Tem sido
bandeira da atual governança os números ‘fabricados’ do desemprego. A taxa anda,
no final do primeiro semestre deste ano, por tabelas de há mais de catorze
anos… fixando-se em 6,7% da população. Tanto sucesso sempre me cheirou a alguma
manipulação…É só impressão minha!
Agora
saltaram para o conhecimento público os que beneficiam com o ‘rendimento social
de inserção’: mais de 13.500 do que há um ano atrás, totalizando (em contas
possivelmente fiáveis) 223.188 beneficiários, recebendo, em 2018, cada um
(adulto) 188.68 euros mensais.
Por seu
turno mesmo com uma dita taxa de desemprego recorde na fasquia mais baixa,
situa-se em cerca de 350 mil pessoas. No entanto, não se diz (ou não se quer
dizer) quantos foram os que emigraram, os que usufruem em acumulação com outros
subsídios e ainda os que, sazonalmente, encontraram emprego mais não deram
baixa nos centros de controlo.
Não
ousamos aglutinar os números dos beneficiários do RSI com os anunciados do dito
desemprego, mas valeria a pena não excluir uns e outros da concomitância de
regalias…ao menos nas estatísticas e por entre essa promoção aureolada de tão
altos voos de recuperação económica, dizem os propagandistas de serviço!
Há quem
queira fazer-nos acreditar que estamos melhor, mas, na prática, as solicitações
de ajuda, que vamos recebendo nos espaços onde são pedidas, para rendas de
casa, para medicamentos, para auxílio na água e na eletricidade mantêm-se… ao
nível de 2011-15. Quem está no terreno pode confirmar os números e as
solicitações. Ou serão surdos aos pedidos os espaços de atendimentos
autárquicos? Será que só ajudam os que são da sua cor partidária?
= As
sondagens apontam para que, quem está no poder, possa ganhar. Infelizmente será
o melhor, pela simples razão de que os que querem lá chegar, por oposição, não
têm projetos e os que continuarem – mais ou menos vitoriosos – terão de
governar mesmo a sério, tomando medidas impopulares, pois o baú das coisas boas
não poderá continuar a dar sempre rifas de bom sucesso. Serão anos duros e com
suficientes dificuldades para que não sejamos levados muito a sério sobre o que
desejamos para o nosso país. Os vendedores de sonhos tornar-se-ão fabricantes
de pesadelos. Os que antes foram comparsas na vitória, ansiarão chegar às
fímbrias do poder, nem que seja da forma mais populista inimaginável. Cairemos
na insolvência económica e abriremos, então, os olhos para a realidade da
falência…mais uma vez à custa dos mesmos e com a responsabilidade de não termos
aprendido as lições dos anteriores resgates…estrangeiros.
= Dá a
impressão que, neste país, uns tantos estão fadados para governar em tempo de
‘vacas gordas’ e outros em maré de ‘vacas magras’, estes conseguem recuperar
nas dificuldades e aqueles estão sempre prontos a gastar depois de outros terem
aferrolhado… Ora, como a memória do povo é curta, percebe-se que não aprendemos
as lições dos três anteriores resgates – 1977, 1983 e 2011 – pedidos a quem tem
dinheiro para nos ajudar a sair do colapso, que os governantes das ‘vacas
gordas’ conseguem imprimir na configuração do país social, sindical, político e
mesmo cultural. Deste modo se pode compreender que não somos capazes de passar
dum regime para um sistema de poupança, dum tempo em que os sacrifícios são lições
nem em que os constrangimentos pessoais e familiares se repercutam no todo da
sociedade…
Estamos
agora, desde a atual governança, sob um regime de fazer tudo o que nos possa agradar,
saltando por cima das razões que nos conduziram, há bem pouco tempo, a
dizerem-nos que estávamos ‘em crise’. Acabado esse aparente tempo de contenção,
eis que os números dos gastos dispararam, chegando a haver, em média, 25
milhões de euros de crédito/compra à habitação por dia…Não será que algo vai
mal no reino do faz-de-conta? Quem irá ganhar com tais investimentos quase
descontrolados?
= Já
percebemos que se pode enganar durante algum tempo, mas não todo o tempo, sem
disso se darem conta os ludibriados. Não se pode continuar de forma
irresponsável a ser vendedor de patranhas, sem disso se aperceberem os que são
usados na ilusão. Por momentos digam-nos a verdade para não sermos considerados
alvo da risota do resto da Europa… que nos vê como melhores gastadores do que
trabalhadores!
António Sílvio Couto
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