Quem não
se terá já interrogado sobre o nexo entre coisas que parecem sem ligação? Quem
não terá já tentado descobrir o que une aspetos que parecem desligados? Quem
não terá feito perguntas que incomodaram quem as escutou? Quem não teve já de
travar a resposta, pois se apercebeu que a pergunta trazia algo de insinuante,
fosse qual fosse o respondido?
De
facto, é preciso ser capaz de ter mais informações para silenciar uma possível
resposta a algo muito simples, senão na forma ao menos no conteúdo.
Por
vezes, sobretudo tendo em conta a proximidade das pessoas e das situações, é
preciso estar bem informado para responder a questões do âmbito autárquico e/ou
mesmo paroquial. Se bem que este termo ‘paroquial’ seja, nalguns casos, usado
para qualificar, ironicamente, questões quase de ‘lana-caprina’ (isto é, sem
grande interesse nem importância, mas à qual alguém confere a sua relevância),
há, no entanto, no âmbito das paróquias coisas bem mais essenciais do que
inutilidades…
Será,
então, no círculo de maior proximidade que se torna relevante alguma sagacidade
para saber distinguir – em termos cristãos, discernir – entre aquilo a que se
dá importância e aquilo que a tem de verdade.
– Numa
espécie de hierarquia de fatores, o do conhecimento das pessoas que intervêm é
essencial, pois muito daquilo que é dito ou reportado tem a ver com a
idoneidade das pessoas intervenientes: não é a mesma coisa, algo ser dito ou
feito, programado ou executado, por quem tem para nós credibilidade ou por um/a
outro/a que se apresenta como credibilizado, mas só no seu conceito… As provas
dadas são o melhor critério de boa ou de má reputação!
– Outro
aspeto relevante é o das consequências daquilo que se fez ou pretendeu fazer,
pois há pessoas que aparecem com ‘boas intenções’ ou (sei lá) ideias, mas que
nem com um dedo querem participar na execução daquilo que disseram que
fariam…Estes/as idealistas são úteis para gerar confusão, dado que não
participam na prossecução do que é pretendido. Fazem lembrar aqueles militares
que usam a expressão: preparemos e marchai…ficando de fora como os bonecos dos
‘marretas’ no alpendre a dizer mal de tudo e de todos, quando eles é que estão (mesmo)
mal…
– Na
procura do nexo das coisas é de grande importância quem faz e aquilo que fez,
tendo em vista o bem comum ou a autopromoção, beneficiando-se a si mesmo ou em
função dos outros. Isto faz a conexão entre a credibilidade dos autores e a
legitimidade da obra. Com efeito, no quadro de proximidade – tenhamos em conta
os dois campos supra citados – não é muito difícil perceber quem usa os outros
para seu benefício ou quem trabalha (mesmo sem pagamento) em atenção aos demais
e àquilo que pretendem atingir. Quanta simpatia por aí espalhada, que não passa
de disfarce (mal amanhado) para atingir os seus fins mais ou menos subtis.
Quanto ‘culto da personalidade’, mesmo que encapotado, anda por aí difuso, por
vezes, dando a entender que se é imprescindível, mas que depressa será
descartado, quando deixar de estar no posto…
– Por
último é (ou pode ser) de relevância um tanto creditante se aquilo que é
promovido valoriza as pessoas, dando-lhes ferramentas para saberem conduzir-se
e não tanto tendo-as presas a quem se reclama de autor. Com efeito, muitas
vezes encontramos mais lacaios do que discípulos. Estes, como diz o aforisma
popular, serão a crédito do mestre, na medida em que sejam capazes de voar com
as próprias asas e sem peias de papagaio-de-papel…
Tentemos
descobrir/discernir o nexo de tantas coisas e situações, nem sempre fáceis de
entender!
António
Sílvio Couto
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