‘Durante a pandemia a linha poderá estar
muito ocupada, pedimos que não desligue... a sua chamada encontra-se em espera
e pedimos que não desligue. Obrigada’.
Esta
gravação foi a resposta da ‘saúde 2424’ a quem pretendia fornecer dados – e
receber indicações – sobre as suas condições de saúde em contexto do
‘covid-19’... Depois de um inquérito (sim-não) em sistema audio, foi aquela
resposta horas a fio do número ‘808242424’.
1. Já se
sabia, pelas notícias, que o estado da questão era o que agora reportei. Mas
ter de passar pela purga da paciênica foi algo que não considerava ter de
viver. Depois de um simples teste rápido que deu positivo e tomadas todas as
(ditas e recomendadas) medidas de confinamento, tentei receber indicações
daquele serviço de saúde de âmbito geral, anónimo e gratuito. Duas tentativas,
com mais de uma hora em cada uma delas, levou-me a desistir, continuando com a
prevenção de não-contacto com ninguém...que pode ir, dizem outras fontes, até dez
dias... Por semelhança com outros casos assim procederei!
2. Notou-se,
nas últimas duas semanas, uma afluência aos testes – rápidos ou outros – sobre
o estado de cada um na relação com o vírus fatal. Múltiplas razões fizeram
crescer os dados, chegando a haver cerca de trezentos mil testes diários, em
locais destinados ao assunto. Talvez por
haver mais testagem o número dos infetados disparou, tendo atingido, a 28 de
dezembro, 17.172 novos casos...com o prognóstico da tutilar da pasta da saúde a
dizer que, na primeira semana de janeiro, atingiremos cerca de 35 mil novas
situações...
3. Em
paralelo com todo este processo fomos vendo milhares de pessoas a serem
vacinadas, sobretudo com a terceira (de reforço) dose. Eu até já tinha data e
hora marcada para rececionar tal inoculação, mas a súbita detectação de um
teste rápido positivo, fez-me tomar todas as medidas mínimas e desmarcar tal
oportunidade de salvaguarda. Se tivéssemos em conta o número de infetados, mas
sem as vacinas, isto estaria a ser uma mortandade séria, mas como boa parte da
população, incluindo já crianças, tem, pelo menos duas doses, as coisas não se
têm complicado com tanta gravidade...pelo menos assim parece!
4. Talvez o
mais preocupante na leitura que podemos/devemos fazer desta fase de pandemia é
a facilidade com que as pessoas aligeiram as regras, fazendo com que pareça que
vivemos num comportamento social ‘ió-ió’ – sobe-e-desce; desce-e-sobe – quase
sem rumo nem nexo, mais ao sabor das circunstâncias do que das razões... As
questões de teor económico como que se suplantam às motivações de saúde ou de
segurança. Os resultados económicos condicionam a melhor e mais consistente
vivência daquilo que deveria guiar os comportamentos. Assim não conseguiremos
ultrapassar esta fase de provação da nossa cultura/civilização.
5. Apesar da
insistência ideológica de alguma ‘esquerda’ em querer fazer do ‘sns’ só um
‘serviço nacional de saúde’, é importante essencial tornar o ‘sns’ um ‘sistema
nacional de saúde’, onde todos os setores intervenientes e não só o dito
‘Estado’ tenha prepronderância senão mesmo exclusividade. A ação do setor
social, os designados ‘privados’ e o Estado devem articular-se para que
tenhamos algo que sirva as pessoas nesta maré de fragilização, mas também sejam
colocados ao serviço das populações infra-estruturas, equipamentos e valências,
que, por não serem estatais têm tanta ou mais qualidade do que estas...
6. Na sua
sabedoria diz o povo: em tempo de guerra não se limpam armas. Ora, parece
chegada a hora de articularmos todas as forças possíveis e quase imagináveis
para que esta pandemia deixe lições de cooperação e não de exclusão, de
articulação entre todos e não de partidarite pouco abonatória de quem a defende
e põe em prática.
Dizem
que se vai agravar o panorama, em breve. Unidos poderemos servir mais e,
sobretudo, melhor!
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António Silvio
Couto
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