Os mais
recentes episódios da nossa vida comum – política e social, desportiva e
económica, interna e exterior, declarada ou presumida – têm vindo a manifestar
mais acentuadamente crispações entre sensibilidades (as letras iniciais desta
expressão são: CES, que por estes dias também queria dizer: conselho económico
e social… cuja pretenso presidente substituto falhou a votação!).
Olhemos,
então, para este ‘fato político’ para tentarmos penetrar nos meandros daquilo
que são essas crispações… ainda não resolvidas desde as eleições legislativas
anteriores.
Com que
veemência vimos um responsável partidário, nas funções de tal e no local do seu
reinado, a assumir uma tal atitude trauliteira – tinha tanto de azedume, quanto
de indisfarçável incómodo – disparando contra tudo e contra todos, suspeitando da
ética daqueles com quem tinham (pretensamente) feito acordo e, sobretudo,
deixando cair uma certa máscara de ditadorzito provindo doutras latitudes e
governanças…
Por
outras façanhas temos de perceber que tal senhor não gosta de ser contrariado
ou está tão falho da convicção e/ou razão que precisa de ofender, mesmo os
eleitores e cidadãos mais desatentos! Se a ameaça for levada a sério, outras
eleições para órgãos de designação do parlamento parecem comprometidas ao
falhanço, pois o tal senhor não gostou de ser derrotado…mesmo que as votações
sejam secretas e não se saiba quem votou em quem!
Já agora
como é que uma pessoa sobretudo ligada ao setor da saúde – desde a formação
geral e específica até às lides governativas – aparece agora a ser designada
para dirigir um conselho que tem por tarefas nas áreas da economia e da
concertação social? Bastará ser quem se propõe para que se torne capaz de
exercer a função? Ou bastará a sigla partidária para adquirir competência em
matérias tão exigentes e específicas?
A ver
pelas reações dos não-vencedores parece que algo foi obstruído com não ter sido
este o eleito. Dá a impressão que não é deste modo que conseguimos ter, de
verdade, uma sociedade onde sejamos governados mais em razão da meritocracia e
menos pela dependência partidária… Assim, continuaremos num subdesenvolvimento cultural
e social cada vez mais a atrasarmos do resto da Europa!
= Outro
setor onde temos visto crispações entre sensibilidades é no desporto… e no
futebol em particular. Não dizemos da clubite, mas tão simplesmente na escolha
dos jogadores para representarem a seleção nacional nos jogos olímpicos, a
decorrerem dentro de dias no Rio de Janeiro. Ao que parece foram precisos
cinquenta e sete (57) telefonemas para conseguir o selecionador recolher o
assentimento de vinte e dois jogadores disponíveis para irem com tudo pago ao
Brasil.
Dá
impressão que o sentimento de nacionalidade só atinge os grandes – dizem-se
seniores… nos ganhos e nos proventos – e não cativa os que ainda não têm nome
nem curriculum nas lides das vitórias. Agora que a ‘onda do ganhar’ estava
voltada para o nosso lado, parece que vamos perder nova oportunidade porque uns
tantos dirigentes e outros intervenientes subterrâneos não querem nem aceitam
colaborar.
= Que
dizer ainda das crispações entre sensibilidades quando um português foi
escolhido para ocupar um cargo – dizem que não executivo – numa instância
económica de âmbito mundial? As turquesas ideológicas logo saíram para o
combate… e nem as diferenças de nacionalidade deram tréguas ao dito. Até na
torturada França com atentados e quezílias socioeconómicas os dirigentes
políticos fizeram mais força nessa luta do que na prevenção e dissuasão do
terrorismo… Bastará também ouvir certos deputados no parlamento (dito) europeu
– onde pontificam certas aguerridas do nosso pobre e insignificante país – para
percebermos que lá como cá são as tricas ideológicas que valem e não as razões
de qualidade e competência.
Vivemos
num tempo onde se procura mais o que desune e menos o que faz conciliação.
Neste ambiente encontramos figuras que só aceitam o que lhe dá interesse e
menos aquilo que deve contribuir para a paz e a harmonia entre povos, culturas
e sensibilidades.
Já há
empecilhos na engrenagem da geringonça. Não o veem ou não o querem ver? Antes
cedo que tarde teremos novos factos e episódios… até ao desconchavo total… O
povo é que vai sofrer, outra vez!
António Sílvio Couto
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