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segunda-feira, 6 de junho de 2016

O punho cerrado voltou! Porquê?


Já foi marca simbólica partidária: o punho fechado direito como comunista e o punho cerrado esquerdo mais com ligação aos socialistas…

Depois decorreram deambulações, emblemas, sinais e trejeitos mais ou menos subtis… como flores a tentarem disfarçar as leituras e as pretensões…desde rosas até girassóis, passando por canções pretensamente emblemáticas… como inovadores e saudosistas a disputarem espaços de governança e até de superioridade ideológica.

A sessão de encerramento dos socialistas em congresso foi um ritual digno de ser estudado: com um excessivo espaço para os participantes, com decorações florescentes e algo tépidas, com intervenções medianas e enquadramentos onde as palmas surgiam antes do resto da frase…mesmo que próprias de quem estava a ser figurante dum espetáculo a recibo.

Porque não queremos deixar passar esta oportunidade para tentarmos ir descodificando os sinais e as implicações daquilo que nos pode esperar nos tempos mais próximos, apresentamos uma singela reflexão sobre alguns dos tiques manifestados…mesmo que tenham intentando abjurar quem se lhes oponha sem ter sido convidado…como os que pretendem ser ouvidos sobre a liberdade de ensino e de escola… com ou sem contrato de associação! Agora sentem-se incomodados, antes foram incomodando… sem freio nem pejo! 

= Já fizemos em tempos recentes uma interpretação do ‘sinal das setas’… como símbolo de um outro partido político português. Agora queremos acrescentar um pouco mais a essa leitura – política e social, económica e financeira, autárquica ou de âmbito nacional – e que está envolvida na exibição do punho cerrado (ou fechado) como algo que tem a dizer sobre uma saudação, expressão de unidade, de força e de desafio ou resistência, sendo usado – preferencialmente – por ativistas de (dita) esquerda, onde se incluem marxistas, anarquistas, comunistas e pacifistas…

O punho cerrado envolve algo que tem a ver com a defesa dos oprimidos (no passado ou no presente), simbolizando – segundo algumas interpretações – a luta de classes e uma espécie de prossecução por melhores condições de vida…ao menos no entendimento dos seus mentores e executores. 

= Chegados ao meio da segunda década do século vinte e um ainda vemos sinais duma política do século XIX, respigando simbologias que foram importantes para a codificação da luta proletária e sindicalista, do combate entre forças mais ou menos contestatárias e antirracistas, de intenções acrisoladas nas masmorras da perseguição, de ideários tecidos nas vicissitudes dos mais pobres contra setores ricos… Muito daquilo que faz história em certos partidos soa a estórias dum passado (pretensamente) glorioso, mas um tanto revanchista ao menos para com aqueles que têm menos de cinquenta anos e mal viveram as agruras do regime anterior… Não será desta forma crispada e azeda que se irá construir um país onde o valor das pessoas se meça pela competência e não pela colagem de cartazes e boicotes em maré de eleições! 

= Nota-se ainda, em Portugal, um certo historicismo marxista que querer continuar a agregar alguns dos mais novos, cuja linguagem ressoa a lições de sistema recebido na escola de combate, mas não na de construção dum futuro onde os mais capazes estejam no espaço de serviço ao público e menos os que foram colocados pela coloração do cartão de filiação partidária ou pela ascensão de loja de avental… Em certos momentos esta conjugação parece verificar-se mais claramente. E os congressos dos partidos como que se tornam a montra de interesses e, porque não, de vaidades mais ou menos recorrentes… Vimo-lo por estes dias e vê-lo-emos noutras ocasiões e com outros intérpretes… a curto e médio prazo! 

= Muito honestamente não aprecio mãos fechadas e tão pouco punhos cerrados, pois acredito que seremos mais felizes e criadores de bem-estar com as mãos abertas e dadas… mesmo com aqueles que nos possam contestar ou opor-se-nos… É uma questão de princípio, aqui e agora!   

 

António Sílvio Couto





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