As circunstâncias atuais colocam-nos restrições à intercomunicação entre as pessoas e as sociedades, no contexto mais próximo ou mais longínquo, em questões simples ou mais complexas.
Acrisolados pela pandemia vivemos numa época em que temos de ir aprendendo a cuidar e a ser cuidados, numa sinergia entre tantas forças tão diferentes quão complementares.
- Mesmo
que de forma ténue ou disfarçada emergem alguns para quem celebrar o Natal
parece ser ‘natural’, quando ele é, de facto, sobrenatural porque reflexo da
presença do divino em condição humana e não do unilateralismo inócuo de tantos
humanismos sem Deus…
- A
esses outros que querem usufruir do Natal, abjurando d’O festejado como que
consideramos tê-los por oportunistas mais ou menos acobardados…pois empanturrados
sem terem feito a digestão do essencial, mas servindo-se de um tal digestivo de
recurso…
- A tantos
outros que se arrogam de querem fazer ou de gozarem o ‘natal’ quando lhes
apetece, considero que, além de mal-intencionados, não passam de ignorantes sem
laivos de mínima honestidade intelectual…ou ética.
Atendendo
à nossa comum experiência de fragilidade, mais avivada com esta pandemia,
encontrei uma imagem que pode servir-nos de leitmotiv para o Natal deste ano de
2020: uma mão aberta acolhendo uma figura de criança, isto é, da concha da mão
fazemos um berço à semelhança do local de aconchego de Jesus na manjedoura, lá
na gruta de Belém.
Hoje,
na mão de Deus, posso:
-
colocar tantos que se sentem menosprezados na vida, desde a doença até ao
desemprego, passando pelas tribulações familiares;
-
entregar quantos dos deserdados da vida que se viram confrontados com novos
problemas nesta época mais nostálgica e saudosista;
-
envolver os que não puderam fazer luto por ocasião do falecimento de alguém de
família, de amizade ou com laços de fé;
-
sintonizar com os que estão sós, em solidão ou abandonados porque ninguém deles
se lembra nem recorda; - ver com olhos novos – agora que temos de andar de
máscara em defesa – tantas das situações que nos escapavam, dado que andávamos
ocupados nos nossos (pretensos) problemas e sem atendermos tanto aos dos
outros…
Por
outro lado, como que escuto a voz de Deus que me chama a ser ‘mão de Deus’ para
com aqueles/as que Ele coloca na minha vida, seja qual for a fonte de
informação…diretamente, pelo telefone, por mensagem/rede social, televisão…
Essa mão há de fazer-me crer e viver mais voltado para os outros e menos para
mim. Essa mão aberta poderá servir-me, neste Natal de 2020, para combater
tantas outras mãos fechadas pela reivindicação; tantos punhos encerrados pela
violência e agressividade; tantos sinais de egoísmo que vejo e que quero
evangelizar…
De mãos
dadas havemos de tornar este mundo mais fraterno, sem medo, sem tristeza nem
ansiedade. Conta comigo, Senhor! Sim, eu não quero falar do que Tu és para mim,
mas acolher, com humildade e verdade, o que eu sou para Ti.
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