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terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Promover a paz pela ‘cultura do cuidado’


O tema do 54.º dia mundial da paz é: ‘a cultura do cuidado como caminho para a paz’.

O Papa Francisco apresenta-nos um dos assuntos que mais lhe são queridos: a cultura do cuidado – como diz na abertura da mensagem – ‘para erradicar a cultura da indiferença, do descarte e do conflito, que hoje muitas vezes parece prevalecer’.

Eis um sumário da mensagem Papal deste ano: Deus Criador, origem da vocação humana ao cuidado; Deus Criador, modelo do cuidado; o cuidado no ministério de Jesus; a cultura do cuidado, na vida dos seguidores de Jesus; os princípios da doutrina social da Igreja como base da cultura do cuidado (o cuidado como promoção da dignidade e dos direitos da pessoa, o cuidado do bem comum, o cuidado através da solidariedade, o cuidado e a salvaguarda da criação); a bússola para um rumo comum; para educar em ordem à cultura do cuidado; não há paz sem a cultura do cuidado.

 = Em nota introdutória na própria mensagem diz-se que a expressão ‘cultura do cuidado’ aparece na carta encíclica ‘Laudato sí’, de 24 de maio de 2015. «O amor social impele-nos a pensar em grandes estratégias que detenham eficazmente a degradação ambiental e incentivem uma ‘cultura do cuidado’ que permeie toda a sociedade» (n.º 231).

Partindo da dramática experiência da pandemia neste ano de 2020, o Papa Francisco lança desafios às pessoas e às instituições, às famílias e às sociedades, ao nível privado e com consequências políticas em ordem a fazermos desta ‘cultura do cuidado’ uma nova cultura, que se vá irradiando desde uma visão teísta até à provocação ao nosso egoísmo mais simples e prático.

 = Mesmo que de forma sucinta valerá a pena aprofundar os aspetos bíblico-teológicos enunciados na mensagem, pois se faz um resumo deste tema, que certamente suscitará aprofundamento nalgum posteriormente documento do Papa.

Respigamos agora algumas das propostas apresentadas:

* «A bússola dos princípios sociais, necessária para promover a cultura do cuidado, vale também para as relações entre as nações, que deveriam ser inspiradas pela fraternidade, o respeito mútuo, a solidariedade e a observância do direito internacional. A este respeito, hão de ser reafirmadas a proteção e a promoção dos direitos humanos fundamentais, que são inalienáveis, universais e indivisíveis».

Numa linguagem simples o Papa refere que devemos ser todos ‘profetas e testemunhas da cultura do cuidado’, na medida em que possamos estar atentos para aliviar ‘quantos padecem por causa da pobreza, da doença, da escravidão, da discriminação e dos conflitos’. Talvez não consigamos fazer muito, mas devemos tentar à nossa medida e proporção.

 

* «A educação para o cuidado nasce na família, núcleo natural e fundamental da sociedade, onde se aprende a viver em relação e no respeito mútuo. Mas a família precisa de ser colocada em condições de poder cumprir esta tarefa vital e indispensável. Sempre em colaboração com a família, temos outros sujeitos encarregados da educação como a escola e a universidade e analogamente, em certos aspetos, os sujeitos da comunicação social».

Há todo um processo educativo que deve ser desenvolvido, começando pela família, onde se cuida pelo respeito entre todos…Nem tudo está por fazer, mas devemos prossegui-lo com mais verdade e humildade.

 * «A cultura do cuidado, enquanto compromisso comum, solidário e participativo para proteger e promover a dignidade e o bem de todos, enquanto disposição a interessar-se, a prestar atenção, disposição à compaixão, à reconciliação e à cura, ao respeito mútuo e ao acolhimento recíproco, constitui uma via privilegiada para a construção da paz».

Comecemos a cuidar pelos que estão mais próximos de nós! Estamos no mesmo barco, onde o leme deve ser a dignidade da pessoas humana, em qualquer das idades…

 

António Sílvio Couto

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