Já foi
marca simbólica partidária: o punho fechado direito como comunista e o punho cerrado
esquerdo mais com ligação aos socialistas…
Depois
decorreram deambulações, emblemas, sinais e trejeitos mais ou menos subtis…
como flores a tentarem disfarçar as leituras e as pretensões…desde rosas até
girassóis, passando por canções pretensamente emblemáticas… como inovadores e
saudosistas a disputarem espaços de governança e até de superioridade
ideológica.
A sessão
de encerramento dos socialistas em congresso foi um ritual digno de ser
estudado: com um excessivo espaço para os participantes, com decorações
florescentes e algo tépidas, com intervenções medianas e enquadramentos onde as
palmas surgiam antes do resto da frase…mesmo que próprias de quem estava a ser
figurante dum espetáculo a recibo.
Porque
não queremos deixar passar esta oportunidade para tentarmos ir descodificando
os sinais e as implicações daquilo que nos pode esperar nos tempos mais
próximos, apresentamos uma singela reflexão sobre alguns dos tiques
manifestados…mesmo que tenham intentando abjurar quem se lhes oponha sem ter
sido convidado…como os que pretendem ser ouvidos sobre a liberdade de ensino e
de escola… com ou sem contrato de associação! Agora sentem-se incomodados,
antes foram incomodando… sem freio nem pejo!
= Já
fizemos em tempos recentes uma interpretação do ‘sinal das setas’… como símbolo
de um outro partido político português. Agora queremos acrescentar um pouco
mais a essa leitura – política e social, económica e financeira, autárquica ou
de âmbito nacional – e que está envolvida na exibição do punho cerrado (ou
fechado) como algo que tem a dizer sobre uma saudação, expressão de unidade, de
força e de desafio ou resistência, sendo usado – preferencialmente – por
ativistas de (dita) esquerda, onde se incluem marxistas, anarquistas,
comunistas e pacifistas…
O punho
cerrado envolve algo que tem a ver com a defesa dos oprimidos (no passado ou no
presente), simbolizando – segundo algumas interpretações – a luta de classes e
uma espécie de prossecução por melhores condições de vida…ao menos no
entendimento dos seus mentores e executores.
=
Chegados ao meio da segunda década do século vinte e um ainda vemos sinais duma
política do século XIX, respigando simbologias que foram importantes para a
codificação da luta proletária e sindicalista, do combate entre forças mais ou
menos contestatárias e antirracistas, de intenções acrisoladas nas masmorras da
perseguição, de ideários tecidos nas vicissitudes dos mais pobres contra
setores ricos… Muito daquilo que faz história em certos partidos soa a estórias
dum passado (pretensamente) glorioso, mas um tanto revanchista ao menos para
com aqueles que têm menos de cinquenta anos e mal viveram as agruras do regime
anterior… Não será desta forma crispada e azeda que se irá construir um país
onde o valor das pessoas se meça pela competência e não pela colagem de
cartazes e boicotes em maré de eleições!
=
Nota-se ainda, em Portugal, um certo historicismo marxista que querer continuar
a agregar alguns dos mais novos, cuja linguagem ressoa a lições de sistema
recebido na escola de combate, mas não na de construção dum futuro onde os mais
capazes estejam no espaço de serviço ao público e menos os que foram colocados
pela coloração do cartão de filiação partidária ou pela ascensão de loja de
avental… Em certos momentos esta conjugação parece verificar-se mais
claramente. E os congressos dos partidos como que se tornam a montra de
interesses e, porque não, de vaidades mais ou menos recorrentes… Vimo-lo por
estes dias e vê-lo-emos noutras ocasiões e com outros intérpretes… a curto e
médio prazo!
= Muito
honestamente não aprecio mãos fechadas e tão pouco punhos cerrados, pois
acredito que seremos mais felizes e criadores de bem-estar com as mãos abertas
e dadas… mesmo com aqueles que nos possam contestar ou opor-se-nos… É uma
questão de princípio, aqui e agora!
António
Sílvio Couto
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