Lisboa,
Porto, Sintra, VN Gaia, Cascais, Oeiras e Loures registam o maior poder de
compra conjunto (26%) do resto dos concelhos do país… Estes sete concelhos
perfazem apenas um por cento do território nacional… Se a estes dados
acrescentarmos que 26 dos concelhos com maior capacidade de compra se situam no
litoral podemos ver ainda melhor que somos um país assimétrico, desigual e
desnivelado nas oportunidades.
Estes
dados fornecidos por uma empresa de estudos em marketing e estatística
apresenta-nos alguns dados reveladores da importância das próximas eleições
autárquicas, tanto dos concorrentes, quanto do significado das vitórias
pessoais, políticas e económicas.
Eis a lista
dos 26 concelhos mais ricos, causas e possíveis consequências:
Zona
norte: Braga, Barcelos, Famalicão e Guimarães;
Grande
Porto: Maia, Matosinhos, Porto, Gondomar, VN Gaia e SM Feira;
Zona
centro: Coimbra, Viseu e Leiria;
Área
metropolitana de Lisboa: VF Xira, Loures, Odivelas, Amadora, Sintra, Cascais,
Oeiras, Lisboa, Almada, Seixal e Setúbal;
Algarve:
Faro e Loulé.
Vejamos
alguns números que ilustram a relevância destes concelhos no espetro nacional:
são 6% do território nacional, incluem 45% da população residente, ocupam 26%
do parque habitacional, têm 44% das dependências bancárias, perfazem 45% do
consumo de eletricidade, absorvem 70% dos médicos e nelas se situam 46% das
empresas nacionais…
= Questões
(quase) mínimas se nos devem colocar perante estes dados dum país (tão) inclinado
para o mar, que abandona o interior e atende, essencialmente, às reivindicações
dos autarcas minoritários:
- Não
teremos andado, particularmente após a revolução de abril, a engordar os ricos
e a esfolar os mais pobres?
- Os
equilíbrios e as alternâncias no governo das autarquias favoreceram ou
prejudicaram as populações mais desfavorecidas?
- Será
que só muda quem ocupa o lugar ou este faz as pessoas serem iguais na
presunção?
- Onde
está a igualdade de oportunidades, se os favorecidos moram sempre na mesma rua,
avenida, largo ou praça…empurrando para fora do quintal do poder quem não se
digne concordar ou, simplesmente, calar-se com uns subsídios de circunstância?
- Porque
têm memória tão curta os prejudicados pelo favorecimento dos ricos, quando se
dizem com raízes noutros espaços que não esses onde são bafejados pela sorte ou
cumulados de proveitos mesmo sem tal cultivarem?
- Porque
será que os que são de fora deste círculo de interesses autárquicos não
conseguem ultrapassar certos complexos de inferioridade, tanto dentro dos seus
partidos como no conjunto da governação nacional?
- Agora
que já fizeram quatro anos de ‘nojo’ fora do poder porque ressurgem certas
figuras a candidatarem-se aos mesmos postos? Será por serviço ou por conveniência
de protagonismo?
= Diante
do espetro sócio-económico dos 26 concelhos mais ricos e, se reduzirmos o zoom,
ficarmos nos sete mais relevantes, agora se compreende que as notícias surjam
quase sempre destes espaços, relegando para o esquecimento os outros trezentos
e tal…mais pobres ou descapitalizados de população e do resto das necessidades mais
básicas. Dá a impressão que uns tantos que deambulam por tais cenários já não
conseguem pensar doutra forma e nem a dita ‘defesa das populações’ nos convence
a nós, quantos mais a eles!
Urge,
por isso, fazer uma séria reflexão sobre as causas de termos chegado a este
beco, pois parece que ele não tem saída, na medida em que se vai prolongando no
poder – veja-se o impedimento de mais de três mandatos consecutivos – quem a
ele se afeiçoou e com dificuldade se consegue distinguir o lugar da pessoa,
dando a impressão de que vivemos numa oligarquia dos menos maus, sustentada
pelos acomodados, que já nem votam, pois as mudanças podem ofuscar o pouco
feito…dizemo-lo em tantos dos municípios das periferias daqueles 26 mais
relevantes… Em breve seremos chamados a pronunciar-nos, não fiquemos em casa!
António Sílvio Couto
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