Na mensagem para o 55.º dia mundial da paz, o Papa Francisco traça três linhas-forças para que a paz possa ser feita, vivida e, sobretudo, tornada ação humana: diálogo, educação e trabalho.
Respigamos
alguns excertos da mensagem, colocando pequenas observações de ordem mais
pragmática.
«Quero propor três caminhos para a construção
duma paz duradoura. Primeiro, o diálogo entre as gerações, como base para
a realização de projetos compartilhados. Depois, a educação, como fator de
liberdade, responsabilidade e desenvolvimento. E, por fim, o trabalho,
para uma plena realização da dignidade humana. São três elementos
imprescindíveis para tornar «possível a criação dum pacto social», sem o qual
se revela inconsistente todo o projeto de paz».
«Todo o diálogo sincero, mesmo sem excluir uma justa e positiva
dialética, exige sempre uma confiança de base entre os interlocutores. Devemos
voltar a recuperar esta confiança recíproca. A crise sanitária atual fez
crescer, em todos, o sentido da solidão e o isolar-se em si mesmos.
Dialogar significa ouvir-se um ao outro, confrontar posições, pôr-se de acordo
e caminhar juntos. Favorecer tudo isto entre as gerações significa amanhar o
terreno duro e estéril do conflito e do descarte para nele se cultivar as
sementes duma paz duradoura e compartilhada».
Os jovens com as
suas ousadias tecnológicas precisam da sabedoria dos mais velhos, também eles
já fascinados por tais inovações no seu tempo. A consonância entre os
‘guardiães da memória’ – como se refere o Papa Francisco aos idosos – e os jovens
fará com que avancemos com respeito, serenidade e criatividade.
Precisamos de
saber acolher estes desafios, até pela sabedoria da idade do próprio Papa…
«O investimento na educação seja
acompanhado por um empenho mais consistente na promoção da cultura do cuidado.
Perante a fragmentação da sociedade e a inércia das instituições, esta cultura
do cuidado pode-se tornar a linguagem comum que abate as barreiras e constrói
pontes. (...). É necessário,
portanto, forjar um novo paradigma cultural, através de «um pacto educativo
global para e com as gerações jovens, que empenhe as famílias, as comunidades,
as escolas e universidades, as instituições, as religiões, os governantes, a
humanidade inteira na formação de pessoas maduras». Um pacto que promova a
educação para a ecologia integral, segundo um modelo cultural de paz, desenvolvimento
e sustentabilidade, centrado na fraternidade e na aliança entre os seres
humanos e o meio ambiente».
Perante a
diminuição de investimento na educação – em detrimento das despesas militares e
dos armamentos, em concreto – podemos já perceber algumas das consequências nas
lacunas dos países e das nações. As prioridades têm de ser repostas ou
poderemos entrar em colapso mais depresssa do que julgávamos.
3. Promover e assegurar o trabalho constrói
a paz
«O trabalho é um fator indispensável
para construir e preservar a paz. Aquele constitui expressão da pessoa e dos
seus dotes, mas também compromisso, esforço, colaboração com outros, porque se
trabalha sempre com ou para alguém. Nesta perspetiva acentuadamente social, o
trabalho é o lugar onde aprendemos a dar a nossa contribuição para um mundo
mais habitável e belo».
Na linha de outras
intervenções papais podemos considerer que o trabalho é a base sobre a qual se
há de construir a justiça e a solidariedade em cada comunidade humana, tanto
politica como ecclesial
= Cada
item deste tríptico – diálogo, educação e trabalho – pode e deve funcionar como
atitude de contínua referência à mensagem cristã, atualizada em cada ano pela
partilha, visão e proposta do Papa. Se formos consultar os temas e os desafios
dos Papas – de Paulo VI a Francisco – em cada ano conseguimos captar o que mais
aflija cada época e nos diversos lugares da História. Caminhemos juntos, em
sínodo, nestas três estradas do diálogo, pela educação e no trabalho…
António Sílvio Couto
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