Esta expressão – ‘rebeubeu, pardais ao ninho’ – significa, em linguagem de
frases idiomáticas, um grande alvoroço… mesmo que sem grande resultado, e, como
os pardais, com muito chilrear e esvoaçar… à volta do ninho. Este adágio foi ainda
título de um programa radiofónico na década de 80, sendo usada para exprimir a
caraterização de algo ou alguém que faz muito barulho, mas cujo proveito não é
grande coisa… nem para o próprio e muito menos para os outros!
= Neste tempo de silly season – isto é, época sem grandes notícias…em que
as poucas que há são empoladas – o tema do aumento do IMI (imposto municipal
sobre imóveis) parece configurar um bom exemplo da expressão: rebeubeu, pardais
ao ninho! Com efeito, há coisas que, por serem um tanto caricatas, quase se
tornam ridículas, como por exemplo: o custo da taxa pela exposição ao sol… Até
há pouco tempo pensava-se que o sol ainda era gratuito, mas com estas
‘inovações’ fiscais ficamos a perceber que não é (nem vai ser) bem como tem sido
até agora!
Numa espécie de jogada – a fórmula foi a de decreto do governo – o assunto
do IMI não passou pelo parlamento, pois aí a geringonça tinha (tem) de se
pronunciar e ver-se-ia, afinal, quem é amigo do povo ou quem enche a boca com a
sua defesa, mas, na hora da verdade, alinha pela capitalização das autarquias e
pela carga de impostos, o que quer significar austeridade ao menos para alguns…
Não será possível que, quem legisla, se aperceba das interpretações a que
podem ser sujeitos? Não haverá capacidade de autocrítica para perceberem que
nem tudo vale, mesmo que se possa quase tudo poder?
Já só falta criarem uma nova ordem de avaliação em impostos onde os mais
altos em estatura – porque mais expostos ao sol e com melhor vista/visão –
podem ser submetidos a outras taxas que os mais pequenos não conseguem por
medirem menos na sua corporalidade!
Noutros países a massa corpórea (peso) já conta na hora de elaboração de
contratos de seguros de saúde… Em breve estaremos sujeitos a certas
arbitrariedades de quem quer ganhar dinheiro a todo o custo!
= Vivemos num tempo em que esperteza duns tantos quase se esquece da
inteligência dos outros. Com efeito, há argumentos que, quando usados, se
invertidos, podem ser a desgraça de quem os utilizou. Será que as pessoas não
cuidam de ver todas (e muitas mais) as implicações daquilo que dizem ou acusam
nos seus adversários?
Neste afã de querer mostrar serviço, há situações que precisam de ser muito
melhor calculadas, pois, na maior parte dos casos, encontramos episódios que,
de tão caricatos, se podem tornar reveladores da ignorância de quem, tendo
responsabilidade pública e decisória, precisa de ser mais ponderado, astuto e
sério, tanto nas palavras como nos atos.
= Já passaram umas décadas – meados dos anos 80 – quando surgiu uma
publicação intitulada: …com paredes de
vidro! Nesse ensaio literário, o chefe ao tempo procurava explicar certas
objeções e refutar outras tantas acusações… em ordem a cativar novos
simpatizantes e aderentes. Só que, ao final dessa mesma década, caiu o ‘muro de
Berlim’ (1989) e os argumentos, então aduzidos, ruíram com facilidade… pelo
menos para quem não perfilava tal ideologia.
Ao vermos as atitudes de certas figuras atualmente como que sentimos que há
pessoas que não conseguiram interpretar os factos históricos do seu passado nem
os do nosso presente coletivo. Fixaram-se numa leitura histórica tão
envelhecida que, por muito que lhes tentem dizer outra coisas, ainda estão
ancorados em clichés sociais e em muitas outras vivências ultrapassadas pela
evolução histórica, social, económica e cultural.
= ‘Rebeubeu, pardais ao ninho’… neste país à beira-mar plantado, em que é
quase confrangedor vermos como nos querem entreter com questões de
lana-caprina, distraindo-nos do essencial e levando-nos a perder tempo com
futilidades feitas de acontecimentos… ocos, virtuais e vazios!
António
Sílvio Couto
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