De vez em quando surge na comunicação social a referência
a investigações, iniciadas pelos serviços de justiça, decorrentes de denúncias
de anónimos sobre os assuntos mais díspares. Os campos de intervenção, por
referência ao papel dos anónimos, são muito variados e às vezes faz parecer que
quem tal subterfúgio usa é mais do âmbito da conhecimento do caso do que de
fora da situação… camuflada.
Diante desta onda de tais ‘anónimos’ – dirão alguns, mas
muito bem conhecidos – como que temos a sensação de estarmos a ver incentivar
uma nova cultura do medo, de todos podemos ser vítimas de suspeição (senão
clara pela menos tacitamente), de que tais atos como que revelam ataques sem
rosto e até de que passaremos a viver na desconfiança de todos e para com
todos…sem sabermos quem é quem, porquê e onde!
= Cultura do medo
É significativo que o medo seja, hoje, uma das armas a
que recorrem os mais medrosos, incompetentes e até espertos mas não
inteligentes, criando nos outros a sensação de que estão sujeitos a serem
usados por quem, escondendo-se sob a capa do anonimato, usa os demais como
trunfos…em seu favor.
Muito deste medo é mais psicológico do que real e os tais
anónimos podem usá-lo com subtileza para assim se sentirem – como julgam – superiores,
embora manifestando um complexo de inferioridade não assumido. Com efeito, o
medo é algo que cresce, sobretudo, no campo da manipulação, da desinformação e
da ignorância… onde as vítimas estão ao sabor dos intentos mais sórdidos de
quem se considera capaz de instrumentalizar os outros… até vir a ser
descoberto!
Quem não se sentiu já vítima de medo, por alguém que,
mesmo a coberto do anonimato, tenta lançar fumos de má-fé, de difamação e mesmo
de desonra!... Bastará um boato, uma carta anónima ou um mero trejeito de menos
boa reputação para que se possa instalar o medo em nós e à nossa volta.
= Vítimas da
suspeita
Quando um tal anónimo faz uma denúncia lança – correta ou
em difamação – uma suspeita sobre esse outro/a que quer acusar. Essa suspeita,
se investigada pelas autoridades judiciais, pode tornar-se algo mais do que um
trazer para a luz do dia algo que coloca essa pessoa em estado de réu… podendo
exigir alguma investigação e até ser levado a julgamento.
As vítimas dos anónimos não conhecem, na maior partes das
vezes, os seus acusadores, pois estes se acobardam sob a capa de não darem a
cara nem de se saber quem são. De algum modo (quase) todos nós podemos ser
vítimas dos intentos de anónimos… e tanto mais quando podemos estar em ação pública
e nem sempre agradarmos às vontades de todos. Dito de outra forma: (quase)
todos estamos sob suspeita, se alguém nos quiser mal ou se interpretar menos
bem o que dizemos e/ou fazemos.
= Ataques sem rosto
O que mais ofende nos anónimos é o de se esconderem sob a
pretensa ideia de que, não tendo rosto, não serão reconhecidos. Ora, pelos seus
atos, muitos deles deixam-se perceber nas insinuações que, por vezes, fazem,
senão de forma direta pelo menos nas entrelinhas, nos olhares e nos
comportamentos.
De fato, muitos dos anónimos são tão cobardes que nem
cara têm para levar um murro bem assente, pois se tivessem capacidade de
mostrar a cara seria com todo o gosto – e sem ofender a mais lídima linguagem
cristã do perdão! – que seriam esbofeteados por aqueles a quem ofendem,
desonram e atacam.
É a esses que se escondem no número privado de tlm, que
enviam mensagens sem remetente, que escrevem cartas a computador para não se
ver a caligrafia e tantos outros subterfúgios de anonimato, que queremos
denunciar e exigir que saiam do obscuro campo da mentira, pois as diferenças de
opinião não se combatem com cobardias nem com denúncias soezes e ressabiadas…mesmo
a longo prazo.
Às autoridades judiciais lamentamos que levem a sério
quem sério não é, pois se o fosse daria a cara e não se esconderia num certo
anonimato cobarde, ignóbil e filho do mal.
António Sílvio Couto
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