De forma
recorrente o assunto volta à superfície: equiparar, de forma legislativa
(obrigatória), a participação de homens e mulheres – ou será antes de género à
masculina e ao feminino? – nas responsabilidades das empresas…para já só nas
públicas, seja através de quotas, seja na paridade entre ‘de género’ quem ocupa
tais lugares e funções.
Já
anteriormente, em 2006, foi legislado sobre as quotas nas listas concorrentes
aos órgãos autárquicos e do parlamento… ao menos na teoria. Os efeitos
pareceram ser mais de teor nebuloso do que com consequências reais.
Embora o
assunto seja de âmbito da União Europeia, por cá temos vindo a fazer alguns
esforços para colocar quotas, paridades, regulações…com sanções estipuladas por
incumprimento e pouco mais.
= Ora,
desde logo fazer da diferença uma agravante para que se tenha de nivelar o que
não gera competência, será um tanto ofensivo para quem possa ser beneficiado,
pois não ocupa o lugar ou a função por ser capaz, mas por ter este ou aquele
género… Por agora são as mulheres – usamos esta linguagem para ser mais direta
e assumidamente diferente – quem são elevadas na hierarquia do poder, mas
amanhã serão os homens – novamente usamos esta designação para que se perceba
de que estamos a falar – que poderão de ter de ser cotados em bolsa de
promoção…
De
facto, antes eram eles que estavam mais escolarizados ou mereciam mais
reconhecimento para ocuparem os lugares, desempenhar as tarefas ou
destacarem-se no tecido de poder. Mas, dado o benéfico crescimento da
escolarização – tanto na quantidade, quanto na qualidade – das mulheres, serão
eles a curto e médio prazos que passarão a exercer funções subalternizadas… e a
paridade terá de ser reivindicada por eles, embora com custo acrescido de já
não serem idênticas as armas usadas.
= Há
quem refira que tais questões da paridade ou das quotas são como que biombos
atrás dos quais se escondem problemas estruturais de desigualdade e de
discriminação. Isto diz-se do que está a acontecer atualmente, mas, pela mesma
lógica, daqui a breves anos, estaremos a falar do contrário em relação a quem
agora ocupa o poder e dele vai ser destronado certamente a contragosto… Por
isso, consideramos que a instrumentalização deste problema não se resolve com a
introdução de quotas nem com legislações, pois serão quase sempre os mesmos a
estarem nos lugares, podendo – como se vê nalgumas estruturas partidárias,
sindicais e associativas – não ser cortado o ciclo de poder, mudando só de
figuras, dado que as relações de parentesco ou de afinidades entrecruzam-se à
vista ou no verso da confeção…
= Será
quando se promover a competência que tais minudências passaram a ser
considerados problemas secundários. Seja homem ou mulher – ou usando a
designação que alguns preferem a atendendo ao género – o que importa é a
qualidade humana, intelectual, emocional, cultural, social e (mesmo) espiritual
da pessoa, pois se continuarmos a olhar para tais discrepâncias iremos criar
teses e antíteses que só servem para gerar conflitos reais ou fictícios…
É
verdade que nalguns sectores e organizações ainda falta um longo caminho a
fazer, mas, por outro lado, já se nota a diferença senão na prática ao menos na
formulação teórica de tantos outros que – por exemplo a meio do século passado
– eram demasiado machistas, conservadores, reacionários e fundamentalistas…
Algo tem vindo a ser feito!
À boa
maneira do tratamento que a Igreja católica costuma fazer de muitos dos
problemas que no seu seio se discutem, esta primeiro põe à prova e depois,
tacitamente, aprova… sem ruídos nem grandes espalhafatos. Quem ainda não viu
alguma mudança ou desconhece o que está a acontecer ou preferirá fixar-se no
seu preconceito…Claro que não são muitas as mudanças almejadas, mas muita coisa
mudou desde há sessenta anos com o Concílio Vaticano II.
= Somos essencialmente
pela competência de cada pessoa, use-se a vestimenta que se quiser ou
reclame-se da intenção que lhe convier… Quotas e paridades ofendem…e muito!
António
Sílvio Couto
Sem comentários:
Enviar um comentário