Foi
anunciado: vai ser lançado um denominado programa ‘qualifica’, ao que parece
uma espécie de recauchutagem das ‘novas oportunidades’ dum governo socialista
anterior…
De entre
as várias considerações para tal programa incluem-se a tentativa de certificar
uma espécie de processo de formação – uns dizem que de adultos sem a
escolaridade mínima, outros já falam em dar emprego a professores excedentários
– aumentando os ‘centros de formação’ até três centenas, gastando mais de cinquenta
milhões de euros, usando a formação dada (já) por algumas escolas e (ditos)
centros de formação profissional, tentando dar validação de competências e
reconhecimento do que já é feito… Numa palavra: quer-se (pretensamente)
qualificar adultos para programas de estatística e gastando dinheiro que está
disponível pela União Europeia…
= Quem
possa ter visto referências às ‘novas oportunidades’ foi como que patente um
resvalar para a mera propaganda, onde uma grande parte das pessoas foi usada
para fins (eminentemente) partidários. Dizem que de cerca de um milhão de
inscritos – ao tempo – mais de 400 mil adultos obtiveram certificação escolar
no âmbito daquele programa, em 2005, dando-lhes equivalência ao nível do ensino
básico ou secundário… A duração, em média dos (ditos) cursos foi entre cinco e
dez meses, tendo por base a experiência de vida – umas vezes profissional,
outras de desemprego e tantas outras de nítido compadrio – dos candidatos.
= Há
fontes de informação – não se sabe com que verdadeira origem, embora se possa
colocar uma certa e fundamentada suspeita – que dizem que 55% da população
portuguesa adulta não tenha completado o ensino secundário… Atendendo às
intenções governamentais tais circunstâncias condicionam ‘o potencial de
crescimento, de inovação e de produtividade do país’, criando ainda dificuldades
– segundo as mesmas fontes – à ‘participação e à progressão destas pessoas no
mercado de trabalho’!... Aqui se incluem ainda os que, em idade escolar,
abandonaram a frequência letiva em ordem à escolaridade obrigatória.
= Se
atendermos aos apresentadores públicos do recente ‘programa qualifica’, vemos
que ambos são da margem sul do Tejo, com ramificações a outros governantes e
como que fazendo-se patrocinadores de algo que não condiz com a valorização
daqueles a quem se destina o dito programa. Pelo contrário, parece que isto foi
urdido para tentar empregar mais professores do que para valorizar ‘estudantes’,
tendo em conta que até querem dar uma espécie de ‘passaporte qualifica’, onde
se insere mais uma lógica de curriculum do que certificado de estudos
avaliados, feitos e sérios…
= Este é
mais um ato de reverter, tentando dar a sensação de que se está a fazer algo
pelo povo mais desfavorecido. Ora, tal iniciativa parece antes servir a certos
infantes em etapa de prestação de provas, dando aos seniores da cúpula a
possibilidade de colher os louros ou, se falharem, de serem empurrados para fora
da corrida, tendo em conta se o programa não verifique alguma procura ou grande
aceitação. Com efeito, o quase meio milhão de jovens ‘nem-nem’ – isto é, nem
estudam nem trabalham – como que podem ser campo de recrutamento para este
programa… desde que ele possa servir os intentos de quem se propõe prolongar a validade
da geringonça por mais alguns meses… mesmo que à custa de proventos vindos da
UE.
= Com
tudo quanto temos vindo a viver nos tempos mais recentes e que poderemos ainda
vivenciar a curto e médio prazo, consideramos que este ‘programa qualifica’
pode ser mais uma patranha de engano e de falsidade de quem nos vem governando.
Com efeito, não é com soluções de facilitismo que iremos credibilizar o país e
os mais novos. Não será com a recuperação de falhanços doutros tempos que
iremos construir algo de sério e sensato. Não será com diplomas a pataco que
iremos dar cultura a quem não lê, não escreve, não pensa e tão pouco tem
opinião própria e fundamentada com argumentos racionais e não meramente
emocionais…
Portugal
merece melhor. Assim o decidamos com verdade e ousadia, brevemente!
António
Sílvio Couto
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