Nos
tempos mais recentes parece que voltou à discussão pública – senão clara ao
menos tácita – a questão do Estado e dos seus poderes e afazeres… desde as
questões de ensino até à economia, passando pelos direitos à saúde, à segurança
(social, da ordem ou nacional), ao trabalho e impostos, às questões de
transportes e aos problemas éticos/morais… Em tudo isto o Estado – anónimo,
totalitário e amoral – pretende ter algo a dizer ou a decidir… mesmo que seja
de forma mais ou menos ideológica.
Por
outro lado, vemos a ser relegado para plano secundário ou insignificante quem
tente tomar as rédeas do investimento – seja em que área for – nesse grande
setor da iniciativa privada, que para alguns dos servidores do Estado – desde
políticos até autarcas, sem esquecer a longa legião de assalariados do regime –
não passam de atentados ao bem público, quando deveria ser entendido como ações
em favor do bem comum. Deste modo parece confundir-se ‘bem comum’ com ‘bem
público’, sendo este como que o chapéu onde se escondem e ‘labutam’ muitos
preguiçosos e beneficiados dos subsídios e prebendas… do Estado!
Só que
há uma grande diferença: quem paga os impostos e alimenta os servidores do
Estado são esses que têm iniciativas de âmbito privado e que produzem para que
o país possa viver acima do nível de estagnação… Isso mesmo temos vindo a ver
nos primeiros meses deste ano, quando o governo – ariete ideológico de certos
interesses do Estado – fez reverter muitas das medidas que faziam acontecer as
exportações e gerar (ainda) algum emprego… Aqui pode estar o ‘segredo’ do
sucesso das medidas do Estado/governo com seus sequazes a reclamar até –
pasme-se! – a renacionalização da banca e de outros serviços, sobretudo onde os
sindicatos têm poder e capacidade de paralisação do país, que são os
transportes...
Não
fosse a nossa integração no plano europeu da UE e estaríamos quase ao nível da
Venezuela, com a agravante de não termos petróleo, como fonte de rendimento… As
exigências que nos vão fazendo para termos equilíbrio nas contas – que alguns
reclamam com sendo interferência do exterior nas nossas decisões mais nacionais
e patrióticas – tornam-nos um tanto menos vulneráveis aos caprichos de certas
forças (ditas) defensoras do ‘Estado social’, mas que, por viverem à custa
dele, não conseguem criar mais do que ilusões nas pessoas que ainda julgam que
temos total capacidade de nos sabermos governar…
= Estado anónimo – sem rosto e quase sem
identidade assumida, vemos que, quando algo é menos benéfico, não é fácil de
chamar à responsabilidade quem possa ter prevaricado. Em certas matérias este
anonimato serve para esconder alguma incompetência, o que se torna ainda mais
grave quando há prejuízos irreparáveis como na saúde, na justiça ou mesmo no
desgoverno de dinheiros (ditos) públicos, com as derrapagens e os custos
acrescidos em tantas obras do Estado…patrão distante e mesmo distraído!
= Estado totalitário – só quem pensa e
faz como a maioria quer e decreta é que pode ter sucesso. Foi-se criando uma
tal dependência do Estado, que há situações quase ridículas, onde senão foi
quem governa a pensar – como se nota isto nas autarquias! – não tem capacidade
de ser concretizado. Nota-se um forte monopólio do ‘pensamento’, sendo muitas
vezes as ideias compradas com subsídios… em vez de serem dadas ajudas à
iniciativa privada! Pior ainda quando é a cor do cartão partidário que faz toda
a diferença, tanto para ser empregado, como ser escutado social e civicamente!
= Estado amoral – embora se diga sem
religião, a neutralidade não pode ser simplesmente agnóstico, pois isto já
seria tomar posição, dando mais cobertura a quem se deseja afirmar como sem
religião ou talvez numa atitude mais anticristã… Embora pretenda dizer-se sem
privilegiar ninguém, quando se legisla sobre matérias de índole ética –
sobretudo nas questões ligadas ao tema da vida – já se está a querer
influenciar ao menos os que não pensam como certos proponentes em matérias a
serem estudadas e não a fazerem disso bandeira de temas fraturantes…como é nítido
neste monopólio reinante.
Disse-se,
em tempos, que é preciso menos Estado e melhor Estado. Não é isso que temos
visto, por agora!
António Sílvio Couto
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