Partilha de perspectivas... tanto quanto atualizadas.



sexta-feira, 17 de junho de 2022

Ainda iremos a tempo?

 

Por vezes há situações, momentos, casos, episódios, vivências… que, por serem únicos e irrepetíveis, fazem com que a mais pequena falha possa como que tornar-se irreparável.
Por vezes há pessoas que quase se escandalizam, quando me ouvem dizer: esta pode ser a última páscoa ou o último natal; este momento (de um aniversário, de uma festa, de um encontro, etc.) poderá tornar-se algo que pode deixar marcas, pela negativa, se eu estiver ausente…

1. Contaram-me, há dias, que uma determinada família ‘faltou’ ao almoço de páscoa dos ascendentes… e isso foi o último de todos reunidos. Trocaram o evento – simples e talvez sem grande significado noutras circunstâncias – por um jogo de futebol dos descendentes mais novos, que ocorreu na mesma data… Só que um dos membros da família, entretanto, faleceu e aquele que poderia ter sido mais um almoço de páscoa em família, tornou-se no derradeiro…sem todos! Não consegui perceber o que isso significou para os mais novos, mas, quanto aos mais velhos, fui entendendo – ainda antes do falecimento – que estava feita uma mágoa, espetada uma ferida e, porque não, algo espinhoso de interpretar… a curto prazo!

2. Lemos nas Escrituras Sagradas:
«1 Para tudo há um momento e um tempo para cada coisa que se deseja debaixo do céu:
2 tempo para nascer e tempo para morrer,
tempo para plantar e tempo para arrancar o que se plantou,
3 tempo para matar e tempo para curar,
tempo para destruir e tempo para edificar,
4 tempo para chorar e tempo para rir,
tempo para se lamentar e tempo para dançar,
5 tempo para atirar pedras e tempo para as ajuntar,
tempo para abraçar e tempo para evitar o abraço,
6 tempo para procurar e tempo para perder,
tempo para guardar e tempo para atirar fora,
7 tempo para rasgar e tempo para coser,
tempo para calar e tempo para falar,
8 tempo para amar e tempo para odiar,
tempo para guerra e tempo para paz»
(Eclesiastes/Qohélet 3,1-8) .

3. Com a velocidade com que a maior parte das pessoas vive parece que nem se dá conta destas circunstâncias de vida, podendo passar ao lado de momentos importantes e/ou valorizar o que, noutras visões, poderia ser secundário. Efetivamente neste ponto temos de ter critérios e valores ou cairemos num pântano sem nada que nos faça aferir para além dos nossos (mesquinhos) interesses de ocasião. O tempo – como diz a sabedoria popular – é o melhor mestre de vida e cura tudo!

4. Sem qualquer pretensão moralista, ouso deixar um básico critério de conduta: as pessoas são o mais importante! De entre as pessoas a beneficiar com a minha preferência deverei ter em conta as mais frágeis e debilitadas… Foi assim que nos ensinou Jesus e a Igreja católica sempre nos educou. Por que teremos bifurcado destas orientações? Não será porque Deus capitulou na nossa vida – alguns chamar-lhe-iam vidinha – e agora andamos à deriva, até de nós mesmos?
Queira Deus permitir irmos ainda a tempo! Comecemos hoje, pois amanhã já poderá ser tarde!

António Sílvio Couto

Sem comentários:

Enviar um comentário