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segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Semana de oração pela unidade dos cristãos



De 18 a 25 de janeiro decorre, no hemisfério norte, a semana de oração pela unidade dos cristãos. Essas datas foram propostas, em 1908, por Paul Watson porque cobriam os dias entre as festas de São Pedro e São Paulo, tendo portanto um valor simbólico. No hemisfério sul, já que janeiro é tempo de férias, as Igrejas frequentemente escolhem outros dias para celebrar a Semana de Oração, como, por exemplo, à volta de Pentecostes (de acordo com o que foi sugerido pelo movimento Fé e Ordem em 1926), que é também uma data simbólica para a unidade da Igreja.


Qual o significado desta iniciativa das igrejas cristãs? Não será necessário explicar melhor a localização, no hemisfério norte, entre essas duas datas: 18 e 25? Quando vemos surgirem notícias de católicos mais tradicionalistas ainda será de manter esta iniciativa? Porque surgem dúvidas e ataques às propostas ecuménicas? Ao darmos menos interesse ao assunto, estaremos a viver ainda no espírito do Concílio Vaticano II? Será esta ‘semana de oração pela unidade dos cristãos’ um sinal de força ou de fraqueza dos católicos?


Vamos tentar responder a estas e outras questões subjacentes ao tema, recorrendo a dados históricos e a gestos proféticos de Papas e de outros responsáveis das igrejas cristãs, sobretudo do âmbito protestante e da igreja católica.



= No calendário tridentino, com a reforma do calendário romano geral de S. Pio V que lhe foi adstrita, no dia 18 de janeiro, celebrava-se a festa da ‘cadeira de São Pedro em Roma’ e, no dia 22 de fevereiro, a mesma festa com a diferença de ser a ‘cadeira de São Pedro em Antioquia’. Ora, na configuração da semana de oração pela unidade dos cristãos quis-se localizar este momento de índole teológico e pastoral entre celebrações que envolviam as duas grandes figuras de Pedro e de Paulo, deste se celebrava e celebra a conversão no dia 25 de janeiro. Assim, a semana de oração pela unidade dos cristãos é enquadra pelas celebrações de dois sinais importantes de cada um destes dois apóstolos: de Pedro a cadeira como símbolo da autoridade e de Paulo a sua conversão como processo fundamental para o cristianismo.



= Depois dalgumas propostas dispersas, desde os séculos XVIII e XIX, sobretudo no campo protestante, foi no início do século XX, em 1908, que se deu a primeira iniciativa, pelo reverendo Paul Wattson, do oitavário da unidade dos cristãos. Posteriormente foram dados passos pelo ‘movimento fé e ordem’ com sugestões para esses dias de oração pela unidade dos cristãos. Em França foram percorridos novos trilhos para cimentar esta iniciativa de fomentar e de viver a unidade entre os cristãos. O Papa Paulo VI e o patriarca Atenágoras rezaram em comum, em Jerusalém (1964), pela unidade entre os cristãos. O Concílio Vaticano II deu uma mais forte orientação sobre o tema com o decreto ‘Unitatis redintegratio’ sobre o ecumenismo e a vivência desta semana de oração. Em 1968 – há cinquenta anos – assinala-se o primeiro uso oficial do material para a semana de oração pela unidade dos cristãos preparado, em conjunto, pelo ‘movimento fé e ordem’ e pelo secretariado para a promoção da unidade dos cristãos, hoje, pontifício conselho para a promoção da unidade dos cristãos. Desde 1975 que o tema e o seu desenvolvimento é preparado por um grupo local – protestante ou católico – e seguido pelas várias igrejas… nessa ocasião foi um grupo australiano. Portugal fez este serviço em 1996 como um texto extraído do livro do Apocalipse. Neste ano de 2018, o material foi preparado por um grupo das Caraíbas, tendo por tema: ‘A tua direita, Senhor, esplendorosa de poder’.



= Mais do que uma leitura de fraqueza ou de força, a semana de oração pela unidade dos cristãos manifesta um desejo imemorial de Jesus expresso na última Ceia: Pai, que todos sejam um, como Eu e Tu somos um. Com efeito, o escândalo da divisão entre os cristãos das várias Igrejas – católicos, ortodoxos e protestante – continua a ser uma chaga aberta e sangrando. Precisamos, efetiva e afetivamente, de nos unirmos todos os que acreditam em Jesus e consertar estratégias para levar o Evangelho a espaços e estruturas aonde ele não entrou. Pouco importa quem o faz, desde que seja em nome de Deus e unidos em Igreja. Por isso, certos indícios de proselitismo só servem a divisão e o mal…
António Sílvio Couto  


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