Certamente
já reparamos que, quando estamos parados nalgum semáforo, há carros que estão
desligados ou se desligam e, quando muda o sinal, logo são postos em
funcionamento, voltando a estarem capazes de arrancar e seguir viagem…
A este
processo – recentemente introduzido no sistema de fabricação de certos veículos
automóveis – chamam-lhe: start-stop. Quais as razões para ser implementado este
artefacto nos veículos automóveis? Haverá benefícios para o meio ambiente com a
introdução e difusão deste novo modo de construção dos carros? De que modo
iremos ver este sistema tecnológico mais vulgarizado em breve? Será que o
start-stop prejudica, mesmo que de forma indireta, o desempenho dos carros?
Haverá algum dos elementos dos veículos que é mais prejudicado pelo start-stop?´
=
Definição descritiva do start-stop: é um sistema que desativa o propulsor dos
carros nos pequenos momentos de paragem (em filas ou em semáforos), mantendo,
no entanto, o sistema do veículo em estado de espera, religando-o ao tirar o pé
do travão ou ao pisar a embraiagem, conforme o tipo de transmissão.
Poder-se-á
considerar que, com a implementação do start-stop, se pretende conciliar o
rendimento energético e as emissões de poluentes… Segundo alguns com o start-stop
há um desgaste maior de certos componentes do veículo, como a bateria – aliás a
bateria onde está este sistema introduzido é muito mais cara do que as
habituais – e ainda outros aspetos do motor…
Com
certos benefícios o start-stop poderá atenuar a emissão de poluentes até oito
por cento menos e ainda uma redução dos gastos de combustível…até quinze por
cento, em circuito urbano!
=
Atendendo a este ‘avanço’ tecnológico na área automóvel, poderemos inferir
algumas questões para a vertente humana, social, política e quase cultural. Com
efeito, em muitas destas situações já estamos numa espécie de passagem em
‘devagar-devagarinho-parado-em ponto morto’, isto é, em que nada parece
influenciar a progressão seja daquilo que for, dando mais a impressão de que há
gente interessada em que nada seja tocado nem modificado…Como que vivemos num
start-stop de não-ignição tanto do pensamento como da emotividade.
Vejamos
alguns exemplos:
– Os
festivais musicais, sobretudo de verão, não serão já uma espécie de start-stop
de certas mentes – poderemos dizer até de mentalidades – quando são combatidos
os incêndios em meio rural? Uns param por inação, lazer e diversão e outros
estão a carburar em lume demasiado aceso…
– Certas
medidas antifogos-de-artifício não sofrerão de tiques de start-stop político
sem efeito na prevenção de incêndios, mas antes se quedam pelo show sem público
e com prejuízo dos que vivem daquele negócio? Algumas regras são mesmo de gente
de gabinete e no arrefecido do ar-condicionado…
– Ao
vermos uns tantos rituais religiosos – onde o folclore se sobrepõe à fé – não
passarão de start-stop de quem se entretém com tradições, mas não se interessa
com o significado daquilo que celebra? Já não há aspetos profanos nem
religiosos nas festas que se fazem à custa dos santos, aqueles infiltraram-se
tantos nestes que os profanaram sem apelo nem agravo…
– Depois
da dita ‘silly season’ de outros tempos, não estaremos em start-stop dos
políticos que preferem comandar à distância sem se sujar com as fagulhas
queimadas? De gravata e no remanso lisboeta torna-se mais fácil controlar os
incêndios, tanto no norte, como no sul e até nas ilhas…
= Neste
país em start-stop de conveniência torna-se urgente não ter medo de dizer a
verdade. É de bradar aos céus que continuem no posto pessoas que demonstraram
serem incompetentes na gestão de momentos de crise, seja qual for a razão, pois
quem governa tem de assumir que falha e que erra…não se fiando na complacência
de que foram causas exteriores que criaram os problemas… Basta de show-off,
neste estado de start-stop em que quiseram tornar o país e têm vindo a viver do
sarcasmo para com a inteligência dos seus concidadãos. Comecem a governar a
sério e com responsabilidade cívica, ética e criminal!
António Sílvio Couto
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