‘All together now’ (todos juntos agora) é nome de um programa televisivo, que faz desfilar concorrentes perante cem jurados, votando estes em conformidade com o seu gosto, preferência ou influência…musical e cultural. Pretendido como algo pulverizador das atenções do público nas noites de sábado à noite, tornou-se uma espécie de fiasco do canal, colocando nitidamente à prova a fanfarronice da apresentadora.
Mas não é do tal programa que pretendemos falar. Tão-somente
retiramos o título para sugerirmos algumas questões, situações e problemas que
precisam de ser encarados com esse espírito de ‘todos juntos, agora’…
Vejamos as propostas:
* Todos juntos, agora poderemos vencer a pandemia,
fazendo cada um de nós o que lhe compete, sem atirar para outros o que se deve
à sua participação consciente, atenta e sincera…
* Todos juntos, agora enfrentaremos os estragos caídos
destes meses de provação pessoal, familiar, social… estrutural, conjuntural ou
alienatória…
* Todos juntos, agora temos maior capacidade para
resistir às investidas do desânimo, que foi povoando os meses mais recentes,
não deixando ninguém derrotado pelas feridas psicológicas, morais ou mesmo
espirituais…
* Todos juntos, agora vamos cuidar mais atentamente
dos mais frágeis e fragilizados, particularmente os mais velhos, os doentes, os
marcados pelo vírus ou até as vítimas indiretas, como os familiares e as instituições
que perderam os seus utentes…
* Todos juntos, agora queremos dar as mãos aos que não
conseguiram chorar condignamente os seus falecidos ou nem tiveram tempo de
cumprir o seu luto com a serenidade necessária, aconselhável ou recomendável…
* Todos juntos, agora queremos unir esforços quanto aos
dias carpidos sem a comunidade dos irmãos da mesma fé, pelo fechamento das
igrejas (templos) ou pelo excesso de rigor colocado no cumprimento das regras
higiene-sanitárias…
* Todos juntos, agora desejamos contribuir para a
normalização do tempo e do espaço do trabalho, criando novos laços para
enfrentarmos as questões económicas, sem reduzirmos a nossa vida ao mero
economicismo, para voltarmos a construir o tecido da vida em comum, sem nos
deixarmos confundir pelas visões imediatistas e algo suscetíveis de nos
quedarmos só pelo que rende…em cifrões.
* Todos juntos, agora sentimos que ainda não
aprendemos a lição tão simples da nossa vulnerabilidade, da nossa condição de
estarmos – como tem sido dito – ‘todos no mesmo barco’, que pode adornar se for
colocada a carga só de um dos lados, isto é, se não descobrirmos que somos
muito mais do que matéria em decomposição…ou com prazo curto de validade.
* Todos juntos, agora temos uma missão a cumprir: não se consegue vencer nada nem em nenhuma
circunstância sem união nem se faz uma sociedade mais humana onde nem todos se
empenham em ajudar os outros num intercâmbio de emoções, de sentimentos e de
corações…
* Todos juntos, agora queremos olhar o Céu sem
esquecermos a Terra que pisamos fraternal e solidariamente…onde as lições não
se dão, aprendem-se humilde e diariamente.
* Todos juntos, agora precisamos de voltar a reunir as
assembleias de fé, sem medos nem temores, mas mais alicerçados na confiança uns
nos outros e ancorando-nos todos em Deus…
* Todos juntos, agora queremos acreditar nos meios que
são postos à nossa disposição – testagem, vacinação e múltiplos programas de
saúde – sabendo que o bem alheio depende do nosso cuidado e que cada um
beneficiará da atenção de todos…numa cadeia pública de verificações e de
prestação de serviços mínimos e suficientes.
Todos junto, agora e mais conscientemente!
António Sílvio Couto
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