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segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Tantas situações ululantes!


Nos tempos mais recentes temos sido matraqueados com a sigla TSU, numa designação que se tem vindo a considerar menos boa em abono de quem a usa e, sobretudo, quase como arma-de-arremesso para com quem a tenta obstaculizar… Sabe-se lá com que razões e o seu contrário, isto é, quem a deseja favorecer…

A tal sigla TSU resume a pretensão de ‘taxa social única’, mas não querendo deixar de considerar o problema que a dita se tem tornado, quisemos apreendê-la como ‘tantas situações ululantes’…

Fazemos uma descrição do que é a TSU e depois voltaremos às tais situações ululantes… 

= Tanto quanto conseguimos consultar, a Taxa Social Única é um encargo das empresas que incide sobre o salário mensal de cada trabalhador e que é encaminhado para a segurança social. Na prática a TSU é o montante que trabalhadores e empresas descontam mensalmente para a segurança social em ordem a, no futuro, serem pagas as reformas de cada funcionário, tendo em conta aquilo que ganhava enquanto trabalhava.

A TSU sobre o trabalhador, em Portugal, é de 11% e a TSU sobre as empresas, com base no trabalhador, é de 23,75%... Até ao início deste ano, as empresas beneficiavam de um desconto de 0,75% tendo em conta os trabalhadores que recebiam o ordenado mínimo, quando atualizado, cifrando-se, assim, a TSU em 23%...

De acordo – se houve ou haverá mesmo o dito! – com uma medida concertada entre governo, patrões e uma central sindical, até janeiro do próximo ano – portanto a prazo – haveria uma descida da TSU em 1,25% em relação a empresas que tivessem de aumentar o salário mínimo nacional para 557 euros, tendo em conta os trabalhadores abrangidos…

Parecem ser estes os factos discutidos e acertados na ‘concertação social’, mas o assunto não parece reunir concordância entre todos os partidos no parlamento, seja naqueles que suportam o governo, seja nas oposições… E aí caímos nas tais situações ululantes! 

= Efetivamente temos visto ‘tantas situações ululantes’ que quase nem sabemos quem fala verdade e, particularmente, quem tem razão. Desde já valerá dar o significado (variado) de ‘ululante’, pois, o que temos visto anda um pouco nas franjas do significado original. Ulular quer dizer uivar. Ululante tem como sinónimos: uivo, grito, alguém que berra, que faz barulho…

Com efeito as ‘tantas situações ululantes’ têm-nos sido servidas pelos diversos intervenientes, pois alguns não se escusam de se fazerem notar por entre argumentos pouco abonatórios de quem os profere.

- Uns dizem que a TSU não pode ser moeda de troca para o aumento do ‘ordenado mínimo nacional’, pois estar-se-ia a favorecer os empregadores e, por outro lado, tal medida traria prejuízo futuro para a segurança social. Será preciso a certas pessoas passarem pela apertada condição de ter de pagar os ordenados, quando faltam os meios para que isso se possa verificar sem fazer perigar as instituições e as pequenas empresas. Bem se vê que nunca tiveram essa tarefa, pois lhes é facultado o que exigem sem olhar a meios nem a tribulações. Alguns que têm agora essa função – depois de terem estado do outro lado da trincheira – vão reclamando em surdina, embora consigam – sabe-se lá até quando! – agradar aos mentores dos aumentos, mesmo que falhando as obrigações para com os (seus) funcionários…

- Quem negociou a medida quer agora trazer à liça outros que, não tendo sido tidos nem achados, se vão encrespando nos seus interesses, podendo ser-lhes prejudicial (eleitoralmente) tal posição. Dizem que não querem ser muleta de decisões para as quais não foram consultados. É possível que muita coisa deveria ter mais em vista o bem comum do que as tricas (meramente) partidárias. No entanto, deixa um pouco a cogitar – quem ainda tiver oportunidade e paciência para tal! – que se queira colher resultados sem semear no campo correto, isto é, uns são os que comem a fruta e outros limitam-se a observar os caroços depois de comidos…

- Há forças sociais e ideológicas com bastante poder de argumentação, sabendo desviar a atenção dos problemas reais, entretendo-se e fazendo entretenimento com fait-divers de somenos… Quando teremos uma comunicação social que seja independente e capaz de ver as várias perspetivas e não vá continuando a ser caixa-de-ressonância do dono? Para quando deixarmos de ter ‘tantas situações ululantes’ sem rosto nem consequências? O povo merece muito melhor!...

 

António Sílvio Couto 



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