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quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Chuvas e enxurradas… climatéricas e políticas


No espaço de um mês, várias cidades em diferentes pontos do país, viveram cheias e enxurradas… algumas com bastantes prejuízos e razoáveis alterações na ordem pública… A chuva como que pôr a manifesto que manda onde deviam reinar os (pretensos) mandantes.

Se na primeira vez houve um certo disfarce – como diz o povo, assobiando para o lado – duma parte significativa dos autarcas, com desculpas e acusações aos outros; na segunda ocorrência as declarações – muitas delas a destempo e quase envergonhadas – deixaram muito a desejar sobre a capacidade de governação, a congruência de decisões e, sobretudo, sobre a honestidade mental e política da sua maioria… atendendo aos diversos espetros partidários e instâncias de poder, locais de incidência e matérias de culpa.

Não se admite que se venha dizer que não há solução ou que, por ser muito cara – só na capital seriam precisos mais de 150 milhões de euros – o melhor parece ter de aguentar com as contrariedades, adiar os problemas e, particularmente, fazer de conta que as coisas se vão resolver sem nada para isso se intentar.

= Quem assim nos trata…merecerá governar?

Diante destes episódios – a jaez das pessoas mostra-se nas dificuldades, sobretudo nos momentos inesperados – fica-nos uma certa sensação de que estamos a ser governados por pessoas que não prezam os demais, pois poderiam, ao menos reconhecer os erros, e deixarem alguma esperança de que, no futuro, as questões de cheias e enxurradas terão outra solução… Não querem prometer o que não podem, mas não podem disfarçar a incompetência com ataques e dissimulações de que tudo parece estar mais ou menos bem… até ver!

No quadro político atual, vemos que há autarcas com aspirações a serem governantes da Nação. Mas será que, com as provas dadas nas autarquias, poderão ser de confiança e ter competência para onde se candidatam? Quem deixa um lugar (autarquia ou outro) endividado e não cumpre as responsabilidades que assumiu será de ser levado a sério, agora e/ou no futuro? Serão as cheias e enxurradas algo de prospetivo e simbólico do futuro próximo do nosso país?

Nada nem ninguém me influencia para contestar quem se perfila para se tornar governante neste país, mas há fatos e personagens que deixam muito a desejar, tanto no presente como em relação ao futuro… Este sim preocupa-me, pois não vislumbro quem seja capaz de servir os outros, mas parece que intentam tornar-se poder a todo o custo… mesmo que tenham de destronar outros à força e, sei lá, sem convicção que não seja o poder pelo poder!

 = Poderá haver sinais de esperança… no horizonte?

Efetivamente as chuvas deste verão, continuadas pelo outono, vieram denunciar que no subterrâneo do nosso ‘eu coletivo’ há feridas que ainda não cicatrizaram. De fato, por diversas vezes temos assistido ao desenterrar de fantasmas que julgávamos já desaparecidos, bem como pensávamos que certas figuras já tinham percebido que o seu tempo da validade tinha expirado. Não tem sido isso que vemos, antes pelo contrário, figuras de um passado a querermos esquecer surgem nas primeiras filas do parlamento, na comunicação social e como mentores de uma certa mudança, que mais não parece do que no regresso ao ‘dejá vu’!

- São precisos novos atores na política portuguesa: gente que tenha valores de serviço ético, mais do pretendam ser meros servidores de uma ética republicana, por vezes ressabiada e tendencialmente anti-cristã.

- São necessários homens e mulheres que tenham visão de esperança, com os pés bem assentes na terra que conhecem, mas que apontam para um futuro de justiça, de verdade e de bem comum.

- É urgente que os mais novos vejam que a política não é a arte de mentir e de promoção a bel-prazer, mas que é a ciência do serviço aos outros, sobretudo aos mais desfavorecidos da sociedade… sempre e não só nos tempos de campanha eleitoral.

Porque Portugal tem futuro. Cremos e acreditamos que havemos de conseguir vencer as cheias e as enxurradas sejam as climatéricas, sejam as de teor político/partidário. Assim o consigamos concretizar votando naqueles/as que nos mereçam mais respeito, confiança e credibilidade…  

 

António Sílvio Couto

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