Partilha de perspectivas... tanto quanto atualizadas.



quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Certo, quando parado!



Diz-se eufemisticamente que um relógio parado (ou avariado) está certo duas vezes por dia…quando marca as horas por ele assinaladas.

É esta a leitura mais lídima que ousamos fazer do nosso radiante e radioso país, exultante dos feitos em maré de ‘avante’ (ou será de arrecuas?), regido pela batuta do nosso PM, que faz recomendações de produção aos privados e quer taxar os que mais produzem para satisfazer os intentos dos parceiros sanguessugas da passada e hipotética futura geringonça.

De entre tantas e altissonantes intervenções político-lúdicas – onde as candidaturas às ‘presidenciais’ mexem – já começamos a ser matraqueados com tiradas de poesia que seriam ainda mais ínclitas se os/as figuras continuassem em silêncio. Como se refere de muitos dos nossos cantadores (para além dos da música) fora e no palco: são tão bons poetas, quando estão calados! Sim, nas entrelinhas dos seus silêncios podemos perceber que nunca erram; que nas estrofes tão cuidadas de nada escreverem, falam com uma força sem ser preciso corrigir; que no versejar sem rimas podemos entender as ideias que não têm…nem em sonhos; que nos comentários não-emitidos poderemos descortinar as suas posições…Ó país de Camões, cuida, ampara e diverte-te com os teus ‘poetas’ sem reportório!

 

= Este é mesmo um país parado, muito para além das (pretensas) exigências disciplinares decorrentes do ‘covid-19’. Efetivamente, os ‘inteligentes’ – não é mero eufemismo de corrida de toiros – não querem que a economia pare, mas continuam a proteger os que vivem e se alimentam do manancial do setor ‘estado’ – esta referência com letra pequena ao grande patrão quer significar que muitos (ditos) grandes se vão minusculizando para sobreviverem – que se esgotará muito em breve. As migalhas centenistas vão acabar-se clara e rapidamente. Os favores ‘costitas’ estiolarão sem apelo-nem-agravo. As manigâncias trotskistas sobre as ‘fortunas’ dos ricos não perduram sem duração… E de um país parado, entraremos num país e num povo paralisado, sem nexo nem rumo!

 

= Sem menosprezo por tanto do esforço com que pessoas, famílias, associações/coletividades e de tantas outras organizações para vencerem a luta de cada dia contra este vírus maldito, soa a messianismo barato que nos venham tentar impingir ‘lutas’ contra o medo, quando eles são os semeadores militantes da amedrontação, senão declarada ao menos sub-reptícia. Deixem de promover-se com balelas e declarações só ouvidas porque uma parte dos comunicadores estão vendidos a quem nada diz, mas faz-de-conta que fala, rosnando.

Deixo uma breve do nosso rico anedótico. Como se consegue meter um burro num barco, se ele vir água? Não entra, nem à força de azorrague – coisa não recomendável pela defesa dos animais – enfinca as patas e não entra… Mas se o voltarmos, às arrecuas, porque não vê a água, lá irá entrando…fazendo a vontade contrariada.

Há por aí tanta gente que até vai entrando – para onde a queiram levar/manipular – desde que não veja o perigo…

 

= Porque será que o ‘acordai’ tem uma leitura unívoca, à mistura com essa outra tão equívoca?         

 

António Sílvio Couto

Sem comentários:

Enviar um comentário