Frenologia
foi uma ‘ciência’ que pretendia ser capaz de determinar o caráter, as caraterísticas
de personalidade e até algum grau de criminalidade pela forma da cabeça.
Teve
grande importância no século XIX, mas que agora está desacreditada e
considerada uma pseudociência. Em certos momentos da história até serviu para
decretar uma espécie de eugenia, isto é, da seleção dos melhores para a
purificação da raça.
Os
princípios da frenologia eram que o cérebro é o órgão da mente e essa mente
teria um jogo de diferentes faculdades mentais e de comportamento, sendo que
cada sentido em particular tem a sua representação numa parte diferente do
cérebro…
= Por
ocasião da primeira república, em Portugal, houve tentativas duma espécie de
frenologia, colocando sob suspeita, a partir da medida da cabeça e da respetiva
análise, os que a tal pretenso método eram submetidos. Não foram só os doentes
do foro psiquiátrico que tiveram esse tratamento, mas também alguns setores
religiosos como que tiveram de estar mais ou menos sob inquérito… sendo
colocados muitos deles numa quase subalternização e menosprezo.
Nem
sempre se fala da condução desta ‘ciência’ como eivada com propósitos menos
humanos, mas, pelas leituras da história do século passado, podemos ver muita
mais gente do que parece a alicerçar as suas motivações sociais pela frenologia
tácita ou declarada. Vejamos os vários ‘ismos’ a que estivemos submetidos em
vários momentos e partes da Europa. Não terão sido tentativas – mesmo que
capciosas – de colocar em prática o acento nas leituras de caráter e de
personalidade eivadas de preconceito ideológico… desde que fosse diferente de
quem reinava? Porventura os sinais de perseguição em certas matérias não
poderão andar associados a uma certa frenologia mais ou menos incipiente?
= Agora
que estamos na terceira república parece que têm vindo a ser ressuscitados
certos fantasmas que vigoraram na primeira república. Atendamos, mesmo que de
forma breve, ao que temos visto na área da educação nos tempos mais recentes.
Parece que, quem não seja pela escola estatal, tem de ser submetido a algum
exame de teor patológico, pois não será de igual inteligência com quem seja
acérrimo defensor da dita estatização do ensino/aprendizagem. Parece que pouco
mais falta de que venham medir a cabeça – caraterísticas, aptidões ou personalidade
– dos que não tenham sido formados exclusivamente pela ‘escola pública’…
Dá até a
impressão que certos gurus da primeira república – estudiosos, historiadores e
militantes de forças antirreligiosas – que influenciam o pensamento dalguns
governantes estão a marcar o ritmo de quem depois decide. Dá a impressão que
algum eugenismo intelectual perpassa pela programação dos estudos nas escolas
básicas e secundárias. Nota-se uma tentativa de condicionar – para já de forma
económica – a liberdade de ensino e de escolha que os pais possam ter para com
os seus filhos, pois estes são como que nacionalizados na forma e, em breve, no
conteúdo.
=
Perante tais sinais urge, antes de mais, denunciar as tentativas com querer
reduzir ao silencia os que pensam de forma diferente e que não seguem pela
mesma cartilha… maioritária. É preciso refletir com maior consistência sobre as
razões da nossa liberdade e não tanto andarmos a reagir só quando nos atingem
ou atacam… mesmo que de soslaio.
Porque
há valores que são inegociáveis, temos de unir-nos para que não se ande ao
sabor dos ditames de maiorias políticas circunstanciais. Porque não é com
chavões ou frases-feitas que se resolvem os problemas essenciais, precisamos de
saber com quem contamos não só na hora da vitória, mas também nos momentos de
insucesso.
Algum
otimismo é bom e salutar, mas continuar a insistir nele como ilusão, só engana
o próprio e os outros… E de mentiras já estamos todos mais do que cheios.
Queira Deus que saibamos aprender com as lições do passado!
António Sílvio Couto
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