Eis que surge – e ainda bem, para sabermos, de verdade, quem nos governa e
quais os princípios que professa e os meios que usa… bem como ao contrário,
quem nos manipula ou tenta ludibriar – a discussão sobre o sistema de ensino,
que temos em Portugal. Uns querem-no todo e só estatal, outros incluem a
possibilidade de haver escolha no privado e outros ainda tentam ganhar dinheiro
com os lucros que certos regimes permitem ou dissimulam…
Talvez a questão ainda esteja no princípio, mas já vimos defensores e
detratores de qualquer destes hipotéticos regimes, podendo virem a extremar-se
posições, pois pode-se perceber que há, de facto, alguns ou bastantes ‘interesses
alheios’ ao ensino enquanto tal… Não vale a pena regatear!
= Desengane-se quem pense que se vai ‘poupar dinheiro’ com a redefinição
(ou será que não é isso?) dos contratos de associação das escolas…até agora
abrangidas. Isto pode ter criado uma espécie de aferição do atual governo e
seus apoiantes de esquerda para saber – pela reação ou não, pela luta ou pela
aceitação, pelo silêncio aceite ou comprado – se podem interferir noutros
setores onde colidem os (ditos) interesses estatais com o desenvolvimento de
iniciativas privadas, tais como nas instituições particulares de solidariedade
social, abrangendo a infância e a velhice, ou mesmo noutras intenções – já
acenadas – da renacionalização à medida e na semelhança do abrilismo por agora
recauchutado…
= Diga-se em abono da verdade que, quem tem filhos nas ditas escolas com
contrato de associação, é fortemente prejudicado, pois paga os impostos e não
tem os filhos no ensino estatal, tendo ainda de suportar os custos de os
colocarem em escolas que são mais caras… embora de inegável melhor qualidade!
Bastará ver os rankings das escolas e teremos algo a concluir. Com efeito, as
garras de monopólio são muitas e diversificadas… bastará está, minimamente,
atento! Efetivamente, há gente que não sabe conviver com a diversidade nem tão
pouco com a capacidade que tantos outros cidadãos – de cor partidária diferente
e com valores para além da vulgaridade – conseguem realizar sem precisarem dos
proventos estatais…para serem alguém na vida!
= A liberdade de ensino e de aprendizagem é muito mais do que um mero
direito da constituição, é uma inerência da condição humana e dos seus direitos
mais básicos. Os primeiros educadores são os pais e estes nunca devem ser
substituídos pelo Estado, seja ele qual. Já o jacobinismo da primeira república
usou de idênticos truques, tentando criar a nacionalização do ensino e da
educação dos filhos da classe proletária e não só. Dessa época temos nomes que
pontificam nas indicações de ruas e avenidas na maior parte das vilas e cidades
do nosso país… Talvez agora se não deva esquecer quanto vale a força do povo
que pensa e que não se deixa comprar, ontem como hoje!
Mesmo sem nos darmos conta – clara e distintamente – estão a pretender
atingir a Igreja católica nas suas realizações mais básicas e com bons índices
de popularidade: o ensino e os cuidados prestados às pessoas em fragilidade,
seja na saúde, seja na segurança (dita) social ou até mesmo na suplência das
necessidades mais básicas de alimentação, de vestuário e de habitação…
= Talvez quem se quis imiscuir no tema do ensino/educação não se tenha
advertido de que há uma razoável população escolarizada e instruída que não
precisa dos unguentos estatais para sobreviver… o mesmo não se poderá dizer de
quem vive da militância político-partidária, pois muitos deles e delas nunca
souberam o que era trabalhar senão para o dono que cobra impostos aos outros e
a eles/elas lhes dá proveitos em maré de estarem no poder. Dizem que fazem
‘serviço público’, mas deste tentam recolher os proventos que alimentarão as
suas aspirações mais ou menos consentâneas com o ritmo de trabalho… De facto,
não somos um país onde a meritocracia é quem faz sucesso, mas antes quem se
sabe posicionar na grelha de partida dos que adulam e discursam até que se
descubra que não passam de marionetes de pouco mais do que uma feira de
vaidades e dalgumas boas intenções… seja qual for a área e/ou a competência!
António
Sílvio Couto
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