Um treinador de futebol teve
esta reação – ‘o racismo está na moda’ – para fazer a sua interpretação sobre um
episódio – tão inócuo, quão bizarro ou mesmo fedorento de base – em que um tal
elemento de uma equipa de arbitragem se desentendeu com um outro participante
de uma equipa técnica de futebol, rotulando o possível prevaricador de
‘racista’ pela simples razão de ter apelidado o antagonista de ‘negru’ (não foi
de preto!)…na sua língua materna.
As palavras mudam de
significado se ditas por um preto ou por um branco? A tez da pele faz tanta
rutura e cria tantos engulhos, assim, em quem pensa de forma diferente do
racismo reinante e subserviente? Os que não têm a pele negra terão de pedir
desculpa por, possivelmente, se destoarem ou destacarem daqueles que apresentam
tal coloração? Algo de grave está, de verdade, em curso. Saber discernir tais
riscos poderá parecer inteligência e não mera acomodação! Pensar com a cabeça
bem arrumada pode fazer a diferença, seja qual for a cor da pele!
De facto, o alarido foi
crescendo de dimensão, obrigando a que, quem queira ter aceitação nas
flutuações consideradas ‘normais’, tenha de concordar com o desfecho da
jogatana interrompida ou que deva assumir comportamentos que, uns tantos
mentores duma certa ’maioria negra’, levam a que se faça o papel de figurante
numa representação ridícula e quase farsante. Que dizer do número de teatro –
manipulado, indecente e confrangedor – daquele ajoelhar no relvado, antes de
alguns jogos? Recusar-se-iam ajoelhar diante de Deus e dos momentos sagrados da
sua fé, mas ali prestam-se à ‘adoração’ de um fetiche manipulante e manipulador
de quem, querendo discordar daquele ‘circo’, tem de fazer o papel de quase
papalvo na configuração pública do fenómeno do futebol…
= Tem havido e há, podendo
continuar a verificar-se exageros em detrimento de tantos que, em razão da sua
pele – que é muito mais do que da sua raça – não foram devidamente valorizados.
Mas não houve casos em que, tantos dos pobres, foram marginalizados por não
terem meios de sobressaírem na hora mais correta e acertada? Que o digam tantos
dos rapazes, em meados do século vinte, tiveram nos seminários diocesanos os
espaços mais adequados de aprenderem a pensar, a terem ‘armas’ de afirmação e
até de valorização humana, intelectual e cultural. Uma boa parte deles não
seguiu a vida sacerdotal, mas receberam valores que ainda hoje os fazem serem
cidadãos cultos e empenhados nas suas localidades de proximidade.
Não é nem nunca será uma frase
de circunstância, essa nota de apresentação de alguns de nós na hora de
sintetizar vivências de antanho: ‘fez os estudos nos seminários diocesanos’.
Digo de mim mesmo e de tantos outros – em 1970 éramos quinhentos nos quatro
primeiros anos de seminário menor de Braga – que à míngua de condições de
vulgarização do ensino aprendemos a amar a Deus, a pátria e a Igreja, seja ela
a instituição ou a família no sentido estrito.
Numa palavra: em Portugal não
há racismo…sobretudo tendo em conta esse que dizem deambular em certas áreas,
setores e vetores, pois não passa mais de uma falácia do que de um projeto mais
ou menos bem orquestrado, servido e vendido.
Sim, o racismo configura-se
como uma razoável artimanha da moda…política, social e mesmo cultural…que
interessa mais a quem defende o dito do que à maioria dos portugueses. Não
brinquemos com coisas sérias, hoje como ontem!
António Sílvio Couto
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