Foi um
episódio relacionado com o ‘europeu de futebol’ que tem estado a decorrer em
França: o capitão da seleção portuguesa – sem mais nem quê – pega no microfone
duma televisão e lanço-o ao lago… decorria um passeio – dizem – que de descontração
e, sentindo-se importunado por uma pergunta – ao que parece não estava previsto
que pudessem ser feitas – rapou do dito e água com ele…
Houve
milhentas interpretações – lá como cá – sobre a atitude do jogador, nalguns
casos os intérpretes eram mais juízes em causa própria do que pessoas de
bom-senso e comedidas nas possíveis razões para tal ação tão intempestiva e
talvez menos bem-educada.
Soube-se
depois que, nas vésperas daquele episódio, o tal canal televisivo/jornal terá
passado uma estória pouco abonatória da família do dito capitão… aliando isso a
quezílias anteriores, tivemos aquele espetáculo pouco agradável e benéfico seja
para quem for!
= Por
momentos quase será necessário perpassar outras situações onde certos
jornaleiros – sim, porque os jornalistas não são nem devem ser aquilo que uns
tantos e outras mais fazem daquilo que devia ser uma profissão com ética e
respeito por todos – se comportam de forma menos consentânea com os direitos,
liberdades e garantias de todos os cidadãos… de forma igual e com idêntico
trato de educação.
Recordo
um momento em que (ao tempo patriarca de Lisboa), D. José Policarpo respondeu a
uma jornalista: ó menina, isso é pergunta que se faça? Com efeito, certos ‘pés
de microfone’ são pouco respeitadores das pessoas e inconvenientes nas
situações em que elas se encontram. De facto, terá algum sentido perguntar a
alguém que está a viver um momento de tristeza ou de tragédia: como é que se
sente? Até onde poderá ir a capacidade de informar e/ou de incomodar?
= Como
se nem tudo se pode dizer também nem tudo se deve perguntar. Cremos que se
todos tivéssemos presente esta perspetiva não andaríamos por aí a escarafunchar
a vida alheia nem certas publicações e emissões televisivas ou de redes sociais
seriam tanto como são: esse espaço de desonra ou de bisbilhotice da vida dos
outros. Não há desculpa alguma para que tenhamos de ser continuamente
provocados por pessoas cujas vida é tão banal que só têm visibilidade se
disserem mal dos outros ou se inventarem ‘casos’ e ‘situações’ onde os outros
são ofendidos no seu bom nome e honra… e – pior – não se podem defender, pois
não têm as armas que são usadas contra eles.
= Há, de
verdade, momentos em que atirar o microfone ao charco poderá ser a melhor forma
de calar certas vozes e de submeter certas opiniões àquilo que são: lixo
informativo e manipulação abusiva, indecente e vendida. Ouvimos com alguma
estranheza uma ‘senhora jornaleira’ num canal português a opinar sobre as
eleições em Espanha sobre os resultados – falava quando só tinham saído
sondagens – do ‘Podemos’, argumentando que o voto nesta mescla partidária era a
manifestação do voto de eleitores cultos, esclarecidos e comprometidos… Ora,
decorridas umas breves horas a altissonante opinião foi contrariada pelos reais
resultados, pois os ditos perderam votos e deputados e não creio que, quem
neles não votou, seja menos culto, menor de esclarecimento e talvez menos bem
informado para com os destinos que quer para o seu país. A quem interessa
promover, assim, pessoas com visões tão ‘progressistas’? Será que estava a ler
pela cartilha dalgum grupo à portuguesa? É bom que dispam a capa ideológica,
quando emitem notícias!
É
perigoso que andemos a fazer esta figura de ‘intelectuais’ só num dos lados da
barricada, julgando com a sua esperteza sem contar com a inteligência dos
outros! Honestidade e ética a quanto obrigarias!
= Outro
setor onde o microfone devia ser atirado para a lama mais mal cheirosa é quando
se ouvem as opiniões no mundo do desporto e do futebol em particular. Nota-se
uma clubite tal que se torna abjeto escutar certos figurões. Isto é tanto mais
grave quando vemos pessoas com instrução – mas pelas posições e palavras usadas
denotam pouca educação e senso! – a descerem ao nível das tabernas mais
esconsas dalgum lugar tenebroso… É tempo de dizer basta a quem não respeita a
capacidade reflexiva dos outros!
António Sílvio Couto
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