Desde há
uns tempos a esta parte – ocidental e, sobretudo, europeia – que temos vindo a
assistir à substituição da referência ao sexo (masculino ou feminino) pela
palavra ‘género’, parecendo com isso estarmos a falar de algo diferente/igual,
misturando-se conceitos, terminologias e vivências com algo mais abrangente e,
talvez, menos concreto porque um tanto irreverente.
Para
abordarmos este tema vamos servimo-nos de um documento (carta pastoral) da
Conferência Episcopal Portuguesa sobre o assunto, com data de 14 de novembro de
2013, intitulado: ‘A propósito da ideologia de género’.
«Difunde-se cada vez mais a chamada ideologia
do género ou gender. Porém, nem todas as pessoas disso se apercebem e muitos
desconhecem o seu alcance social e cultural, que já foi qualificado como
verdadeira revolução antropológica. Não se trata apenas de uma simples moda
intelectual. Diz respeito antes a um movimento cultural com reflexos na
compreensão da família, na esfera política e legislativa, no ensino, na
comunicação social e na própria linguagem corrente (...) Opõe-se radicalmente à visão bíblica e cristã da pessoa e da
sexualidade humanas (...) Trata-se da
defesa de um modelo de sexualidade e de família que a sabedoria e a história,
não obstante as mutações culturais, nos diferentes contextos sociais e
geográficos, consideram apto para exprimir a natureza humana».
* O que é, essencialmente, a pessoa humana?
Perante certos interesses de grupo – comummente chamados de lóbis – como que precisamos de ir ao essencial. O documento da CEP refere «porque a pessoa humana é a totalidade unificada do corpo e da alma, existe necessariamente, como homem ou mulher. Por conseguinte, a dimensão sexuada, a masculinidade ou feminilidade, é constitutiva da pessoa, é o seu modo de ser, não um simples atributo. É a própria pessoa que se exprime através da sexualidade. A pessoa é, assim, chamada ao amor e à comunhão como homem ou como mulher. E a diferença sexual tem um significado no plano da criação: exprime uma abertura recíproca à alteridade e à diferença, as quais, na sua complementaridade, se tornam enriquecedoras e fecundas».
Os tais grupos de interesses, muitos deles bem estruturados no âmbito mesmo transnacional, «afirmam que o ser masculino ou feminino não passa de uma construção mental, mais ou menos interessada e artificial, que, agora, importaria desconstruir. Por conseguinte, rejeitam tudo o que tenha a ver com os dados biológicos para se fixarem na dimensão cultural, entendida como mentalidade pessoal e social».
A carta pastoral da CEP, resume deste modo aquilo de que consta a ideologia de género: «como uma antropologia alternativa, quer à judaicocristã, quer à das culturas tradicionais não ocidentais. Nega que a diferença sexual inscrita no corpo possa ser identificativa da pessoa; recusa a complementaridade natural entre os sexos; dissocia a sexualidade da procriação; sobrepõe a filiação intencional à biológica; pretende desconstruir a matriz heterossexual da sociedade (a família assente na união entre um homem e uma mulher deixa de ser o modelo de referência e passa a ser um entre vários)».
* Quais os pressupostos da ideologia de género?
Nesse desejo de desconstruir os conceitos, a sociedade e os compromissos alicerçados na cultura judaicocristã, a ideologia de género – no resumo da carta pastoral da CEP – apresenta os pressupostos seguintes:
– parte da distinção entre sexo e género, forçando a oposição entre natureza e cultura. O sexo assinala a condição natural e biológica da diferença física entre homem e mulher;
– o género deve sobrepor-se ao sexo e a cultura deve impor-se à natureza;
– o género não tem de corresponder ao sexo, mas pertence a uma escolha subjetiva, ditada por instintos, impulsos, preferências e interesses, o que vai para além dos dados naturais e objetivos;
– se é indiferente a escolha do género a nível individual, podendo escolher-se ser homem ou mulher independentemente dos dados naturais, também é indiferente a escolha de se ligar a pessoas de outro ou do mesmo sexo... com a equiparação entre uniões heterossexuais e homossexuais;
– deixa de se falar em família e passa a falar-se em famílias... não se fala em paternidade e maternidade e passa-se a falar, exclusivamente, em parentalidade, criando um conceito abstrato, pois desligado da geração biológica.
* Implicações sociais, políticas e culturais
Para ser dado corpo a estes pressupostos foi-se gerando uma mentalidade mais ou menos aceite - a discordância logo faz surgir a rotulagem homofóbico ou conservador - e traduzida em leis que favorecem este ambiente de ideologia de género.
Outro âmbito de difusão da ideologia do género é o do ensino, nomeadamente na educação sexual que pretendem ministrar em meio escolar, confundindo, por vezes de forma acintosa, os conteúdos naquilo que se refere à sexualidade e ao (tal) género.
* O que é, essencialmente, a pessoa humana?
Perante certos interesses de grupo – comummente chamados de lóbis – como que precisamos de ir ao essencial. O documento da CEP refere «porque a pessoa humana é a totalidade unificada do corpo e da alma, existe necessariamente, como homem ou mulher. Por conseguinte, a dimensão sexuada, a masculinidade ou feminilidade, é constitutiva da pessoa, é o seu modo de ser, não um simples atributo. É a própria pessoa que se exprime através da sexualidade. A pessoa é, assim, chamada ao amor e à comunhão como homem ou como mulher. E a diferença sexual tem um significado no plano da criação: exprime uma abertura recíproca à alteridade e à diferença, as quais, na sua complementaridade, se tornam enriquecedoras e fecundas».
Os tais grupos de interesses, muitos deles bem estruturados no âmbito mesmo transnacional, «afirmam que o ser masculino ou feminino não passa de uma construção mental, mais ou menos interessada e artificial, que, agora, importaria desconstruir. Por conseguinte, rejeitam tudo o que tenha a ver com os dados biológicos para se fixarem na dimensão cultural, entendida como mentalidade pessoal e social».
A carta pastoral da CEP, resume deste modo aquilo de que consta a ideologia de género: «como uma antropologia alternativa, quer à judaicocristã, quer à das culturas tradicionais não ocidentais. Nega que a diferença sexual inscrita no corpo possa ser identificativa da pessoa; recusa a complementaridade natural entre os sexos; dissocia a sexualidade da procriação; sobrepõe a filiação intencional à biológica; pretende desconstruir a matriz heterossexual da sociedade (a família assente na união entre um homem e uma mulher deixa de ser o modelo de referência e passa a ser um entre vários)».
* Quais os pressupostos da ideologia de género?
Nesse desejo de desconstruir os conceitos, a sociedade e os compromissos alicerçados na cultura judaicocristã, a ideologia de género – no resumo da carta pastoral da CEP – apresenta os pressupostos seguintes:
– parte da distinção entre sexo e género, forçando a oposição entre natureza e cultura. O sexo assinala a condição natural e biológica da diferença física entre homem e mulher;
– o género deve sobrepor-se ao sexo e a cultura deve impor-se à natureza;
– o género não tem de corresponder ao sexo, mas pertence a uma escolha subjetiva, ditada por instintos, impulsos, preferências e interesses, o que vai para além dos dados naturais e objetivos;
– se é indiferente a escolha do género a nível individual, podendo escolher-se ser homem ou mulher independentemente dos dados naturais, também é indiferente a escolha de se ligar a pessoas de outro ou do mesmo sexo... com a equiparação entre uniões heterossexuais e homossexuais;
– deixa de se falar em família e passa a falar-se em famílias... não se fala em paternidade e maternidade e passa-se a falar, exclusivamente, em parentalidade, criando um conceito abstrato, pois desligado da geração biológica.
* Implicações sociais, políticas e culturais
Para ser dado corpo a estes pressupostos foi-se gerando uma mentalidade mais ou menos aceite - a discordância logo faz surgir a rotulagem homofóbico ou conservador - e traduzida em leis que favorecem este ambiente de ideologia de género.
Outro âmbito de difusão da ideologia do género é o do ensino, nomeadamente na educação sexual que pretendem ministrar em meio escolar, confundindo, por vezes de forma acintosa, os conteúdos naquilo que se refere à sexualidade e ao (tal) género.
A ideologia de
género tem tentado impor – mais pela força de alguma comunicação social da sua
tendência do que pela convicção de uma grande parte da população – uma certa
revolução antropológica, onde o relativismo moral se faz regra de cada um,
impondo-se ao geral.
A mudança está em
curso. Será que o cristianismo será capaz de não ser vencido como no dealbar da
sua implantação sobre a corrupta sociedade romana? O sal não pode perder a
capacidade de continuar a salgar, hoje como ontem!
António Sílvio Couto
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