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quarta-feira, 17 de junho de 2015

Há momentos...em que as palavras não alcançam!


Por agora sinto a ecoar na minha mente essa canção: há momentos em que as palavras não alcançam aquilo que sinto...

Com este refrão a bailar como que rememoro tantos e tão variados aspetos que escapam à subtileza redutiva das palavras, sobretudo se ditas e/ou escritas... Nem mesmo as recordações das pessoas a quem estimamos ou de quem cuidamos atenuam a imprecisão de tudo e de quanto mais...se vivido na dor e no sofrimento psicológico ou moral.

= Quem não teve já na sua vida – particularmente na dimensão da idade em adulto – de refazer a direção do seu viver, respeitando as raízes mais profundas da sua opção fundamental?

Quem não se viu confrontado com episódios – mais ou menos significativos e envolventes – que fizeram mudar o rumo, sobretudo reforçando a opção mais essencial da vida?

Quem não encontrou, de forma simples e autêntica, pessoas que ajudaram a aprofundar, por uma maior radicalidade, o que andava à deriva nas preocupações do urgente e atrasando a vivência do essencial?

= Não adianta criticar o que está mal, se não formos capazes de mudarmos, a começar por nós mesmos. De facto, há muita gente que sabe fazer o diagnóstico daquilo que condena, mas com alguma dificuldade se compromete para que isso que denunciou se melhore a curto e médio prazo. Como se costuma dizer: somos bons a criticar e maus a cumprir...

= No elenco das prioridades de tantas pessoas está mais a exigência dos direitos – conquistados, assumidos ou adquiridos – do que a assunção dos deveres simples, verdadeiros e comprometidos. Na medida em que vamos aprendendo a viver com as nossas derrotas assim podemos viver novas conquistas, pois muitas destas são a superação daquelas, seja qual for a instância de vivência e de compreensão...

= Quando vemos de tantas e tão díspares formas de contactar e de viver com pessoas que nem sempre são lógicas entre aquilo que dizem e o que fazem, com aquilo que dizem crer e com o que tentam celebrar, com as ideias e com a prática...como que temos de repensar sobre nós mesmos e de inquirir se vivemos daquele modo que julgamos, se não somos capazes de nos corrigirmos, se temos a suficiente inteligência de nos revermos com salutar ousadia e necessária coerência...

= Num tempo tão superficial como é aquele em que vivemos – onde o revestimento do embrulho vale mais do que o conteúdo – será preciso ser muito honesto mental e espiritualmente para que sejamos pessoas que vivem numa unidade de vida assumida e autêntica, aceitando-se como se é e deixando corrigir os seus erros e lacunas, sem se fascinar pela execução mais ou menos bem conseguida das suas qualidades, dons e virtudes... Estas vertentes são tanto mais válidas quanto aquelas nos ajudam a sermos pessoas de corpo inteiro e de alma perdoada, curada e lavada em Deus e por Deus.

= Bastará atender, neste mês dos ‘santos populares’ (Santo António, São João e São Pedro), às vertentes com que tanta gente se diverte à custa daqueles que são nossos modelos de caminhada de fé em Igreja para percebermos que muitos usufruem das banalidades dos ‘santos populares’ e ignoram os desafios que eles colocam à nossa vida cristã, cívica e social... Nem tudo vale, mas quase tudo deve levar-nos a sermos homens e mulheres deste tempo com os pés bem assentes na terra e o olhar levantado em razão do horizonte onde aqueles ‘santos populares’ já estão glorificados e nos atraem a viver a nossa fé pela esperança na caridade, traduzida em gestos e sinais de vida...

Palavras só as essenciais, desde que sejam tão-somente para explicar o que vivemos!

 

António Sílvio Couto

3 comentários:

  1. texto muito bonito e profundo. é bom reconhecê-lo.

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  2. O padre silvio quando diz # Não adianta criticar o que está mal, se não formos capazes de mudarmos, a começar por nós mesmos #

    tem toda a razão. há gente que se diz muito cristã mas na realidade não consegue vivênciar esta realidade.

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    1. Chega-se a um ponto de que através das críticas possa surgir algum efeito positivo em cada um de nós.. É preciso estar dentro do contexto da fé e do evangelho para compreender que está errado através das críticas.

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