São dados dos primeiros cinco meses deste ano – de 1 de janeiro a 31 de
maio – houve 52 mil acidentes rodoviários… que em análise com resultados do
mesmo tempo, no ano passado, corresponde a mais 3.400 acidentes, embora tenha
diminuído o número de vítimas mortais, num total, este ano, de 159 mortos.
Se fizermos as contas poderemos concluir que aquele número inicial de
‘casos’ – 52 mil – poderá dar-nos: cerca de 340 acidentes por dia e
consequentemente mais ou menos catorze situações de acidente (colisão,
despiste, atropelamento, ferimentos, etc.) na estrada por hora… em qualquer
parte do país e envolvendo alguém que possa andar na estrada como condutor ou
até como peão.
= Embora a ‘guerra’ da estrada tenha vindo a diminuir ainda podemos
constatar uma espécie de drama que faz de cada viagem – mais longa ou mais
breve – uma espécie de odisseia sobre rodas, tendo em contas as contingências
de cada um dos condutores e da situação das vias.
Nota-se uma crescente consciência dos perigos de andarmos na batalha de
cada dia e seja lá qual for a regularidade com que conduzimos algum veículo,
bem como o seu estado de conservação e mesmo de inspeção.
= Por estes dias teve início uma nova forma de controlo/vigilância dos
condutores – muito para além do seu estado físico e psicológico – com a
implementação da dita ‘carta por pontos’ – doze no total e com a possibilidade
de somar mais três se não se verificarem anomalias decorridos três anos – sendo
registadas as infrações e diminuídos os pontos até se obrigatório um novo exame
de condução…
Poder-se-á dizer que as contraordenações ao código da estrada – atinentes à
nova fórmula da ‘carta por pontos’ – incluem erros básicos e elementares:
excessos de velocidade, condução sob o efeito de matérias estupefacientes, como
o álcool e substâncias psicotrópicas, ultrapassagens antes ou nas passagens
para peões e velocípedes… envolvendo infrações graves (com a retirada em média
de dois pontos em cada uma delas) ou muito graves (com a substração de quatro a
cinco pontos), conjugando as multas (coimas) e a possível inibição imediata de
conduzir…
Antes de entrar em vigor este novo sistema de controlo sobre os condutores
– mais uma vez – certa comunicação social quis fazer dos portugueses e dos
condutores em particular uma espécie de entes desprovidos do mínimo de
inteligência e quase incapazes de nos sabermos adaptar às mudanças… tendo-se
socorrido de exemplos de outros países onde o assunto é tão simples e benéfico
para a paz nas estradas… mas só nós é que parecemos mais uma espécie de
australopitecos – isto é, pessoas sem evolução e diminuídas na compreensão – em
fase lusitana retardada… De facto, já vimos estas cenas em episódios anteriores
e com situações tão básicas que mais uma vez dá pejo ser assim tratado por quem
se julga mais esperto, pois de inteligentes estamos falados!
= Deixamos breves questões sobre alguns dos aspetos considerados:
- Não teremos de aprender a ser educados antes de irmos para a estrada para
que os acidentes sejam prevenidos e não meramente tolerados?
- Não teremos de saber conjugar muito melhor a aprendizagem do respeito do
que termos de conviver com a repressão e as multas?
- Até onde poderá ir a ação fiscalizadora e que seja mais do que uma caça à
multa e à infração?
- Com os números da ‘guerra civil na estrada’ poderemos andar sossegados e
em segurança?
- Será ainda fiável andar na estrada sem temermos novas formas de
‘terrorismo’ exibicionista de novos-ricos – onde o carrão é prolongamento
psicológico freudiano – sem regras nem princípios?
- Para quando a introdução – em igualdade de circunstâncias, em caso de
infração – sobre o uso do telemóvel e do fumar a conduzir?
É urgente mudar o comportamento ao volante, sem que o medo da multa (e as
respetivas coimas) possa ser agravante da boa cidadania e salutar convivência.
António
Sílvio Couto
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