos que votemos neles. Apesar da bolha em que nos quisemos fechar – por razões higiene-sanitárias – continuamos a refugiar-nos em ilhas que aprendemos a dissimular…

1. Quando pensávamos que tínhamos evoluído em qualidade humanitária, vemos crescer atitudes e comportamentos cada vez mais egoístas e interesseiros, colocando os fatores individuais à frente da busca comum. Quando percebemos que as pessoas arranjam mais desculpas do que razões para esse fechamento aos outros. Quando, de tantas e tão variadas formas, se acentua mais o que divide do que aquilo que une… Então, temos de considerar que estamos numa crise de civilização, um colapso cultural ou mesmo uma rutura ético/moral…gravíssima.

2. Em muitos destes momentos fomos perdendo a racionalidade, deixando que aflorem mais as razões emocionais e não os motivos de âmbito intelectual. Por vezes até os aspetos afetivo-sentimentais correm o risco de serem ofuscados pelos comportamentos de ocasião. De tantas e tão variadas formas vemos pessoas a pensarem mais como vivem do que a viverem como pensam, nesse hedonismo difuso em muitos dos aspetos da nossa sociedade. Com que subtileza se arranja argumentos para exaltar a ‘minha’ autoestima, mesmo que isso colida com as vivências dos outros.

3. Embora o tema da saúde seja hoje transversal a todas as questões da vida, nunca como agora fomos atingidos no cerne da nossa (pessoal ou coletiva) identidade, da nossa vulnerabilidade e mesmo na fragilização a que estamos expostos. Bastará um sopro de nada ou um espirro de qualquer coisa para nos colocarem em confinamento, sob suspeita de contaminação e, por que não dizê-lo, na marginalização de sermos focos de transmissão da doença…

4. Um ano acaba, outro se avizinha. Queira Deus que possamos aprender com humildade e verdade a sermos sinceros, leais e humanos porque mais cristãos. Assim o desejamos para todos!

Nota
Ao longo deste ano de 2021 contabilizamos 169 textos (artigos) publicados neste blogue. Isto dá mais de um texto de dois em dois dias. Não sei se isto ajudou alguém. A mim fez-me pensar e escrever…quanto ao resto deixo à consideração aquilo que acharem mais adequado. O título está aí: interrogação (?) e admiração (!), reticências (…) para cada qual se acrescentar.

António Sílvio Couto

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