«Senhor Deus, criador do género humano, cujo Filho, pelo poder do Espírito Santo, Se dignou nascer da Virgem Maria, para redimir e salvar os homens, libertando-os da dívida do antigo pecado, escutai com bondade as preces desta vossa serva, que humildemente Vos suplica pela saúde do filho que vai nascer, e concedei-lhe um parto feliz, para que, entrando seu filho na comunidade dos fiéis, se dedique plenamente ao vosso serviço e alcance a vida eterna».
Esta é a ‘oração de bênção da mulher antes do parto’ (grávida) que nos aparece no ritual das bênçãos da Igreja católica (n.º 228). Embora seja uma aproximação a um estado particular da mulher – não está em causa ser dentro ou fora do casamento, no contexto ou não do matrimónio – com esta bênção se pretende cuidar da vida, tanto da mãe quanto do filho/a a nascer.
Mesmo com toda a evolução dos cuidados materno-infantis, esse momento particular de dar à luz contínua sob perigo – vejam-se as notícias e dados algo dramáticos com somos confrontados continuamente –, daí recorrermos à proteção divina, com confiança e esperança… Não é da leitura popular que estar grávida ‘é estar de esperanças’?
A proposta de facultar esta bênção às que hão de ser mães é tanto oportuna quão benéfica neste tempo de aproximação e de vivência do Natal.
= Bênção em contexto familiar
No ritual das bênçãos encontramos sugestões para vários momentos da vida familiar, onde se encontra a proposta para a ‘mulher antes do parto’, bem como ‘depois do parto’. Vejamos, sucintamente, as diversas vertentes: bênção da família, bênção dos esposos (onde se incluem em particular as efemérides mais relevantes), bênção das crianças (batizadas ou não), bênção dos filhos, bênção dos noivos, bênção das pessoas idosas (sobretudo se não saem de casa)… Em todos estes aspetos podemos encontrar referência à vivência da Sagrada Família de Nazaré, como modelo e desafio para os cristãos.
= Razões para a bênção das grávidas
Num tempo algo avesso ao compromisso para com o dom da vida como que parece soar a algo de antanho esta proposta da ‘bênção das grávidas’. Pelos testemunhos presenciados posso confirmar que, em muitos casos, é preciso lançar o desafio e colocar as pessoas – mais ou menos crentes em Deus por Jesus – a olharem mais para o alto e a sentirem que n’Ele, por Ele e com Ele será mais fácil enfrentar as dificuldades na assunção de um filho, quando tantos se entretêm a dedicar o seu tempo e energias para com os animais, fechando-se ao risco do dom da vida humana.
Por estas razões transversais à vivência humana considero que a bênção das grávidas pode ser uma oportunidade de abertura a Deus, dado e comungado em vida.
António Sílvio Couto
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