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quarta-feira, 3 de maio de 2017

Os sete concelhos poderosos…dos 26 mais ricos


Lisboa, Porto, Sintra, VN Gaia, Cascais, Oeiras e Loures registam o maior poder de compra conjunto (26%) do resto dos concelhos do país… Estes sete concelhos perfazem apenas um por cento do território nacional… Se a estes dados acrescentarmos que 26 dos concelhos com maior capacidade de compra se situam no litoral podemos ver ainda melhor que somos um país assimétrico, desigual e desnivelado nas oportunidades.

Estes dados fornecidos por uma empresa de estudos em marketing e estatística apresenta-nos alguns dados reveladores da importância das próximas eleições autárquicas, tanto dos concorrentes, quanto do significado das vitórias pessoais, políticas e económicas.

Eis a lista dos 26 concelhos mais ricos, causas e possíveis consequências:

Zona norte: Braga, Barcelos, Famalicão e Guimarães;

Grande Porto: Maia, Matosinhos, Porto, Gondomar, VN Gaia e SM Feira;

Zona centro: Coimbra, Viseu e Leiria;

Área metropolitana de Lisboa: VF Xira, Loures, Odivelas, Amadora, Sintra, Cascais, Oeiras, Lisboa, Almada, Seixal e Setúbal;

Algarve: Faro e Loulé.

Vejamos alguns números que ilustram a relevância destes concelhos no espetro nacional: são 6% do território nacional, incluem 45% da população residente, ocupam 26% do parque habitacional, têm 44% das dependências bancárias, perfazem 45% do consumo de eletricidade, absorvem 70% dos médicos e nelas se situam 46% das empresas nacionais…

= Questões (quase) mínimas se nos devem colocar perante estes dados dum país (tão) inclinado para o mar, que abandona o interior e atende, essencialmente, às reivindicações dos autarcas minoritários:

- Não teremos andado, particularmente após a revolução de abril, a engordar os ricos e a esfolar os mais pobres?

- Os equilíbrios e as alternâncias no governo das autarquias favoreceram ou prejudicaram as populações mais desfavorecidas?

- Será que só muda quem ocupa o lugar ou este faz as pessoas serem iguais na presunção?

- Onde está a igualdade de oportunidades, se os favorecidos moram sempre na mesma rua, avenida, largo ou praça…empurrando para fora do quintal do poder quem não se digne concordar ou, simplesmente, calar-se com uns subsídios de circunstância?

- Porque têm memória tão curta os prejudicados pelo favorecimento dos ricos, quando se dizem com raízes noutros espaços que não esses onde são bafejados pela sorte ou cumulados de proveitos mesmo sem tal cultivarem?

- Porque será que os que são de fora deste círculo de interesses autárquicos não conseguem ultrapassar certos complexos de inferioridade, tanto dentro dos seus partidos como no conjunto da governação nacional?

- Agora que já fizeram quatro anos de ‘nojo’ fora do poder porque ressurgem certas figuras a candidatarem-se aos mesmos postos? Será por serviço ou por conveniência de protagonismo?

= Diante do espetro sócio-económico dos 26 concelhos mais ricos e, se reduzirmos o zoom, ficarmos nos sete mais relevantes, agora se compreende que as notícias surjam quase sempre destes espaços, relegando para o esquecimento os outros trezentos e tal…mais pobres ou descapitalizados de população e do resto das necessidades mais básicas. Dá a impressão que uns tantos que deambulam por tais cenários já não conseguem pensar doutra forma e nem a dita ‘defesa das populações’ nos convence a nós, quantos mais a eles!

Urge, por isso, fazer uma séria reflexão sobre as causas de termos chegado a este beco, pois parece que ele não tem saída, na medida em que se vai prolongando no poder – veja-se o impedimento de mais de três mandatos consecutivos – quem a ele se afeiçoou e com dificuldade se consegue distinguir o lugar da pessoa, dando a impressão de que vivemos numa oligarquia dos menos maus, sustentada pelos acomodados, que já nem votam, pois as mudanças podem ofuscar o pouco feito…dizemo-lo em tantos dos municípios das periferias daqueles 26 mais relevantes… Em breve seremos chamados a pronunciar-nos, não fiquemos em casa!

 

António Sílvio Couto



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