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segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Inabilidade, paga-se…


Nos tempos mais recentes temos sido confrontados com uma razoável inabilidade – isto é, falta de capacidade, abrangendo a inteligência e/ou a esperteza – de vários intervenientes, tanto na área política como na vertente social e económica, incluindo ainda setores onde a decisão sobre as pessoas deixam muito a desejar… sobretudo nos resultados finais.

Veja-se o que tem sido feito na área das decisões políticas, onde os atores se têm tornado numa espécie de ‘notas de rodapé’, quando se deveriam ter assumido como título em matérias como a fiscalidade, as mudanças do IMI, as viagens pagas por empresas a governantes para ir ver o futebol, as trocas e devoluções dos gastos do Presidente da República…Os mais altos responsáveis na matéria estão ‘para banhos’ e fazem de conta que não é nada com eles, colocando figuras de segunda linha a ripostar às perguntas e às questões.

Não será que esta razoável inabilidade em enfrentar os problemas – grandes ou pequenos, mais visíveis ou escondidos, na capital ou no estrangeiro – reverterá contra os seus fautores? Ou será que as indicações das (pretensas) sondagens já permitem uma certa sobranceria de quem já ganhou sem jogar? Até onde irá, por outro lado, a incapacidade dos opositores em se apresentarem para ser alternativa credível? Bastará esperar que a geringonça encalhe – sabe-se lá quando ou qual a possível razão! – para que possam retomar o caminho do poder?  

= Os tempos não estão para cantilenas – para usar um termo dum político autarca retirado – e as coisas não se resolvem sem decisões. A economia está paralisada e nem mesmo os dados – sabe-se lá com que credibilidade – do desemprego animam as hostes. Apesar duma certa pacificação laboral, não podemos crer que tudo está bem por decreto, pois noutros locais tudo parece pacificado mas o som é de morte…

Podem vangloriar-se de não termos sido claramente castigados pela União Europeia, mas a fatura virá com um saldo bem mais amargo do que aquele que nos têm estado a vender a retalho. Será de pouca inteligência acreditar que na Europa nos levam a sério, pois o jeito para fazer contas certas não costuma ser apanágio dalgumas forças partidárias. Será mera coincidência que os três anteriores pedidos de ajuda – em 1977, em 1983 e em 2011 – às instâncias internacionais tenham ocorrido depois dos mesmos terem ocupado o poder? De facto, parece que não conseguimos aprender com as lições do passado…nem do mais recente, que tanto nos custou a suportar… depois de – assim pareceu – termos atingido um certo nível de vida à maneira europeia! 

= Não será preciso ser grande estratega nem tão pouco aprendiz de adivinho para percebermos que já estamos num plano inclinado que nos irá levar a novo resgate. De pouco adianta dizerem que não acontecerá, pois as promessas irreversíveis não poderão continuar a iludir os mais distraídos. Pode o povo – essa entidade tão celestial quão etérea – andar com mais dinheiro no bolso ou com o cartão mais recheado, mas bem depressa compreenderá que lhe têm andado a vender ilusões, muitas delas que serão pagas a peso de sacrifícios a curto e médio prazos.

O pior de tudo isto é que não se veem pessoas capazes e competentes para nos falarem verdade e de nos envolverem na solução dos problemas, pois cada qual se acha senhor da razão, mas sem categoria para ser credível na forma e no conteúdo. Uma grande parte ancora as suas ideias (ou serão ideais?) na Constituição da República, mas esquece-se que essa tal está cheia de tiques ideológicos dum tempo já ultrapassado e vencido nas mudanças com a ‘queda do muro de Berlim’… Agora vemos surgirem uns novos pregadores da bonomia do Estado – uns dizem-no social, outros apelidam-no de protetor e outros ainda de protecionista – desde que lhes cubra a carreira, os lucros e até o sucesso sem trabalho!

Para uns tantos a iniciativa privada – essa que paga impostos e faz crescer a economia real – surge-lhes como algo a abater, mas depois quem suportará tantos desmandos da governação… Os milhões de trabalhadores não-estatais merecem mais respeito e cuidado. Não pode uma pequena minoria – cerca de seiscentos e cinquenta mil – tornar o país refém dum futuro mais sereno… só porque se acham donos de direitos e desculpados de deveres! Basta de tanta inabilidade!         

 

António Sílvio Couto

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