Nas conversas que temos ou que ouvimos há, por vezes, expressões – frases-feitas, chavões ou moletas de linguagem – que nos obrigam a refletir sobre o possível vazio, o recurso que utilizamos ou mesmo o sem-sentido de tais intervenções.
Depois
de algum tempo a linguajar, talvez sem nexo ou de forma difusa, alguém sugere
para atalhar: ‘resumindo e concluindo’, isto é, tiremos resultado daquilo que
falamos, espremámos a conversa para ver
se temos conteúdos, tanta coisa de verborreia para dizer e tão pouco ou
quase-nada...
Noutro
sentido pode ir a expressão ‘certas e determinadas coisas’, pois nela correm o
risco de se misturarem suspeitas com conjeturas, difamações com mentiras ou
mesmo má-fé com acusações eivadas de preconceitos, ressentimentos ou até de ruindade.
Saído
das trevas do tempo este problema tem sido uma questão onde ‘certas de
determinadas coisas’, quando evocadas, mais ofuscam a verdade do que as
consequências, onde o manto tenebroso da suspeita mais aterroriza do que a
aceitação dos erros, das maldades e das lacunas de tantos e tantas.
Com
que habilidade algumas forças colocaram ‘situações’ sob a alçada de ‘certas e
determinadas coisas’, desde que se possa condicionar – mais ou menos
conscientemente – o apuramento da verdade. Que dizer da tal comissão dos ‘241’,
que se fez ouvir com alarde, por forma a colocar tudo e todos sob suspeição,
pois as comisões diocesanas de averiguação pareciam ‘incapazes’ de acertar em
‘certas e determinadas coisas’. Alguns até investidos de assistentes religiosos
de movimentos de jovens preferiam a dita ‘comissão independente’, às de indole
diocesana, como se duvidassem da idoneidade destas e apregoassem as certezas
daquela. Se têm dados porque não os apresentam? Não será isto uma manobra para
colocar na engrenagem ‘certas e determinadas coisas’, que mais não passam de
efabulações do que de reais verdades. Quem assim procede a quem serve? Que pena
elogiarmos os estrangeiros e denegrimos os nossos... Esta capacidade de
subdesenvolvimento é atávica e funesta, hoje como ontem!
Resumindo
e concluindo: urge ter capacidade de denúncia das tropelias alheias, mas sem nunca
deixar que sejamos corrigidos pelas intenções formuladas para com os outros.
Resumindo
e concluindo: quão útil será atendermos aos dedos investidos em acusação, pois
dos cinco, dois invetivam os outros, mas três denunciam-nos a nós mesmos.
Coerência, a quanto obrigas!
António Silvio
Couto
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