Foi com estupefação que recebi
– via mensagem da arquidiocese – a notícia do falecimento do Padre Manuel da
Costa Amorim… ex-capelão militar da Armada, capelão-chefe do ramo, vigário
geral da diocese da Forças Armadas e de segurança.
Sabia que estava doente – ainda esta semana
lhe enviei uma mensagem escrita a desejar-lhe boa saúde…e não recebi resposta –
desde a Páscoa, com implicações inesperadas e complexas… Ele um militar de
carreira – mais de trinta anos de serviço, contra-almirante na reserva, mas a
prestar serviço de capelão por vocação – teve, nos últimos tempos alguns
achaques que lhe foram – sabemos agora – fatais.
É verdade que somos originários do mesmo
concelho (Esposende), com alguma idade de diferença – ele tinha 63 e eu tenho
56 anos – e só nos aproximamos um pouco mais desde que há dezoito anos vim para
a diocese de Setúbal.
O Amorim era – como diz o título deste breve
testemunho – uma espécie de padre-formiga: trabalhava muito, de forma discreta
e fazia os outros trabalhar também… desde bem cedo e até bastante tarde: era
dos primeiros a passar a ponte e dos últimos a vir do lado de lá!
Encontramo-nos algumas vezes nestes anos por
aqui passados, mas tenho a sensação de nem sempre ter aproveitado da sua
sabedoria e experiência de vida…mesmo no trato com outras estruturas que não
religiosas. O capelão Amorim era respeitado nas forças armadas, tornando-se uma
espécie de referência da arquidiocese de Braga no meio castrense. Soube dirimir
contendas, tanto no espaço castrense como no âmbito eclesial… onde a sua
atitude de maior relevo – se bem que não muito publicitada – foi o ato de
retirada pela reserva antecipada.
É duro perder um padre com esta idade e com
condições de ser muito benéfico para a Igreja e para o meio militar.
A paróquia de Belinho perdeu em pouco mais de
dois anos quatro padres… uns por idade e outros por doença. O Padre Amorim vai
a sepultar no dia mundial das missões. Como gostaria de exprimir ao Céu o
desejo de que a sua entrega possa frutificar em novas vocações naquela
paróquia, em todo o arciprestado e na diocese inteira.
Padre Manuel, não conseguimos cumprir o
desejo que tinhas de nos encontramos, quando estivesses melhor. Aí do Céu olha
para a tua diocese de origem e para aquela em que trabalhaste tanto e pede a
Nossa Senhora que nos dê a todos a tua capacidade de sermos padres mais
formigas do que cigarras!
António
Sílvio Couto da Silva
(natural de Forjães, Esposende e pároco da
Moita, Setúbal)
Obrigado por este resumo dedicado ao nosso conterrâneo P.Amorim, que eu conheci desde a sua infância. VI e me recordo do casamento de seus queridos pais, ao vê-los passar junto à casa onde nasci na vinda da igreja.
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