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quinta-feira, 7 de julho de 2022

Minha asenidade confesso...

 


Perante uma boa dose de factos e de situações, de episódios e de figuras, de decisões e desditos...de membros governamentais ou ocupante do máximo magistério da nação, das conversas privadas ou das notícias mais comentadas...nos tempos mais recentes ou em épocas de antanho, com consequências diretas ou inofensivas... confesso a minha asenidade, entre a descoberta, a assunção ou por obrigação...

De onde provém, então, o termo ‘asenidade’? Vem de ‘asino’, que é uma espécie de asno ou burro...e, num léxico mais elaborado, comporta a atitude de viver numa espécie de azelhice, burrice ou algo idêntico no modo de ser e de estar numa forma não-rejeitada, mas assumida e contumaz. Dito por outras palavras: confesso a minha burrrice, por não ser capaz de compreender tanta coisa desconexa, inconsequente ou mesmo sem qualquer sentido.

 1. Na minha asenidade não consegui captar o significado das posições de PNS sobre a decisão para o novo aeroporto, tão pouco o desmentido de AC a humilhar o seu pretendente ao posto. Quem não conhece o aforismo latino – asinus asinum fricat (um burro coça (ou esfrega) outro)? Não foi isso que vimos, lemos e não compreendemos? Os elogios, as meias-palavras ou os ‘perdões’ sem castigo não denunciam que algo vai mal, mas que tudo continua a rolar como se nada tivesse acontecido? Estes queridos inimigos dão-se tão bem! Quem acredita nisso?

 2. Se vivessemos num país com pessoas normais e onde todos assumissem as suas responsabilidades, o pandemónio do aeroporto de Lisboa com dias e dias de casos (e caos) contra os passageiros, teria já tido consequências e teriam rolado cabeças. Mas assobiam para o lado e nada acontece... Cada dia aquele espaço é um sorvedouro de milhões de euros, mas quem é culpado? Onde andam os sindicatos que operam no aeroporto da capital – implodiram todos ou hibernam sem retorno? Noutras épocas não havia mais contestação e procura de soluções convictas? Na minha asenidade não sou capaz de encontrar explicações para tamanha mentira sem nexo nem sujeitos!

 3. Os números do ‘covid-19’ não podem ser ignorados: de 14 a 20 de junho passado houve 95.943 novos casos de covid, tendo morrido nesse período 239 pessoas da doença A avalanche de noticias sobre a guerra na Ucrânia fez esquecer os dados da pandemia, mas ela continuou a ceifar vidas e a deixar feridas e cicatrizes. Na minha asenidade não consigo esconder a perplexidade de quem não noticia aquilo que antes explorou sem dó-nem-piedade. Cada vez mais se percebe que boa parte da comunicação social está vendida ao governo ou que este a comprou com arranjos tecidos em surdina...

 4. Que dizer de concursos ganhos por quem não exerce a atividade a que foi atribuída a verba? Foi distração do distribuidor do bolo ou verificou-se má gestão dos favores em concorrência? Milhões deitados sobre questões de suspeita – sobretudo em maré de eleições – não encobrirão outras manobras encenadas para papalvo ver? Efetivamene na minha asenidade custa-me aeitar que haja uns habilidosos que brilham enquanto a ignorância reina ou se aproveita dos incautos e mais vulneráveis.

 5. Dá a impressão que mais uma vez a ideologia governante caminha para o atoleiro: novamente se estão a verificar os erros que nos levaram aos três anteriores resgates. Nota-se que a abundância de meios (dinheiro ou comparticipações da UE) é má conselheira de quem ocupa o poder: dão tudo e o resto e não ensinam – proque não sabem – amealhar. Na minha asenidade quase compulsiva sinto que, em menos de quatro anos, estaremos entregues a quem nos salve, antes que afundemos em definitivo. Com efeito, como se poderá praticar – como reclama alguma esquerda das ruas e das reivindicações – melhores salários, se não há produção de riqueza? Enquanto vivermos nesta ilusão de sermos ricos sem trabalho digno não sairemos da cauda da Europa... Isto é atávico e quase-genético!     

 

António Silvio Couto

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