Há dias
vi e anotei algo sobre o título em epígrafe: os famosos que negam a existência
de Deus…Era uma razoável lista de três dezenas, na sua maioria americanos e
anglo-saxónicos… Eis alguns e umas tantas: daniel radcliffe, julianne moore, joaquin
phoenix, brad pitt, jodie foster, morgan freeman, woody alleen, angelina jolie,
john lennon, uma thurman, ian mckellan, jack nicholson, sean penn… Cada um e cada qual apresentam as
suas razões para se sentirem felizes sem Deus, para verberarem o (seu) ateísmo
teórico/prático, para acharem que não têm razões em favor de Deus,
considerando-O um ente morto… Uns tantos são (ditos) cómicos, outros carregam
complexos a-religiosos ancestrais, numa mistura de espiritualidades à-medida e
a gosto, nalguma autossuficiência, questionando até, com alguma arrogância, a
inteligência de que n’Ele acredita…
= Ora, se
alguém acha que outrem precisa de ser combatido, é porque esse tal não existe
ou porque, na sua existência, incomoda? Se a tal espécie de cruzada anti-Deus é
tão difundida será por dar ou não promoção a quem nela participa? Haverá
interesse em dizer-se contra, só porque isso capta alguma atenção dalguns
incautos? Para além do ‘sancho pança e de dom quixote’, quem ousa lutar contra
figuras de vento – reais ou virtuais – se não lhes reconhece identidade,
presença ou relação?
Há
questões que, por serem minimamente controversas, como que dão maior projeção
aos intervenientes… mesmo que os argumentos aduzidos sejam mais ou menos falsos
ou até ardilosamente mentirosos. Com efeito, das anotações apresentadas pelos
citados famosos, perpassa um certo quê de orgulho e dalguma petulância de quem
não é capaz de reconhecer, por momentos que seja, a sua fragilidade, pela
possível razão de se encontrar no estrelato…sabe-se a que custo e usando que
meios!
= Ora, será
que a aura de sucesso desses tais famosos não consegue distinguir as suas
qualidades, as possíveis carreiras ou mesmo os eflúvios momentâneos com o
reconhecimento de Alguém que é superior e não é obstáculo, mas antes suporte da
vida? Talvez seja mais conveniente não acreditar em Deus, mas antes andar de
rédea-solta para esmagar os outros sem olhar a meios? Agora que veio à luz a
promiscuidade do ‘me too’, ainda terão medo dum Deus que faz viver em respeito
moral duns pelos outros/as ou escondem-se sob a penumbra do anonimato, iludindo-se
sem Deus?
É uma
graça bem significativa ter o dom de acreditar em Deus, tenha-se ou não
formação religiosa/cristã. Quanta gente gostaria de ter fé para resolver os
seus problemas mais básicos, desde as questões existenciais mais simples até
aos problemas mais complexos… Quanta gente gostaria de ter luz para entender os
seus problemas, deixando Deus iluminá-los com verdade e simplicidade… Quanta
gente gasta tanto do seu tempo em dar solução a questões e problemas que a
ignorância humana continua a reproduzir, pela simples razão de querer ser dono
daquilo que é, na maior parte das vezes, mero administrador…
=
Conta-se dum grande cientista o episódio seguinte.
Viaja-se
de comboio um já venerável senhor, de barbas brancas e ar recolhido, que ia
passando por entre os dedos as contas do Rosário. À sua frente ia um jovem com
ar rebelde, que, a dado momento, meteu conversa com o tal senhor. Eis que
desancou no velho senhor por ele ainda acreditar nessas coisas de religião,
quando devia era acreditar na ciência e na resposta que ela dá para a solução
dos problemas do mundo e não nessas crendices de religião… e desfiou todas as
suas razões de intelectual em fase de fabrico… Quase chegados ao termo da
viagem, o jovem sábio solicitou ao tal senhor de barbas e cabelos brancos que
lhe desse o seu endereço para que ele pudesse enviar as referências de alguns
livros que o podiam ilustrar sobre a solução científica dos problemas do mundo…
O senhor tirou, então, do bolso, um pequeno cartão onde estava escrito: ‘Louis
Pasteur, academia francesa de ciências’… Claro que o jovem intelectual terá
engolido muitas das suas teorias, quando quis dar lições ao velho, que reza o
terço no comboio…
Mutatis mutandis: assim os famosos do mundo do
espetáculo poderiam ser convidados a terem um pouco mais de humildade, pois dos
arrogantes não reza a história, antes os sepulta no esquecimento rápido e
atroz!
António Sílvio Couto
Sem comentários:
Enviar um comentário