Cerca de
quatro mil pais – sobretudo na vertente da mãe – foram agredidos pelos filhos,
entre 2004 e 2012. Estes dados são os que constam de elementos recolhidos pela
associação portuguesa de apoio à vítima (APAV). Na sua maioria estes pais
agredidos nem apresentaram queixa às forças policiais… No conjunto das
agressões estão incluídos mais de nove nil crimes cometidos contra os
progenitores… mas cuja denúncia surge, normalmente através de uma terceira
pessoa, que se envolve no caso e que apresenta queixa.
De entre
os crimes relatados a maior parte são de maus-tratos físicos e psicológicos,
mas também há situações de coação e de ameaças, de difamação e de injúrias, de
furtos e de roubos, de violação de obrigação de alimentos e, mesmo, de
agressões de natureza sexual… A maioria das vítimas tem mais de 65 anos. Por
seu turno, os filhos agressores são, na sua maioria do sexo masculino, e contam
entre os 26 e os 45 anos, mas também já há casos de menores (5,7%) agressores
dos seus progenitores.
= Sabendo que, em Portugal, um quarto da população tem mais de 65 anos, num total de dois milhões de pessoas, temos de estar cada vez mais atentos a esta faixa dos cidadãos, dando-lhes, já, as melhores condições de vida, de proteção e de segurança, tanto na sociedade como na família.
=
Recentemente realizaram-se em Roma e nalgumas dioceses encontros envolvendo
pessoas mais velhas, referimo-nos a encontros com avós. Foram momentos de algum
significado tanto social como espiritual/cristão, pois se permitiu dar mais
conta da importância dos mais velhos na construção da sociedade… hoje muito
mais envelhecida, particularmente na Europa, do que noutras épocas.
= Ao
longo do mês de outubro vai decorrer, no Vaticano, um sínodo extraordinário dos
bispos sobre o tema da família, intitulado: ‘desafios pastorais sobre a
família’, que terá continuação, em 2015, num outro sínodo ordinário… devendo só
após estes dois momentos haver um documento orientador do Papa.
Questões a precisar de resposta…
sincera e urgente
- Que
podemos/devemos fazer, ao nível familiar, para que os mais velhos sejam bem
cuidados e não meramente tolerados?
- Que
dimensões podem/devem ser tratadas, para que os mais velhos sejam parte da
sociedade e não pesos (quase) mortos?
- Até
onde poderá ir a nossa capacidade de sensibilidade desde a mais tenra idade aos
outros, atendendo à sua longevidade?
- Como
poderemos/deveremos educar os mais novos para estarem atentos aos mais velhos
em família, na rua e mesmo na igreja?
- Estaremos
a ser dignos do esforço com que os mais velhos cuidaram de nós, quando agora os
enxotamos para lares e casas (ditas) de repouso?
- Como
seremos tratados pelos mais novos, quando formos velhos, nós que os
desenraizamos colocando-os em estruturas coletivas de passatempo (e talvez de
educação) na infância?
-
Acreditando na força da Lei de Deus que nos diz para honrarmos pai e mãe, não
estaremos a colher os frutos duma certa democratização do ‘tu cá, tu lá’ com
que tantos pais/mães criaram seu filhos e agora também os netos?
- Não
será de continuar a apostar na estabilidade da família para que pais/avós,
filhos e netos sejam cuidados tendo em conta a visão personalista da pessoa e
não essa outra visão dialético/marxista da qualidade/quantidade na produção?
Porque
acreditamos que a família – nas suas várias etapas e configurações de índole
espiritual/cristã – é e continuará a ser a base da construção da sociedade,
temos algumas expetativas do que será dito e, sobretudo, decidido nos próximos
sínodos em Roma… embora sejam precisas respostas, já.
António
Sílvio Couto
(asilviocouto@gmail.com)
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