Lemos nas sagradas letras: «O Senhor disse a Moisés e Aarão: «Quando
alguém tiver na pele uma inflamação, um furúnculo ou qualquer mancha que
produza suspeita de lepra, será levado diante do sacerdote Aarão ou de um dos
seus filhos sacerdotes. O sacerdote examinará a parte afectada. Se no lugar
doente o pêlo se tornou branco e a doença ficou mais profunda na pele, é caso
de lepra. Depois de o examinar, o sacerdote declará-lo-á impuro (...) Quem for declarado leproso deverá andar com
as roupas rasgadas e despenteado, com a barba coberta e gritar: "Impuro!
Impuro!" Ficará impuro enquanto durar a sua doença. Viverá separado e
morará fora do acampamento» (Lv 13,1-3.45-46).
Era este o tratamento preconizado para com os leprosos no ambiente cultural do Antigo Testamento.
Por seu turno, nos Evangelhos vemos Jesus numa contínua demanda em integrar os proscritos leprosos, curando muitos deles - Mt 8,2-4; Lc 5, 12-14; Mc 1,40-44. De entre os textos alusivos à cura dos leprosos destaca-se aquele em Jesus curou dez, mas só um foi agradecer-Lhe - Lc 17,11-19.
Era este o tratamento preconizado para com os leprosos no ambiente cultural do Antigo Testamento.
Por seu turno, nos Evangelhos vemos Jesus numa contínua demanda em integrar os proscritos leprosos, curando muitos deles - Mt 8,2-4; Lc 5, 12-14; Mc 1,40-44. De entre os textos alusivos à cura dos leprosos destaca-se aquele em Jesus curou dez, mas só um foi agradecer-Lhe - Lc 17,11-19.
= Temos que a lepra era uma visão e uma vivência
que deixava marcas nas pessoas, na família e na sociedade. Por isso, quando
alguém era curado era reintegrado, sendo isso motivo de grande alegria pessoal
e social.
Vistas as coisas nestes termos, questionemos com
mais rigor o que temos andado a fazer para com milhares de pessoas infetadas,
contaminadas e doentes de ‘covid-19’. Elas são os ‘novos leprosos’ não meramente
no sentido religioso-social da compreensão, mas na atitude mais ou menos
declarada do tratamento higiene-sanitário. Agora a declaração de ‘lepra’ tem
outros ‘sacerdotes’ com conhecimentos mais científicos, embora nem sempre
acertadamente humanitários… Agora a exclusão de contato com os demais é
apelidada exageradamente de ‘quarentena’, reduzida convencionalmente a catorze
dias com tendência para encolher, por razões dúbias, para dez… Agora vive-se
num afã economicista que tem vindo a fazer da (dita) necessidade de produção um
foco para apressar o desconfinamento, a descontaminação, a recuperação dos
índices de trabalho…o querer mostrar serviço mais depressa do que seria
desejável.
= Por estes dias foi apresentada com parangonas
de sucesso ainda mal-amanhado uma aplicação para tlm. Os gurus do artefacto
garantem que tudo está controlado… Citamos a informação veiculada pela
‘sacrossanta’ DGS: «Como funciona a
app StayAway Covid? O funcionamento é simples: cada utilizador que tenha
testado positivo poderá inserir o código do teste na app. Depois da validação
da Direção-Geral da Saúde (DGS), a aplicação irá alertar outros utilizadores
que tenham estado próximos do utilizador infetado – durante 15 minutos ou mais
-, sempre sem revelar a sua identidade, os seus contactos ou os de outros
utilizadores.
Quando não há registo de contactos de proximidade com elevado risco de contágio, a página inicial da app apresenta uma cor verde que mudará para o estado amarelo sempre que o utilizador tenha estado próximo de alguém a quem foi diagnosticada Covid-19».
Quando não há registo de contactos de proximidade com elevado risco de contágio, a página inicial da app apresenta uma cor verde que mudará para o estado amarelo sempre que o utilizador tenha estado próximo de alguém a quem foi diagnosticada Covid-19».
= Num tempo que já era de suspeição, isto não
introduz ainda mais desconfiança? Numa época onde temos tido uns para com os
outros atitudes de progressivo fechamento e de crescente isolamento, isto não
criará ainda mais crispação para com o desconhecido?
Esta ‘aplicação’ não poderá ir nessa onda de
subverter os direitos pessoais com interesses coletivos – numa neo-coletivação
assaz subtil – expondo as pessoas sem pejo, desde se possa cumprir o objetivo
de mostrar que controlamos tudo e todos, à custa da invasão da privacidade e
dos direitos mais fundamentais, como a reserva e a confidencialidade da própria
doença?
Deixo, a título de exemplo, um caso de que tive
conhecimento. Um padre que foi infetado, esteve internado e está declarado
‘curado’, pretendia ser acolhido numa casa sacerdotal, mas foi-lhe negado o
acesso, pois podia ser um perigo para os outros residentes…
Se fosse estória seria grave, mas como aconteceu,
será o quê?
António Sílvio Couto
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