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segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Confrontos...sempre os teremos

 


Dizem certas informações que, desde o início da nossa identidade nacional, nascemos do confronto entre um filho (rebelde) e sua mãe. Em múltiplas circunstâncias históricas, sociais e mesmo culturais, o confronto entre grupos, facções e até visões diferentes tem sido a marca constante e quase identitária do nosso ‘eu coletivo’, manifestado em pequenos indícios mais individuais senão individualistas.

1. Não será, no entanto, abusivo querer fazer coincidir confrontos com contendas ou lutas com conflitos de interesses? As marcas (ditas) partidárias não serão confundidas com posicionamentos ideológicos? Certas facções intestinas dos partidos políticos não serão mais tentáculos de pretensões de grupo ou teor individual? Nas tentativas de conquistar o poder – interno e exterior – não haverá deslealdades que manifestam a (má) qualidade dos intervenientes? Certas guerrilhas não servem mais aos oportunistas do que aos que têm competência e preparação? Não deveríamos ter percebido já que alguns usam da estratégia de dividir para reinar, colocando sob suspeita tudo e todos, menos eles? Ainda não entendemos os truques dos manipuladores, iniciados na arte da dialética marxista, em que se servem de todos para atingirem os seus (mesquinhos) objetivos?

2. Recorrendo à memória dos ‘episódios’ históricos trazemos à lembrança essa façanha do tempo dos romanos. Com efeito, a invasão da Península Ibérica pelos romanos não foi pacífica. As tribos nativas desta região – denominadas, genericamente, por lusitanos – lutavam pelas suas terras e aplicavam ao exército romano várias derrotas. Foram tantos os revezes que os lusitanos, chefiados por Viriato, infligiram aos romanos, que estes pediram um acordo de paz. Para negociar a desejada paz, Viriato enviou três emissários que não eram lusitanos, os quais. em vez de negociarem o tratado de paz, o general romano subornou, prometendo-lhes uma avultada recompensa, se conseguissem assassinar Viriato. Na expectativa de tal recompensa romana, apunhalaram mortalmente Viriato, enquanto dormia.
Ora, para tentarem escapar à vingança dos lusitanos, os três traidores dirigiram-se para Roma, onde esperavam receber a recompensa pela traição. No entanto, o prémio que os romanos lhes ofereceram foi a sua execução em praça pública, onde os seus corpos ficaram expostos, com um cartaz que dizia: “Roma não paga a traidores”.

3. Muito daquilo que vivemos na nossa condição sócio-política não passa de uma orquestração habilidosa de certos proponentes, que, deambulando na sombra, conjeturam a criação de distrações de somenos, tornando-as casos de ‘grande’ importância e assim se ocupam horas e horas de discussão, comentários e diatribes, ameaças e suspeições, sem que nada disso signifique o que nos quiseram impingir... Um dos exemplos mais bizarros foi a discussão a propósito do IUC (imposto único de circulação): este ocupava apenas duas páginas no OE/2024 com mais de trezentas que o documento continha... e, de repente, caiu por inoperância de quem o propôs ou por negligência na sua prossecução.

4. É preciso que haja opções claras para a governação do nosso país. Em menos de dois anos uma maioria caiu de podre, desmembrou-se de interesses e deixou cair a máscara nos conluios ideológicos. Ver recauchutadas certas propostas parece que estamos, mais uma vez, a apostar no futuro errado ou, pelo menos, complicado. Para quem se guia pelo estatal, não estará na hora de perceber que isso não resulta sem a intervenção de quem não depende da esmola do poder? Coarctar a iniciativa privada é truncar a capacidade de investimento. Pendurar-se no Estado é favorecer a possibilidade de corrupção, onde todos pagam e só alguns – os funcionários e afins – beneficiam...

5. Os traidores terão a sua paga, mais cedo do que tarde. Votar é dar-lhes o prémio!



António Sílvio Couto

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