‘Por
ocasião da Jornada Mundial do Doente, podemos encontrar novo impulso a fim de
contribuir para a difusão duma cultura respeitadora da vida, da saúde e do meio
ambiente; encontrar um renovado impulso a fim de lutar pelo respeito da
integridade e dignidade das pessoas, inclusive mediante uma abordagem correta
das questões bioéticas, a tutela dos mais fracos e o cuidado pelo meio
ambiente’.
Este
pequeno excerto da mensagem do Papa Francisco para o 25.º dia mundial do
doente, que se celebra no próximo dia 11, põe-nos de atalaia para uma série de
temas que podem ofender a vida na sua condição de integridade e na sua
expressão de dignidade, tais como a eutanásia e suas sequelas, bem como outras
questões no atinente à vida na sua gestação.
A
mensagem papal tem particular referência para com as pessoas doentes e ainda os
intervenientes no processo de saúde, como os médicos e enfermeiros, as famílias
dos doentes e mesmo os voluntários.
= Quando
tanto de fala de saúde – como referia um responsável que foi da pastoral neste
sector, devemos preferir a abordagem do tema na linha positiva e não na
dimensão da doença, pois esta ‘é só’ a ausência daquela – no nosso país, não podemos
perder de vista a dimensão espiritual da pessoa e nem devemos reduzir o
problema – seja de aborto, de eutanásia ou outro – àquilo que atinge o âmbito biológico-físico,
pois, muitas vezes, este até está em crise por razões mais do foro
psicológico/espiritual…
= Sobre
aquilo que o Papa apelida de ‘cultura respeitadora da vida, da saúde e do meio
ambiente’ precisamos de ver e de viver a interligação entre estes fatores,
envolvendo-os e sendo envolvidos… perante essa outra cultura de morte, de
doença e mesmo de desarticulação com o meio ambiente… Esta visão holística faz
de cada um de nós um ser único e irrepetível, tanto para com Deus, como na sua prossecução
cultural. Com efeito, somos um todo e nada daquilo que nos acontece está fora
do alcance divino, podendo, muitas vezes, sermos mais ofensores da natureza e
do meio ambiente do que tentarmos construir a nossa vida numa harmonia que tem
algo de sagrado na leitura que fazemos da presença de Deus na própria natureza.
= A
temática abordada pelo Papa deve-nos fazer ainda refletir sobre a baixa ou
quase inexistente linguagem profética da nossa participação na dimensão
redentora com Cristo e em Cristo da nossa doença, em primeiro lugar, e da
consequente participação na educação da fé dos outros, levando-os a
oferecerem-se oblativamente pela conversão dos outros e mesmo pela reparação
para com Deus. Isso mesmo nos foi trazido pela mensagem de Nossa Senhora em
Fátima, tal como tinha já sido iniciado pela ação do Anjo junto dos pastorinhos…pois,
‘de tudo o que puderdes, oferecei em sacrifício em ato de reparação’…
= Num
tempo tão mergulhado no imediatismo e no hedonismo, precisamos de saber
hierarquizar o essencial e relativizar o urgente, procurando que, em cada
momento, vamos entendendo o que Deus nos quer dizer, mesmo que envolvido em
mistério e sorvendo as lágrimas da dor…Não basta continuarmos a dissimular as
fragilidades, será sempre preciso viver num discernimento daquilo que é
resultado das nossas menos boas (ou más) opções e como Deus nos corrige, por
vezes numa busca continua e necessitada de ser continuada com a ajuda dos
outros que connosco caminham.
= A
celebração próxima do dia mundial do doente poderá ser aproveitada para que
seja facultada a vivência comunitária do sacramento da Unção dos doentes…Este
como momento de fé – sobretudo se vivido em contexto paroquial – poderá
constituir uma oportunidade de limparmos certas teias de aranha religiosas e,
por que não, de preconceitos para com este dom do amor de Deus, feito compaixão
e misericórdia. Queira Deus que possamos renovar esta graça de Deus,
incluindo-a numa correta leitura e celebração da vida…
António Sílvio Couto
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