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segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Critérios de paz: diálogo, educação e trabalho

 


Na mensagem para o 55.º dia mundial da paz, o Papa Francisco traça três linhas-forças para que a paz possa ser feita, vivida e, sobretudo, tornada ação humana: diálogo, educação e trabalho.

Respigamos alguns excertos da mensagem, colocando pequenas observações de ordem mais pragmática.

«Quero propor três caminhos para a construção duma paz duradoura. Primeiro, o diálogo entre as gerações, como base para a realização de projetos compartilhados. Depois, a educação, como fator de liberdade, responsabilidade e desenvolvimento. E, por fim, o trabalho, para uma plena realização da dignidade humana. São três elementos imprescindíveis para tornar «possível a criação dum pacto social», sem o qual se revela inconsistente todo o projeto de paz».

 1. Dialogar entre gerações para construir a paz

«Todo o diálogo sincero, mesmo sem excluir uma justa e positiva dialética, exige sempre uma confiança de base entre os interlocutores. Devemos voltar a recuperar esta confiança recíproca. A crise sanitária atual fez crescer, em todos, o sentido da solidão e o isolar-se em si mesmos.
Dialogar significa ouvir-se um ao outro, confrontar posições, pôr-se de acordo e caminhar juntos. Favorecer tudo isto entre as gerações significa amanhar o terreno duro e estéril do conflito e do descarte para nele se cultivar as sementes duma paz duradoura e compartilhada
».  

Os jovens com as suas ousadias tecnológicas precisam da sabedoria dos mais velhos, também eles já fascinados por tais inovações no seu tempo. A consonância entre os ‘guardiães da memória’ – como se refere o Papa Francisco aos idosos – e os jovens fará com que avancemos com respeito, serenidade e criatividade.

Precisamos de saber acolher estes desafios, até pela sabedoria da idade do próprio Papa…

 2. A instrução e a educação como motores da paz

«O investimento na educação seja acompanhado por um empenho mais consistente na promoção da cultura do cuidado. Perante a fragmentação da sociedade e a inércia das instituições, esta cultura do cuidado pode-se tornar a linguagem comum que abate as barreiras e constrói pontes. (...). É necessário, portanto, forjar um novo paradigma cultural, através de «um pacto educativo global para e com as gerações jovens, que empenhe as famílias, as comunidades, as escolas e universidades, as instituições, as religiões, os governantes, a humanidade inteira na formação de pessoas maduras». Um pacto que promova a educação para a ecologia integral, segundo um modelo cultural de paz, desenvolvimento e sustentabilidade, centrado na fraternidade e na aliança entre os seres humanos e o meio ambiente».

Perante a diminuição de investimento na educação – em detrimento das despesas militares e dos armamentos, em concreto – podemos já perceber algumas das consequências nas lacunas dos países e das nações. As prioridades têm de ser repostas ou poderemos entrar em colapso mais depresssa do que julgávamos.  

3. Promover e assegurar o trabalho constrói a paz
«O trabalho é um fator indispensável para construir e preservar a paz. Aquele constitui expressão da pessoa e dos seus dotes, mas também compromisso, esforço, colaboração com outros, porque se trabalha sempre com ou para alguém. Nesta perspetiva acentuadamente social, o trabalho é o lugar onde aprendemos a dar a nossa contribuição para um mundo mais habitável e belo».

Na linha de outras intervenções papais podemos considerer que o trabalho é a base sobre a qual se há de construir a justiça e a solidariedade em cada comunidade humana, tanto politica como ecclesial

= Cada item deste tríptico – diálogo, educação e trabalho – pode e deve funcionar como atitude de contínua referência à mensagem cristã, atualizada em cada ano pela partilha, visão e proposta do Papa. Se formos consultar os temas e os desafios dos Papas – de Paulo VI a Francisco – em cada ano conseguimos captar o que mais aflija cada época e nos diversos lugares da História. Caminhemos juntos, em sínodo, nestas três estradas do diálogo, pela educação e no trabalho…

 

António Sílvio Couto

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