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domingo, 27 de setembro de 2020

Breve testemunho sobre o Padre Manuel Soares


Quando recebi a notícia do falecimento, no dia 26 deste mês, do Padre Manuel Soares, veio-me uma vontade quase-irreprimível de escrever breves palavras sobre este Padre da nossa diocese.

Conheci-o há cerca de vinte e três anos – dentro de dias fará esta soma o tempo em que estou na diocese de Setúbal.

Talvez pelas suas tarefas entre os emigrantes, tendo o arcebispo de Braga por responsável, o Padre Manuel meteu conversa. Como vinha recomendado por D. Eurico Nogueira para que não interviesse em público naquela que deveria ter sido uma breve estada de um ano, acedi a conversar com o Padre Manuel Soares. Desde então e sempre que nos encontrávamos ele fazia recordar os padres daquela diocese que conheceu nos tempos da emigração.

Porque nunca trabalhámos na mesma vigararia, falávamos sobretudo por ocasião das reuniões com todo o clero da diocese ou em ações de formação, onde o Padre Manuel era frequentador habitual…muito mais do que outros mais novos e com menor experiência de vida.

Recordo as intervenções frequentes do Padre Manuel Soares. Para alguns pareciam soar a ‘inocentes’ e desarticuladas dos seus saberes de recém-formados. Para outros mais ‘ilustrados’ como que versaria a provocação de gente vinda do meio laboral. Uns tantos davam por perdida a intervenção – pergunta, objeção, contraposição, correção – trazida à liça pelo Padre Manuel Soares. Outros ainda ferviam em lume brando com aquilo que o Padre Manuel perguntava, mas que os deixava na dúvida sobre a sua inteligência…

Habituei-me a escutar as suas intervenções – mesmo naquilo que escrevia e fê-lo por longo tempo no jornal diocesano – com coração atento, mente preocupada e vontade desperta. Sob o seu ar descontraído estava um homem de Deus, que serviu a Igreja e soube ser simples sem se manchar com o rótulo do simplório.

Ainda no seu tempo de doença falamos algumas vezes, por mensagem e ao telefone. Agora que ele partiu sinto saudade de um padre que o era por convicção, mesmo que nem sempre entendido por todos. Mas teremos de o ser?

Obrigado, Padre Manuel Soares. Reze, agora, por nós, que ainda vivemos neste tempo de pandemia.

 

António Sílvio Couto

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