Dizem
que é uma das mais salutares capacidades da pessoa humana: a arte de saber
esquecer...sobretudo aquilo que em nós (e na nossa história) foi mais difícil
e/ou desagradável.
Certamente
que todos tivemos (ou temos) episódios que nos marcaram: dos positivos temos
mais memória do que dos menos bons ou até negativos. Tudo isso parece que é
salutar, pois não ficamos tropeçados só (nem essencialmente) nas mágoas, mas
vamos ultrapassando tudo isso, olhando o futuro com novos olhos e renovada
esperança.
= Seja
qual for a vivência – segundo a idade, a experiência ou até a convivência – de
cada um de nós, há sempre alguém que nos influenciou, marcou e criou maior ou
menor empatia (mesmo nos derivados de simpatia, antipatia ou mesmo alergia)
onde quer que nos encontremos. Quem não recorda, desde a infância ou na idade
adulta, alguém que teve (ou tem) importância e significado de referência?
= Nos
diferentes círculos (interligados e complementares) em que ‘vivemos, nos
movemos e existimos’, encontramos pessoas que podem ser-nos mais ou menos
próximas, seja pela convivência, seja pelo contato profissional ou social...De
facto, ninguém entra na nossa vida por acaso, mas antes com razões...embora podendo
necessitar de explicação. Se o podemos dizer ao nível humano, mais o poderemos
considerar na dimensão psicológica e/ou espiritual...atendendo às boas ou más
recordações.
=
Dependerá muito da personalidade de cada um sermos ou não ‘apegados’ às
lembranças e memórias mais ou menos negativas do nosso passado. Com efeito, há
quem viva fixado mais nos momentos dramáticos e trágicos que viveu. Há quem
viva amarrado mais à tristeza do que aos momentos de alegria. Há quem cultive –
mesmo sem ser totalmente de forma doentia – os aspetos de dor e sofrimento bem
menos do que as situações benéficas e agradáveis.
= Na
interligação do nosso viver quotidiano como que somos confrontados com
múltiplos acontecimentos que nos fazem crescer pela dificuldade com que os
enfrentamos. Quem não saiu fortalecido duma situação de contrariedade e não aprendeu
a crescer em maior maturidade e com mais firmeza? Quem não venceu, pela
humildade e a perseverança, algo que na hora da provação foi duro e
problemático? Quem não teve de reunir as suas forças humanas, psicológicas e espirituais
para saber interpretar certos momentos de provação?
= Numa
espécie de cultura do ressentimento e da vingança como que se torna benéfico
ter capacidade de esquecimento, na medida em que a memória se liberta das
amarras da nossa importância exagerada sobre o que somos ou pensamos ser.
Quantas vezes precisamos de questionar-nos à luz da suposição: ‘por quem é que
eu me tomo?’ Quantas vezes uma razoável dose de humilhação poderá servir-nos
para nos colocar no devido lugar, caindo do pedestal da petulância! Em quantos
momentos as lágrimas sorvidas no silêncio podem ser mais altissonantes do que
as palavras inflamadas da denúncia e da reclamação!
= Como
nos disse o Papa Bento XVI, aquando da sua visita a Fátima, há muita gente que
tem as mãos limpas de não ter feito nada. Com efeito, só quando soubermos viver
e entregar à misericórdia de Deus as nossas faltas e à compaixão divina as
falhas dos outros é que poderemos viver num esquecimento aprendido na escola do
seguimento de Jesus, pois Ele tudo fez sem nada esperar em troca...nem sequer o
mais leve agradecimento. De facto, a taxa dos esquecidos é muito maior do que a
dos imprescindíveis. Assim nós soubéssemos viver aprendendo a esquecer-nos de
que somos imprescindíveis...agora ou mais tarde!
António
Sílvio Couto
O esquecimento não é o melhor caminho.
ResponderEliminarTem se usar o perdão e remediar o que esteve errado para livrar da mágoa no coração para poder libertar a alma.
Mas leva muito tempo e implica um longo percurso de conversão. Como foi o processo de conversão do Santo Agostinho.
A inteligência não é sempre a melhor razão.
Tem haver de haver a Bondade, sem ela não se vai a lado nenhum...
Enfim, a melhor solução é entregar aos desígnos do Senhor e apelar à Sua Divina Providência.
é muito verdadeiro o comentário da Sónia.
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminar