No
espaço de um mês, várias cidades em diferentes pontos do país, viveram cheias e
enxurradas… algumas com bastantes prejuízos e razoáveis alterações na ordem
pública… A chuva como que pôr a manifesto que manda onde deviam reinar os (pretensos)
mandantes.
Se na
primeira vez houve um certo disfarce – como diz o povo, assobiando para o lado
– duma parte significativa dos autarcas, com desculpas e acusações aos outros;
na segunda ocorrência as declarações – muitas delas a destempo e quase
envergonhadas – deixaram muito a desejar sobre a capacidade de governação, a
congruência de decisões e, sobretudo, sobre a honestidade mental e política da
sua maioria… atendendo aos diversos espetros partidários e instâncias de poder,
locais de incidência e matérias de culpa.
Não se
admite que se venha dizer que não há solução ou que, por ser muito cara – só na
capital seriam precisos mais de 150 milhões de euros – o melhor parece ter de aguentar
com as contrariedades, adiar os problemas e, particularmente, fazer de conta
que as coisas se vão resolver sem nada para isso se intentar.
= Quem assim nos trata…merecerá
governar?
Diante
destes episódios – a jaez das pessoas mostra-se nas dificuldades, sobretudo nos
momentos inesperados – fica-nos uma certa sensação de que estamos a ser
governados por pessoas que não prezam os demais, pois poderiam, ao menos
reconhecer os erros, e deixarem alguma esperança de que, no futuro, as questões
de cheias e enxurradas terão outra solução… Não querem prometer o que não
podem, mas não podem disfarçar a incompetência com ataques e dissimulações de
que tudo parece estar mais ou menos bem… até ver!
No
quadro político atual, vemos que há autarcas com aspirações a serem governantes
da Nação. Mas será que, com as provas dadas nas autarquias, poderão ser de
confiança e ter competência para onde se candidatam? Quem deixa um lugar (autarquia
ou outro) endividado e não cumpre as responsabilidades que assumiu será de ser
levado a sério, agora e/ou no futuro? Serão as cheias e enxurradas algo de
prospetivo e simbólico do futuro próximo do nosso país?
Nada nem
ninguém me influencia para contestar quem se perfila para se tornar governante
neste país, mas há fatos e personagens que deixam muito a desejar, tanto no presente
como em relação ao futuro… Este sim preocupa-me, pois não vislumbro quem seja
capaz de servir os outros, mas parece que intentam tornar-se poder a todo o
custo… mesmo que tenham de destronar outros à força e, sei lá, sem convicção
que não seja o poder pelo poder!
Efetivamente
as chuvas deste verão, continuadas pelo outono, vieram denunciar que no
subterrâneo do nosso ‘eu coletivo’ há feridas que ainda não cicatrizaram. De
fato, por diversas vezes temos assistido ao desenterrar de fantasmas que
julgávamos já desaparecidos, bem como pensávamos que certas figuras já tinham
percebido que o seu tempo da validade tinha expirado. Não tem sido isso que
vemos, antes pelo contrário, figuras de um passado a querermos esquecer surgem
nas primeiras filas do parlamento, na comunicação social e como mentores de uma
certa mudança, que mais não parece do que no regresso ao ‘dejá vu’!
- São
precisos novos atores na política portuguesa: gente que tenha valores de serviço
ético, mais do pretendam ser meros servidores de uma ética republicana, por
vezes ressabiada e tendencialmente anti-cristã.
- São
necessários homens e mulheres que tenham visão de esperança, com os pés bem
assentes na terra que conhecem, mas que apontam para um futuro de justiça, de
verdade e de bem comum.
- É
urgente que os mais novos vejam que a política não é a arte de mentir e de
promoção a bel-prazer, mas que é a ciência do serviço aos outros, sobretudo aos
mais desfavorecidos da sociedade… sempre e não só nos tempos de campanha
eleitoral.
Porque
Portugal tem futuro. Cremos e acreditamos que havemos de conseguir vencer as
cheias e as enxurradas sejam as climatéricas, sejam as de teor
político/partidário. Assim o consigamos concretizar votando naqueles/as que nos
mereçam mais respeito, confiança e credibilidade…
António
Sílvio Couto
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