A eleição de Donald
Trump para presidente dos Estados Unidos da América ainda está a ser digerida
por muita gente. Quando tantos desejam que fosse Hillary Clinton a aceder ao
lugar, os resultados trouxeram o contrário... e por larga margem.
De pouco adianta
diabolizar o vencedor, recorrendo às imensas tropelias que disse e que fez
durante a campanha eleitoral. Já houve quem referisse: uma coisa é o que se diz
na campanha e outra é o que se faz no governo... tentando com isso acreditar
que haverá uma outra personagem no lugar do poder!
Certamente poderemos
considerar que os americanos não são só estúpidos quando nos convém – sobretudo
quando fogem ao modelo de sociedade que nós julgamos o mais adequado – até
porque podem estar a ver algo que nós ainda não conseguimos descortinar, pois
nos deixamos absorver pelas nossas ideias quase preconceituosas...sobre tantas
e tão diversas questões, que nos podemos endeusar na forma e no conteúdo.
Fique claro que nada
me identifica com o modo de ser do vencedor e, em muitas das ideias, podemos
perceber que elas são resultado das circunstâncias do país-continente em causa.
Deste modo esta ‘provocação’ que escrevemos não pretende dizer nada pela
escolha, antes esperando que se possa assimilar o que tudo isto significa...
para eles e para o resto do mundo.
As trapalhadas – o
título: trumpalhadas, quer aglutinar trapalha (embuste, fraude e confusão) com
Trump – em que nos vamos entretendo deixa por agora algumas considerações a que
devíamos dar atenção:
- Quem quis vender um
presidente antes do tempo terá de corrigir as apostas. Muita da comunicação
social – nos EUA e na Europa – quis-nos fazer acreditar nas virtudes da (agora)
derrotada, ela que contribuiu em tempos recuados para a crescente amoralização
da América. Não se pode colocar filtros na comunicação, quando convém impor quem
mais favorece as nossas ideias e comportamentos... Como irão engolir o que foi
dito e escrito? Até onde pode ir a informação e a manipulação? Aos riscos
corridos terão os seus mentores de interpretar quem tudo quer, tudo perde...
- A vulgarização –
levada ao ridículo e ao achincalhamento – de quem não pensa como nós vai sendo
uma das linhas de conduta na nossa sociedade...ocidental. Ora, dos problemas e
das soluções temos de saber escutar e não podemos espremer o assunto até que
aquilo que nos dizem caiba na estreiteza da nossa capacidade de ideal...como se
fosse um funil que só credita quem pensa de forma idêntica. Isso será
liberdade? Muitos defensores de ideias da
candidata vencida terão de questionar-se – mesmo nas franjas dalgum esquerdismo
à portuguesa – mais sobre o que virá do que sobre aquilo que já passou.
- Pelo que se viu os
candidatos à eleição eram os piores que podiam ter surgido nos dois lados da
competição. Por isso, houve quem questionasse como foi possível chegarem à
votação candidatos tão maus. No entanto, dum lado e de outro foram surgindo
vozes, que por tão exaltadas nas suas argumentações, quase faziam crer que eram
os melhores... até agora. Deste modo se pôs a nu a incapacidade de gerar
pessoas com valores, critérios e moralidade. Se é assim nos EUA o que poderá
acontecer no resto das (ditas) democracias!
- Dizia-se no fervor
das leituras dos resultados que os candidatos manifestavam um grande
desfasamento da realidade social e política. Mas não é esse o problema de
tantos/as que se apresentam a votos? Quantos não conhecem o mundo real do resto
da população. Ora, quando surge um ‘iluminado’ – Trump é uma espécie de self
made man à escala americana...rica – que fala (mais ou menos) a linguagem dos
mortais, consegue atrair e merecer alguma confiança... por algum tempo.
= Esperamos que o que
aconteceu nos EUA possa servir de lição para muitos (ditos e/ou apelidados)
intelectuais, por forma a que não queriam ‘influenciar’ a partir dos seus
interesses ideológicos e das suas éticas... Com tantas trumpalhadas precisamos
de ser mais humildes e verdadeiros para connosco mesmos e uns para com os
outros. Nem tudo vale, quando o valor é falso!
António
Sílvio Couto
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