Numa espécie de resumo dos resumos nas jornadas da
comunicação social, que decorreram, por estes dias, em Fátima, o diretor do
secretariado nacional das comunicações sociais, sugeriu que todos os
intervenientes neste setor da comunicação social (e não só… todos na Igreja)
deve ter coração limpo e cabeça lúcida, pois mais do que estarmos juntos
precisamos de estar unidos.
Estas jornadas anuais tiveram por tema: uma rede de
pessoas. Como habitualmente muitos jornalistas e pessoas ligadas à comunicação
social da Igreja católica e não. Houve dois painéis - um sobre ‘jornalismo
descartável: consequências empresariais e profissionais’; e outro sobre –
‘media e cultura do encontro’.
Um momento importante foi a presença do diretor do centro
televisivo vaticano, Dario Edoardo Viganó, que falou sobre: ‘Papa Francisco e a
cultura do encontro: o poder das imagens’. O Papa Francisco introduziu – foi
exemplificado com várias imagens e intervenções – um estilo conversacional
através da sua forma de ser e de comunicar a mensagem do Evangelho e da Pessoa
de Jesus, hoje.
Creio que participo neste tipo de jornadas há mais de
década e meia e tenho visto a evolução (repetição, inflexão, conjugação, etc.) dos
temas e mesmo dos participantes. Há cada vez mais gente nova, bastantes
senhoras (meninas), com ferramentas bem apetrechadas, com linguagem mais e mais
elaborada na codificação da internet, com ideias e muitos ideais, com projetos
e aspirações, com materiais progressivamente sintonizados com o discurso das
tecnologias de ponta… com dificuldades económicas decorrentes e de alguma
compreensão dos responsáveis diocesanos em quererem isto como opção… gerando e
gerindo interesses eclesiais e muitas vezes eclesiásticos… Numa palavra: para
mim estas jornadas (no tempo e no espaço) têm sido – com maior ou menor
interesse – oportunidades de crescer na humildade no conhecimento das coisas e
das pessoas, na sintonização entre questões técnica e problemas humanos e de
compreender que O comunicador por excelência para os cristãos continua a
interpelar-nos: Jesus de Nazaré, mestre, senhor e guia… ontem, hoje e para
sempre.
Diante de mais esta experiência das jornadas nacionais da
comunicação social ficaram-me algumas questões, desafios e mesmo perguntas.
- Cultura do
encontro –
simbolizada na figura do Papa Francisco podemos ver que a cultura do encontro
se faz de imagens fortes e palavras que explicam os gestos. A própria forma
como os dois mais recentes Papas abriam os braços pode revelar esta cultura do
encontro, mostrando um ‘rosto de convivência’ e de abertura aos outros… seja qual
for a sua cultura, a sua expressão religiosa ou mesmo lugar dessa vivência.
- Tecnologia e
recursos humanos – as (ditas) novas tecnologias são ferramentas usadas na comunicação – social
ou outra – que temos à nossa disposição. Saber usá-las é o mínimo que se pode
exigir de quem está na comunicação. Mas os recursos humanos são o mais
importante de cada época, pois temos de ser deste tempo e de usar a linguagem
do tempo para sejamos entendidos… se bem que a linguagem cristã seja
continuamente um desafio não à mera adaptação, mas à sintonia que eleva quem
faz a comunicação segundo valores…
- Valores versus
sucesso? De
fato, o sucesso rápido pode, nalgumas situações, fazer obnubilar alguns dos
valores que servimos, tendo em conta o respeito pelas pessoas e a sua
diferença… histórica, social e cultural. Por vezes, a imposição do sucesso pode
criar dificuldade à prossecução dos valores mais elevados e não os mais rasteiros
e até imediatistas!
- Contar histórias/dar
notícias - Há
quem tenha a arte de contar histórias e com isso a de fazer perceber a notícia,
gerando a difusão de fatos e de personagens que fazem a história e não se
reduzem às meras estórias… Na medida em que fazem notícia, os narradores de
histórias podem e devem ser criadores duma boa mensagem, atingindo a mente e o
coração… que seja lúcida e limpa e/ou vice-versa.
Comunicadores cristãos, precisam-se…para servirem o dom
da paz, do encontro e da convivência entre as várias culturas…em linguagem
atualizada e atualizadora.
António
Sílvio Couto
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