Soube-se,
por estes dias que, a autoapelidada ‘associação 25A’, vai voltar às
comemorações da referida data revolucionária… no parlamento. As razões –
segundo o seu responsável principal – prendem-se com a modificação do quadro
parlamentar e da presidência da república… que, atendendo às suas motivações,
eram, em sua opinião, contrárias àquela efeméride.
= Que há
gente que só aceita quem concorda consigo e com as suas ideias, já tínhamos
percebido nas linhas e, sobretudo, nas entrelinhas. Que há militares que dão a
entender que nunca despiram a farda e os galões de chefes, mesmo quando já nem
conseguem dar um passo de resignação sobre a incapacidade de se autoavaliarem.
Que há pessoas que se fixaram num passado mais ou menos ‘glorioso’, mas que
nunca conseguiram entender, que foram ultrapassados pelos factos e pela
história, já era nítido há muito tempo. Mas, o que ainda não tínhamos ouvido,
foi esta teoria ditatorial de que se não forem eles e seus apaniguados a mandar
nada será aceitável…Com efeito, estes democratas parece que sofrem de miopia
intelectual e de alguma arrogância sobre o resto dos que não pensam nem votam
como eles…E, nem o mais recente resultado das legislativas (manipuladas nos
efeitos) e das presidenciais perdidas, os conseguem fazer enxergar que, depois
deles, não será o pretenso caos!
Esta
doença é um tanto infetocontagiosa: alguns – felizmente minoritários! – julgam
que a (dita) verdade só está do lado da ‘sua’ democracia, que tão ‘bons’
resultados deu, no passado recente, na ‘cortina de ferro’ e que faz, ainda
hoje, com que os venezuelanos e cubanos tenham de saquear os mercados, pois os
bens essenciais faltam à população… democratizada. Que dizer ainda das
experiências militaristas da Coreia do Norte, onde a fome é sobrepujada por
foguetões nucleares e a cumplicidade de silêncio de forças afins… até no nosso
país.
= Não
deixa de ser preocupante que haja pessoas – algumas delas com algum teor de
inteligência razoável – que, quase percam a racionalidade, quando outros se
lhes opõem, seja pela contagem do resultado dos votos em eleições, seja pela
discordância em matérias de valor intrínseco à convivência com os outros em
cidadania. Nalguns cidadãos notam-se alguns tiques de autoritarismo, sobretudo
quando não vencem os seus pontos de vista. Isso mesmo dá a impressão de estar
subjacente àquela posição da ‘associação 25A’, até porque, segundo eles quem
não usava o fetiche do cravo vermelho, já eram menos democrata do que a
floreira de serviço!
Não
podemos continuar a viver nesta onda de constante reversão em que o que foi
feito antes tem de ser aniquilado – sabe-se lá com que custo a curto e a médio
prazo! – acintosamente. Assim não conseguimos sair do mesmo lugar, pois como
que estaremos sempre a recomeçar – qual jogo de monopólio – onde os dados
lançados nos fazem regressar à casa de partida de um caminho que não se
compadece com rezingões, intolerantes e ditadores… contra quem pensa ou age de
forma diferente de si!
= Nesta
Europa esquizofrénica de valores e de intenções egoístas, temos de refletir
sobre o modo como temos estado a engordar certos mentores do capitalismo e da
rebeldia contra tudo e contra todos. Não podemos continuar a premiar
preguiçosos nem a dar espaço, nas instâncias comunitárias, a lacraus desavindos.
Não será justo que uns trabalhem e construam o bem comum e outros se aproveitem
dos bons resultados para fazerem oposição a quem lhes dá de comer e alimenta os
proventos que os capacitam para fazer cair um projeto no qual descreem.
Há
forças ideológicas que terão de dizer com clareza onde querem estar: se na
reivindicação (dita) patriótica, mas que não passa de uma tática de
infiltrados, ou se na construção positiva da paz e da harmonia… que é muito
mais do que a falta de guerras e de conflitos exteriores.
Nesta
democracia de ‘inchados’ e arrogantes temos de emagrecer os egos de tanto coletivismo
e das façanhas dessoutro internacionalismo… Assim saibamos colher os frutos do
passado recente.
António
Sílvio Couto
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