Decorreu, de 16 a 19 de janeiro, na Praia da Rocha (Portimão), a atualização do clero das dioceses de Algarve, Beja, Évora e Setúbal, subordinada ao tema: levar Cristo às periferias humanas e existenciais – novos areópagos.
Cerca de
cento e vinte padres e diáconos daquelas dioceses refletiram sobre desafios
pastorais da cultura digital, redes sociais e comunicação social… incluindo
ainda vários painéis – sobretudo com leigos – onde foram apresentados olhares
em áreas prioritárias da ação pastoral da Igreja, tendo ainda sido escutadas
‘boas práticas’ nas dioceses envolvidas…
Nos
primeiros dias houve tempo e espaço para conferências de especialistas vindos
de Roma – António Spadaro (jesuíta) e Martin Carbajo (franciscano) – que
lançaram leituras, propostas e desafios a ter em conta na era digital, que
estamos a viver. A segunda parte destas jornadas foi ocupada com intervenções de
pensadores e de leigos cristãos/católicos que vivem e testemunham a sua fé em
contextos diversificados como a cultura, a política, a música, o desporto, a
interculturalidade e mesmo na religiosidade popular.
=
Respigamos agora algumas das frases escutadas:
*
Misericórdia como categoria política – não se pode mais considerar ninguém
definitivamente perdido… Ter um pensamento aberto – pronto e disponível a
romper esquemas… Na periferia se mede como funciona o centro… A Europa é um
processo e não só um espaço… Da pastoral da resposta à pastoral da pergunta,
reconhecendo as respostas justas… Precisamos de valorizar a evangelização da
pergunta… Da transmissão da fé à pastoral do testemunho…os conteúdos passam, se
há pessoas que os partilham… Capacidade de escuta: saber escutar o que os
outros dizem (António Spadaro).
*
Conhecer as linguagens, dinâmicas e símbolos da era digital… As redes sociais
são lugares antropológicos que constroem a nossa identidade… A rede social
favorece o contacto, mas não impede o isolamento… O ambiente digital é um
ambiente de vida… A Igreja promove a unidade e a reconciliação, enquanto os
meios de comunicação buscam o sensacionalismo (Martin Carbajo).
* Visão
de conjunto do património e não uma fragmentação… Compreensão do outro e do
diferente… Serviço público não é serviço estatal… Falar de cultura não é
esquecer a economia… Voltar a falar da caridade, como cuidado e relação com os
outros… Estar atentos à realidade que está a mudar… A cultura são as pessoas…
Educação-ciência-cultura… Necessidade de compreendermos os grandes desafios
(Guilherme d’Oliveira Martins).
* A
Igreja foi sabendo criar continuidade em resposta a cada tempo… Dicotomia
sacro-profano… interpretação entre Europa do Norte, protestante e do Sul,
católica (Rui Vieira Nery).
* Após o
Concílio Vaticano II deu-se uma espécie de neo-realismo devocionista…suprimiram-se
procissões, devoções e criou-se um vazio… Não se pode nivelar sem saber
valorizar (Francisco Couto).
*
Estamos muito dentro de nós e não colocamos Cristo em primeiro plano…
Importância de assumir-se como cristão e do testemunho na vida…não perder as
oportunidades de dar testemunho de Cristo vivo (Fernando Santos).
Atendendo
a mais esta oportunidade de aprendizagem – tanto de conteúdos como de
ferramentas – cremos que será numa intercomunhão entre as dioceses e,
sobretudo, dos padres com os leigos que haveremos de ir crescendo na
consciência de que a mensagem do Evangelho continua atual, mas precisa de saber
cuidar dos instrumentos para fazer Jesus conhecido, por entre tantas outras
propostas num mundo secularizado e egoísta. Abertura à humildade em aprender e
em caminhar com os outros, precisa-se!
António Sílvio Couto
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