Celebra-se no próximo domingo, dia 15 de novembro, o IV dia mundial dos pobres, este ano subordinado ao tema: ‘estende a tua mão ao pobre’.
Desde 2017 que, no 33.º domingo do tempo comum, é proposto à Igreja e ao mundo a vivência deste dia mundial, estabelecido pelo Papa Francisco pela carta apostólica ‘Misericordia et miseria’ como corolário do ‘ano extraordinário da misericórdia’, de 2015-2016.
Os temas dos três primeiros ‘dias mundiais’ foram: ‘amamos, não com palavras, mas com obras’ (2017); ‘este pobre clama e o Senhor o escuta’ (2018); ‘a esperança dos pobres jamais se frustrará’ (2019).
Para aprofundar o tema deste ano de 2020 cita-se uma frase do livro do livro de Ben Sirac (7,32). O Papa na sua mensagem refere:
-
Manter o olhar voltado para o pobre é
difícil, mas tão necessário para imprimir a justa direção à nossa vida pessoal
e social (n.º 3).
- O encontro com uma pessoa em condições
de pobreza não cessa de nos provocar e questionar... Para servir de apoio aos
pobres é fundamental viver pessoalmente a pobreza evangélica (n.º 4).
- Estender a mão leva a descobrir, antes
de tudo a quem o faz, que dentro de nós existe a capacidade de realizar gestos
que dão sentido à vida (n.º 5).
- Estender a mão é um sinal: um
sinal que apela imediatamente à proximidade, à solidariedade, ao amor...Todas
as mãos estendidas desafiaram o contágio e o medo, dando consolação (n.º 6).
- Este período que estamos a viver
colocou em crise muitas certezas. Sentimo-nos mais pobres e mais vulneráveis,
porque experimentamos a sensação da limitação e a restrição da liberdade. (...) As graves crises económicas, financeiras e
políticas não cessarão enquanto permitirmos que permaneça em letargo a
responsabilidade que cada um deve sentir para com o próximo e toda a pessoa
(n.º 7).
- O período da pandemia constrangeu-nos a
um isolamento forçado, impedindo-nos até de poder consolar e estar junto de
amigos e conhecidos atribulados com a perda dos seus entes queridos. (...) Experimentamos a impossibilidade de estar
junto de quem sofre e, ao mesmo tempo, tomamos consciência da fragilidade da
nossa existência (n.º 8).
- «Estende a mão ao pobre» faz ressaltar,
por contraste, a atitude de quantos conservam as mãos nos bolsos e não se
deixam comover pela pobreza, da qual frequentemente são cúmplices também eles.
A indiferença e o cinismo são o seu alimento diário. (...) Desenvolveu-se uma globalização da
indiferença (n.º 9).
- O objetivo de cada ação nossa só pode
ser o amor: tal é o objetivo para onde caminhamos, e nada deve distrair-nos
dele. Este amor é partilha, dedicação e serviço, mas começa pela descoberta de
que primeiro fomos nós amados e despertados para o amor (n.º 10).
= Diante destes desafios, a vivência do ‘dia mundial dos pobres’ faz-nos propostas simples e sinceras, sobretudo neste contexto de pandemia:
* Da globalização da indiferença à manifestação da presença – citando a exortação apostólica ‘Evangelii gaudium’ (n.º 54), o Papa Francisco explica qual é a incidência da globalização da indiferença, pois «os excluídos continuam a esperar. Para se poder apoiar um estilo de vida que exclui os outros ou mesmo entusiasmar-se com este ideal egoísta, desenvolveu-se uma globalização da indiferença. Quase sem nos dar conta, tornamo-nos incapazes de nos compadecer ao ouvir os clamores alheios, já não choramos à vista do drama dos outros, nem nos interessamos por cuidar deles, como se tudo fosse uma responsabilidade de outrem, que não nos incumbe». Efetivamente, agora que já não nos preocupamos tanto com o embelezamento da face, dado que está tapada pela máscara, será de todo essencial abrirmos mais os olhos – esses que estão à mostra e que devem ver melhor – para enxergarmos as necessidades reais (não as virtuais) dos outros…
* Aprender a estender a mão ao outro…como irmão – apesar do gesto não recomendado nesta época de pandemia, precisamos de estender a mão numa atitude de acolhimento, de aceitação e de carinho/consolação psicológico e espiritual. Cuidemos mais atentamente, por isso, daqueles que Deus coloca no nosso caminho como companheiros de vida e de caminhada…comunitária.
António Sílvio Couto
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