Foi notícia por estes: a entidade fiscalizadora do serviço de fronteiras quer introduzir um ‘botão de pânico’, quando alguém estiver a ser interrogado por tais entidades…e se sentir em perigo. Esta pareceu ser a fórmula menos bem avisada de atalhar a um assunto algo delicado, pois, há nove meses atrás, um cidadão ucraniano terá sido maltratado até à morte num desses serviços em funcionamento no aeroporto da capital.
Perante
a indisfarçável fanfarronice do titular da pasta em que aqueles serviços estão
inseridos, podemos perceber que esses responsáveis estariam a considerar que,
de facto, tem havido problemas graves no trato das pessoas que chegam ao nosso
país e que a plausível introdução do ‘botão-de pânico’ é um reconhecimento de que
tais pessoas não são de confiança, devendo estar, antes, sob escrutínio e
podendo os potenciais agredidos terem medo de serem colocados sob a sua
custódia.
Apesar
da confusão que estes meses de pandemia nos trouxeram, este assunto da agressão/morte
do cidadão ucraniano esteve a fervilhar nos temas políticos mais sensíveis. Ao
ser trazido à liça nesta época pré-natalícia é mais do que mera coincidência,
na medida em que, a partir de janeiro, o governo português vai assumir, por
seis meses, a presidência rotativa da União Europeia. Que dizer, então, da
política de segurança de um país onde quem chega é maltratado, ofendido e
liquidado? Como se poderá compreender que se queira apresentar aos outros na
promoção da paz, se esconde as mazelas do sistema ou se faz de conta que é
tolerante, mas condiciona a liberdade alheia? Até que ponto irá sobreviver um
ministro que se considera acima de suspeitas, quando estas são mais a marca de
comportamento do que a exceção?
Os
vendedores de ilusões – diretores e gestores de bancos, políticos e autarcas,
promotores imobiliários e empresários da construção, etc. – desmontaram à
pressa o estaminé e esgueiraram-se por entre a multidão em pânico.
‘Não temais...
Hoje, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias Senhor’ (Lc 2, 10.11). Neste
tempo de provação em pandemia, somos chamados a celebrar o Natal, que, antes de
tudo, é de Jesus, pois festejamos o Seu nascimento. Por entre luzes e sombras,
vamos caminhando neste tempo propício a abrir-nos a Deus e a fraternizarmos com
os outros. Assim sejamos dignos e capazes de vivermos nesta época em cuidamos e
nos deixamos cuidar com mais simplicidade. Que de olhos abertos, possamos ser
mão de Deus uns com os outros.
António Sílvio Couto
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