Lê-se numa passagem bíblica:
«Foram uma vez as árvores a ungir para si um rei, e disseram à oliveira: reina tu sobre nós. Porém, a oliveira disse-lhes: deixaria eu a minha gordura, que Deus e os homens em mim prezam, e iria pairar sobre as árvores?
Então, disseram as árvores à figueira: vem tu, e reina sobre nós. Porém, a figueira disse-lhes: deixaria eu a minha doçura, o meu bom fruto, e iria pairar sobre as árvores?
Então, disseram as árvores à videira: vem tu, e reina sobre nós. Porém, a videira disse-lhes: Deixaria eu o meu mosto, que alegra a Deus e aos homens, e iria pairar sobre as árvores?
Então, todas as árvores disseram ao espinheiro: vem tu, e reina sobre nós.
E disse o espinheiro às árvores: se, na verdade, me ungis para rei sobre vós, vinde, e confiai-vos debaixo da minha sombra; mas, se não, saia fogo do espinheiro que consuma os cedros do Líbano» (Jz 9,8-15).
Esta caraterização, procedente de uma leitura religiosa das coisas sociais e políticas, no contexto judaico, como que pode servir de enquadramento de certas figuras que vêm emergindo no nosso tecido político-sindical. Com efeito, se quisermos abordar algumas questões poderemos ver que algumas das ‘aves’ de serviço, que sobrevoam os nossos espaços, nem sempre o fazem com as intenções mais sinceras, honestas e leais… e não interessa o porte da espécie!
A conjuntura deste tempo de férias fez aparecer uma outra confluência de exclusão para com certas reivindicações, porventura mais aceitáveis noutra época do ano. Muitos dos usufruidores das férias consideraram uma espécie de provocação as reivindicações de alguns transportadores de recursos comerciais – matérias combustíveis, artigos de alimentação, trocas e vendas, etc. – que não souberam escolher o timing de protesto, mesmo que isso até possa ser aceitável e correto.
As forças (ditas) trabalhadoras no atual protesto foram como que encurraladas pelos patrões e por quem governa o país. A menos de dois meses de eleições tais desarranjos não vem nada a favorecer essa tal ‘paz social’, apelidada mas não segura por quem manda... Esta intromissão na engrenagem de sucesso poderá ter efeitos nem sempre previsíveis e tão pouco favorecedores da onda pré-anunciada de vitória.
«Foram uma vez as árvores a ungir para si um rei, e disseram à oliveira: reina tu sobre nós. Porém, a oliveira disse-lhes: deixaria eu a minha gordura, que Deus e os homens em mim prezam, e iria pairar sobre as árvores?
Então, disseram as árvores à figueira: vem tu, e reina sobre nós. Porém, a figueira disse-lhes: deixaria eu a minha doçura, o meu bom fruto, e iria pairar sobre as árvores?
Então, disseram as árvores à videira: vem tu, e reina sobre nós. Porém, a videira disse-lhes: Deixaria eu o meu mosto, que alegra a Deus e aos homens, e iria pairar sobre as árvores?
Então, todas as árvores disseram ao espinheiro: vem tu, e reina sobre nós.
E disse o espinheiro às árvores: se, na verdade, me ungis para rei sobre vós, vinde, e confiai-vos debaixo da minha sombra; mas, se não, saia fogo do espinheiro que consuma os cedros do Líbano» (Jz 9,8-15).
Esta caraterização, procedente de uma leitura religiosa das coisas sociais e políticas, no contexto judaico, como que pode servir de enquadramento de certas figuras que vêm emergindo no nosso tecido político-sindical. Com efeito, se quisermos abordar algumas questões poderemos ver que algumas das ‘aves’ de serviço, que sobrevoam os nossos espaços, nem sempre o fazem com as intenções mais sinceras, honestas e leais… e não interessa o porte da espécie!
A conjuntura deste tempo de férias fez aparecer uma outra confluência de exclusão para com certas reivindicações, porventura mais aceitáveis noutra época do ano. Muitos dos usufruidores das férias consideraram uma espécie de provocação as reivindicações de alguns transportadores de recursos comerciais – matérias combustíveis, artigos de alimentação, trocas e vendas, etc. – que não souberam escolher o timing de protesto, mesmo que isso até possa ser aceitável e correto.
As forças (ditas) trabalhadoras no atual protesto foram como que encurraladas pelos patrões e por quem governa o país. A menos de dois meses de eleições tais desarranjos não vem nada a favorecer essa tal ‘paz social’, apelidada mas não segura por quem manda... Esta intromissão na engrenagem de sucesso poderá ter efeitos nem sempre previsíveis e tão pouco favorecedores da onda pré-anunciada de vitória.
= Nesta
pasmaceira coletiva de ‘sealy season’ os acontecimentos mais recentes veiculados
pela comunicação social fizeram com que deixemos de considerar que tudo é boa
gente e que não há exposições públicas de certos figurões das quais não se
possa tirar proveito mais ou menos político…Mas seremos todos tão broncos para
não percebermos o aproveitamento de certos habilidosos de outras lutas,
espraiando-se sobre a miséria alheia? Até onde irá a faltar de memória coletiva
para que, por um molho de espinafres murchos, se queira servir com sucesso a
refeição inteira? Merecerá confiança mínima quem usa os outros para se promover
à custa das suas necessidades?
=
Voltemos à parábola das árvores que foram convidadas para reinarem umas sobre
as outras. Algumas recusaram aceitar o título de ‘rei’, pois não queriam
prescindir do seu fruto; somente um espinheiro aceitou ser ‘rei’ das árvores,
traçando logo com aspereza como ia exercer essa pretensão para a qual foi
solicitado.
Olhando
as coisas da vida, mesmo pela perspetiva desta parábola, poderemos tentar
compreender a jocosidade da vida, onde nem sempre quem reina é o mais eficiente
ou mesmo o suficiente…
Agora que se perfilam nas listas os concorrentes
para o parlamento, teremos de saber qual o seu valor e não bastará serem
figuras na comunicação social, pois já vimos noutras situações desilusões,
oportunistas e tantos outros que molestaram quem neles votou… Talvez tenha
chegado a hora de renovar as caras e os intervenientes – muitos/as presentes há
décadas e sem qualquer capacidade de fazer melhor, antes pelo contrário – bem
como de surgirem novas ideias dentro dos velhos partidos. De pouco valerá
pulverizar de grupelhos candidatos, se não passarem de egos interesseiros, oportunistas
e quase ressabiados…
A vida política – que não só a partidária – precisa
mais do que de aves de arribação! Urge seriedade.
António Sílvio Couto
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